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Dez anos de saudade; ‘Ave Maria Gilsa Gomes dos Santos’

Maria Gilsa. Foto: Carlos Rincon

Ednei Mariano está em sua quarta temporada no portal SRzd trazendo sempre o universo da arte da dança dos casais de mestre-sala e porta-bandeira.

As publicações são semanais, sempre às sextas-feiras, na página principal da editoria do Carnaval de São Paulo. Leia, comente e compartilhe!

Dez anos sem Maria Gilsa, uma ‘Deusa da Passarela’

Maio é, na Sociedade Rosas de Ouro, o reencontro dos componentes após o Carnaval.

É uma tradição implantada pelo eterno presidente Eduardo Basílio e que continua na atual gestão de Angelina, sua filha.

Uma noite de festa, onde a confraternização e os comentários do sucesso ou dos problemas do desfile que passou, vêm à tona.

Sempre num clima favorável, geralmente é apresentado o enredo para o ano seguinte, onde os casais, já com saudades da dança, capricham no vestuário e chegam fortalecidos para o congraçamento da comunidade da Freguesia.

Voltando ao ano de 2008, um Carnaval que foi especial para Maria Gilsa Gomes dos Santos, chamada de “Deusa” com carinho por seu último mestre-sala nesta sua valorosa encarnação.

Negra, de alta estatura, baiana de Ipiaú, que mesmo depois de muitos anos em Sampa, não perdeu o sotaque nordestino. E as mãos de fada na cozinha? Quantas qualidades, quanta saudade…

Enfim, naquela noite vestiu seu lindo traje azul, um toque especial no cabelo, boa maquiagem e seu batom indispensável. Entrou iluminada no terreiro azul e rosa, radiante, porque a dança era o alimento de sua alma.

Querida, amada e respeitada, ia abrindo caminhos, entre afagos, beijos e apertos de mão, até o porta-pavilhão, para saudar o símbolo maior da entidade que tanto amou.

Uma caminhada límpida, espalhando a beleza de sua negritude.

Não era mais a primeira-dama da escola, mas soberana pelo seus feitos quando ostentou o símbolo máximo, angariou prestígio e crédito com esta massa exigente.

Na Avenida, agora com o pavilhão dourado de honra, veio para um desfile memorável com seu protetor, e tendo a honra de ser apresentada na pista do Anhembi por Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro. Maria Gilsa, com todo seu carisma e esplendor, avança sob aplausos desfraldando o pavilhão dourado. Sorriso largo, coração pulsante, estava ela exalando o perfume da felicidade. Dançou muito, ovacionada calorosamente.

Em 1973, foi defender pela primeira vez um pavilhão; o da extinta Primeira do Itaim Paulista. Era crooner do Grupo Cultura do Samba, amou e foi amada por um baluarte do samba nacional; Raimundo Pereira, o nosso Mercadoria, e deste amor nasceram duas árvores frondosas; Adriana Gomes, uma das principais porta-bandeiras da cidade, e Renato Fuskão, profundo conhecedor de ritmo e de bateria.

Embalados pelo encanto da dança, voltemos à noite de maio. Que termina…

O inverno chega, e com ele nossa dama se deita. Fica seis meses em preparo para sua viagem ao plano maior.

Seu legado vive entre nós e em muitos que ela formou como instrutora e vice-presidente da Amespbeesp.

Em nós grita e ao mesmo tempo cala fundo o seu jeito simples e competente de ser.

Ave Maria Gilsa Gomes dos Santos!

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