Dragões faz melhor desfile de sua história, inova e levanta o Anhembi

“Dragões canta Asa Branca”.

Inspirada num clássico da música popular brasileira, de Luiz Gonzaga, a escola de samba Dragões da Real foi a quarta a desfilar no Sambódromo do Anhembi na madrugada deste domingo (26), em São Paulo. Inovadora em seu visual, levantou o público e fez o melhor desfile de sua história. Clique aqui para ver as fotos do desfile.

Anderson Rodrigues e sua trupe, vencedores do Prêmio SRzd Carnaval SP 2016, abriram a apresentação com coreografia retratando o sofrimento do migrante, com o tema: “A luta de um povo sofrido”.

Reconhecido como um dos melhores no segmento, Rodrigues desenvolveu o projeto tricolor em paralelo com seu trabalho na carioca Unidos do Viradouro.

Valendo-se de um tripé, representando a caatinga, o elenco deu show, em encenação rica em elementos cênicos, marca do artista em seus números.

Rubens de Castro e sua jovem dama

Após a saída de Lyssandra Grooters, agora na coirmã X-9 Paulistana, Rubens de Castro dançou com uma nova parceira. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Dragões marcou a estreia da jovem Evelyn Silva.

A dupla representou a “raiz sertaneja”, e com figurino original em tons de palha e preto, conduziu com precisão o pavilhão tricolor.

Nova voz, em busca do novo

Tradicionalmente apostando na manutenção dos profissionais de seu time, a diretoria tricolor ousou para 2017, e mexeu algumas peças importantes. Uma das novidades do elenco estava no comando do carro de som. Após longa jornada na coirmã Tom Maior, René Sobral chegou para o lugar de Daniel Collete.

O já reconhecido talento, que o coloca entre os grandes na arte de interpretar sambas de enredo, cresceu na nova casa. O encontro funcionou e foi bom, para a escola e para o cantor. O sucesso dessa parceria já havia sido notado na temporada de pré-Carnaval.

Contribuiu para o projeto da Dragões neste ano, quando optou por mudar a linha temática de seus enredos, o tema deste ano, que casou perfeitamente com o estilo de Sobral.

Foi dele a missão de conduzir a obra assinada Thiago SP, Turko, Leo, R. Malva, Rodrigo Atração, Renne Campos, Alemão da Ilha, Paulinho Miranda e Tigrão. Considerada uma das melhores do repertório da agremiação, colocou o povo para dançar, embalado por uma gostosa melodia, com destaque para o final da segunda do samba:

“Espero do céu, o relampejar
A chuva cair, o pranto secar
Seus olhos hão de refletir
O renascer da plantação
Não chore não, viu
Que eu vortarei, viu”

Segurança no ritmo

A bateria de mestre Tornado apostou na sustentação do ritmo, buscando outra performance sob os olhos dos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo que, em 2016, lhe deram apenas uma nota máxima.

Representados por sua rainha, Simone Sampaio, os ritmistas, assim como a musa, encarnaram vaqueiros estampados em seus respectivos figurinos.

A “Ritmo que Incendeia” foi conservadora, arriscou poucos breques, e quando o fez, foi ousada, executando bossa extremamente complexa no encaixe da melodia, e que levou o público ao delírio.

Uma outra cara em busca do título inédito

Ao escolher o tema deste ano, a Dragões da Real optou pelo novo.

Ao sentir que estava ficando rotulada por trazer enredos considerados um tanto “inocentes” para levar o título, apostou no tempero nordestino para voar ainda mais alto.

Além disso, a comissão de Carnaval formada por Dione Leite, Jorge Silveira, Rogério Félix e Márcio Gonçalves, este último fazendo sua estreia na escola, enfrentou outro desafio. Superar os dois décimos perdidos em enredo e o meio ponto perdido em fantasia, no concurso de 2016. Pontos perdidos que foram decisivos para que ela ficasse de fora do desfile das campeãs, algo que não acontecia desde 2012.

O desenvolvimento visual do enredo foi inspirado em trechos da canção do “Rei do Baião”. Começando pela seca, pela falta de água, passando pelo cenário desolador que inviabiliza a vida e o sustento das famílias. Em seguida, o momento da partida do migrante, em busca de uma vida melhor em outras regiões do país.

No setor três, a riqueza cultural, nas suas mais diferentes faces, antecedeu o segmento que contou a força de trabalho do nordestino e sua capacidade de construir, além de influenciar outros hábitos com seus costumes. O encerramento foi marcado pelo ápice da alegria, marcando a volta para a terra natal, depois de uma vida de trabalho e luta.

Sem perder o fino acabamento e a qualidade na concepção e execução de suas alegorias e fantasias, marca da escola, o que se viu foi o uso de outros tipos de materiais e um pouco mais de originalidade, como por exemplo, nos figurinos vestidos pela ala das baianas, retratando a morte do gado pela ação da seca.

Dragões alia técnica com emoção e sai ovacionada da pista

Um final apoteótico. Assim foi o término do desfile da Dragões.

Celebrada por carros extremamente bem executados, inovadores e recheados de encenações e nova ideias, assim como seus figurinos, ainda conseguiu levantar as arquibancadas do Anhembi, estabelecendo inédita comunicação com o público, que embarcou no melhor Carnaval da jovem vida da vermelha, preta e branca.

De olho no relógio!

A Dragões da Real encerrou seu desfile com 1h03

Assista às entrevistas gravadas após o desfile

Confira no gráfico as classificações da escola nos últimos dez Carnavais

Prêmio SRzd Carnaval SP 2017

Na noite desta segunda-feira (27), na página da editoria de Carnaval do SRzd em São Paulo, será divulgado o resultado oficial desta edição do prêmio. A votação estará disponível após o encerramento do desfile da última escola do Grupo Especial.

Agora é com você leitor! O SRzd quer saber a sua opinião. Vote e participe!

Comente também no espaço abaixo destinado aos comentários.

A apuração das notas atribuídas pelos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo acontece nesta terça-feira (28), com transmissão ao vivo da Rádio SRzd.

Comentários

 




    gl