Divulgada a primeira sinopse do Grupo Especial 2018

Texto. Foto: Ilustrativa

A primeira sinopse de enredo do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo 2018 saiu do forno.

Trata-se do texto que narra o desenvolvimento do tema: “O Brasil de duas Imperatrizes: De Viena para o novo mundo Carolina Josefa Leopoldina; de Ramos, Imperatriz Leopoldinense”, aposta da Tom Maior para o desfile do próximo ano.

Antes de ler, ouça a recente entrevista concedida pelo carnavalesco Claudio Cebola ao programa “No Mundo do Samba”, veiculado pela Rádio Trianon AM 740 com retransmissão do portal SRzd. Nela, Cebola fez um amplo apanhado da história que pretende mostrar na Avenida. Ouça clicando no player abaixo:

Leia a sinopse completa do enredo 2018 da Tom Maior

“Meu adorado povo,

Duzentos anos se passaram desde que, a bordo da imponente Nau D. João VI, atravessei as intensas ondas do oceano atlântico com destino ao novo mundo, selando definitivamente a minha vida e minha trajetória.

Na lembrança, os sons dos violinos que ainda ecoavam pelos salões dourados do palácio de Viena, embalando os festejos da suntuosa cerimônia de casamento gentilmente organizada por Marialva, o Marquês enviado do Rei, que nos impressionou diante de tanto luxo e riqueza. Eu, filha do Imperador Francisco I da Áustria, herdeira da mais tradicional Casa Real da Europa e Pedro de Alcântara, o príncipe sucessor do trono de Portugal, Brasil e Algarves, unidos por procuração promovendo o que seria uma esperançosa aliança ente nossos países.

Não conseguia esconder minha excitação e ansiedade para encontrar a exuberante natureza tropical, seu povo e seus nativos, que foram-me apresentados em pinturas, tapeçarias e livros, configurando um verdadeiro eldorado. A ciência sempre fora minha paixão! Animais, flores e minerais, constituíram durante muitos anos as minhas principais fontes de pesquisas e estudos.

Sob a salva de tiros de canhões anunciaram minha chegada nas águas guanabarinas, emocionando-me no desembarque diante de majestosa e deslumbrante paisagem.

“Chega Sua Alteza Real, a Sereníssima Senhora Princesa do Reino”, anunciaram-me altivamente ao meu amado D. Pedro, à sua família e a toda nobreza presente.

A cidade repleta de ornamentos e flores originou um colorido muito especial, tudo cuidadosamente planejado pelo traço francês do grande artista Jean-Baptiste Debret transbordando- me de encanto.

“Nem pena, nem pincel podem descrever a impressão que o paradisíaco Brasil causa em qualquer estrangeiro”, disse a Pedro, meu esposo. Já me vejo apaixonada por esse chão que escolhi para ser minha pátria.

Meus filhos, minha família e, principalmente, o fascínio demonstrado por essa gente encantadora foram minhas maiores conquistas, enchendo-me de altivez e plenitude, revelando a cada dia que aqui seria minha eterna morada.

Com o retorno de meu sogro, o Rei Dom João VI para Portugal, os laços que uniam os dois reinos tornaram-se insustentáveis.

Eram constantes as tentativas de revoluções e levantes nas mais diversas províncias, tendo na argúcia de Pedro a solução para a união política e social de nossa terra, evidenciando que não tardaria o tempo em que nos tornaríamos livres.

Tive a glória de ser a primeira mulher a governar este País, tendo em vista que na ausência do Príncipe Regente, sobre os meus ombros recaía honrada responsabilidade. E foi assim, que na manhã do segundo dia do mês de setembro do ano de 1822, presidindo a reunião do Conselho de Estado, assinei o decreto que nos tornava Independente, enviando-o a Pedro, junto à carta que o conclamava a sancionar minha importante resolução: “O pomo de maduro…colha-o, se não apodrece”.

Assim, no romper da aurora do dia sete de setembro, às margens do rio Ipiranga ouviu-se o brado de Independência ou Morte. Na força da espada e na sutileza da pena, a história se escrevia. Roguei a Deus para que fosse feita a Sua vontade, eu que já me sentia brasileira de coração me tornava por direito, embalando um novo Brasil em meus braços coberto com o sagrado manto verde e amarelo.

A sombra da traição pairou sobre minh’alma sucumbindo minhas forças e forjando o meu amor em dor e sofrimento, contudo, tornei-me exemplo de honra e caridade no canto de lamentação dos negros e dos pobres entoado em minha partida: “Ôoo o que será de nós? Nossa doce mãezinha partiu”.

A História me fez imortal escrevendo meu nome em todos os recantos do meu amado país, rendendo-me grandes homenagens como a grande mãe desse sublime torrão. No carnaval, nossa maior expressão cultural popular, me tornei a representante mais nobre, a senhora soberana que ostenta nos trilhos que cruzam o Subúrbio de Ramos, onde o Samba é Raiz e Raiz é história, o brasão real de ritmo e poesia, encarnado no brio de seus bambas e baluartes e eternizado em seus cortejos com requinte e criatividade.

A consagrada coroa Leopoldinense reluz na respeitada pauta musical paulistana provando em Tom Maior que o samba não tem fronteiras, é o fruto legítimo de todo esse povo que carrega nas veias o orgulho de ser brasileiro. Hoje nosso sonho de ser campeão…vem de lá! Sou Imperatriz”.

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