Bom humor e história: conheça a sinopse do enredo da X-9 Paulistana

Pavilhão da X-9 Paulistana. Foto: Reprodução

Pavilhão da X-9 Paulistana. Foto: Reprodução

De volta ao Grupo Especial do Carnaval paulistano, a escola de samba X-9 Paulistana vai cantar no sambódromo do Anhembi o enredo: “A voz do samba é a voz de Deus – depois da tempestade, vem a bonança”.

O tema, recheado de elementos históricos e de muito bom humor, terá o desenvolvimento do carnavalesco Amarildo de Mello, contratado para esta temporada. Confira o detalhamento da ideia e a sinopse completa do projeto xisnoveano:

Argumento do enredo

As palavras têm poder, cada som, cada silaba, cada letra é uma vibração que ao falarmos estamos soltando ao ar. As ondas repercutem nos campos sutis das pessoas que as ouvem. No caso das expressões idiomáticas, a junção de várias palavras resultante numa frase ou expressão, contem, em seu contexto, ensinamentos, significados, exemplos morais, filosóficos e religiosos que maximizam o poder da dita palavra pela intenção preceitual e ao mesmo tempo por ser verbalizada em conjunto.

Um próprio ditado já diz tudo: “Ditados velhos são evangelhos”. Os provérbios, ditos populares e adágios refletem e imprimem a cultura de um povo, a sua forma de viver e pensar. Eles traduzem um enorme conhecimento de situações, de tempo, de registros históricos e fatos populares aprendidos ao longo de muitas gerações. Dessa forma essas expressões são na realidade parte de um povo, refletindo a imaginação e o imaginário de uma nação e quiçá da humanidade. “Vox Populi! Vox Dei! ”

Tamanha qualidade dessa temática contida em seu conteúdo histórico, literário e iconográfico nos permite, inúmeras possibilidades e elementos diversos facultando a realização para o desenvolvimento de um grande enredo carnavalesco. Desta forma: cientes e compromissados com a preservação e memória de toda e qualquer manifestação seja ela cultural, política ou social, iremos enveredar pelo reino dessa rica cultura oral, transformando-a em enredo do G.R.C.E.S. X-9 PAULISTANA para o carnaval de 2018.

Cumprindo assim, o papel primaz de divulgação, resgate e preservação, dos fatos e acontecimentos do cotidiano da história; verdadeira função e tradição de uma escola de samba.

Ideia do enredo

A ideia do enredo está ancorada nas expressões idiomáticas traduzidas na forma de provérbios, ditos, locuções populares e adágios que permeiam o cotidiano da humanidade desde os primórdios da propagação da fala e da comunicação. As expressões idiomáticas são frases e expressões que transmitem conhecimentos comuns sobre a vida. Muitos deles foram criados na antiguidade, porém estão relacionados a aspectos universais da vida, por isso são utilizados até os dias atuais. É muito comum ouvirmos frases em situações do cotidiano. Quem nunca ouviu, ao fazer algo rapidamente, que “a pressa é a inimiga da perfeição”.

A maioria dessas expressões é de criação anônima. São composições fáceis de decorar e transmitir em função de seu formato simples, curto e direto. Falam sobre diversos assuntos e fazem parte da cultura popular da humanidade. Encontramos essas locuções para praticamente todas as situações de vida. Fazem sucesso, e permanecem no ideário popular por possuírem em seu contexto e construção significativo sentido lógico.

Baseados na riqueza dessa seara de conhecimentos, fatos e elementos históricos-literários nasce o enredo do G.R.C.E.S. X-9 PAULISTANA a ser apresentado no carnaval de 2018.

Breve Histórico

A origem dos provérbios, e ditos populares perde-se na noite dos tempos. Em sua maioria de criação anônima, foram porem registrados por diversos povos da antiguidade. Há provérbios egípcios anterior a 2.500 a.C. Na China e na Índia antiga eles serviam para ocultar preceitos morais e transmitir ideais filosóficas. A Grécia antiga é responsável pela divulgação de numerosos provérbios. Entre os povos latinos, discípulos e continuadores dos gregos são também vários os escritos e escritores que consignaram e os empregaram e que foram levados ou interpretados para questões cotidianas. Já no antigo testamento (em especial o livro dos provérbios e o evangelho) constituem considerável repositório de máximas de cunho moral e religioso.

A essas três ricas fontes da antiguidade, geradoras ou transmissoras de provérbios devemos ainda levar em consideração inúmeras expressões proverbiais ou ditos populares surgidos na idade média, no renascimento e nos séculos seguintes. Hoje, a luz do terceiro milênio, os provérbios, “ditados” e ditos populares continuam a ganhar vida em várias partes do mundo, inclusive a cada dia surgindo novas locuções em acompanhamento com os fatos sociais, políticos e culturais da evolução da humanidade.

Podendo ser considerados como uma das formas de registro histórico da humanidade. No Brasil, terra de um povo alegre, debochado e malicioso, claro que tais locuções caem como uma dádiva. E na relação e no diálogo do dia a dia, eles estão presentes em nossas piadas, ou mesmo para exprimir de forma metafórica um pensamento, um preceito, uma advertência, um conselho ou “tirar um sarro com a cara do outro”.

Sinopse do enredo

“DITADOS VELHOS SÃO EVANGELHOS” – O Sopro Divinal – A palavra, o Verbo e a Voz.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. ”

E Deus fez o homem…

O homem sem ter recebido o sopro da vida não poderia existir, ou não passaria apenas de uma escultura esculpida pelas mãos de Deus. Ele deu vida ao homem, e esse sopro pode ser considerado o sopro da existência. O Sopro Divinal! Dentre várias habilidades e sentidos concedidos, deu a VOZ, o poder de falar e se expressar. E da palavra fez-se o verbo e do verbo e da palavra, a comunicação.

Milênios se passaram…

E hoje imersa em profusão de luzes, brilho e lirismo, Anjos Divinais e Celestiais ao alardear de suas trombetas anunciam que a X-9 Paulistana, “tá na boca do povo”. E numa explosão de alegria e passeando pelo reino das palavras vai mostrar o seu carnaval.

Folheando os dicionários da história. Traremos para esse cenário de bambas palavras sagradas dos religiosos, de sábios, de profetas, e do homem comum que ao longo da história universal construíram uma bela coleção dessas frases e locuções imortais. “Quem canta seus males espanta” e entrando “com o pé direito na avenida”, vamos presentar uma fábula carnavalesca que é “de arrepiar” Vamos falar de provérbios de ditos e expressões populares.

“Como manda o figurino”, “ditados velhos são evangelhos” e das escrituras sagradas exemplos dessas locuções em nosso espetáculo não vai faltar.

Então…

De posse desse conhecimento, irmãos, cuidado para não “chutar o pau da barraca”, nem agirmos como “espírito de porco”, por mais que ser cristão pareça difícil, estejamos certos das promessas de que “os últimos serão os primeiros”, “quem planta, colhe” e “quem dá aos pobres empresta a Deus”.

Não fique “pensando na morte da bezerra”, ao invés disso “imita a formiga, viverás sem fadiga”, dando “a César, o que é de César”, sem “atirar a primeira pedra” em quem quer que seja, porque “quem com ferro fere, com ferro será ferido”. Quem usa a lei “olho por olho, dente por dente”, tende a penar na “rua da amargura”, ou ir para “onde judas perdeu as botas”. Lembremos que “o fruto proibido é o mais apetecido” e não saia por aí fazendo coisas “do arco da velha” dando a desculpa de que a “carne é fraca”.

Siga com grande fé e perseverança, e desta forma seremos mais do que vencedores. A sabedoria clama lá fora e pelas ruas levanta a sua voz. X-9 deixou o seu recado… Agora: “lavo as minhas mãos”

“AGRADANDO A GREGOS E TROIANOS” – Da Antiguidade a Idade média.

Vamos fazer um carnaval de “tirar o chapéu”, com bom gosto, luxo, beleza e sutileza, porém muito criativo, nada que vá “custar os olhos da cara”. Tão belo que é de se “comer com olhos”. Mas não será nenhum “bicho de 7 cabeças”. É tudo inspirado no que o povo diz e conhece na literatura popular cotidiana.

Em nossa passagem queremos ser adorados e sacralizados como um “elefante branco”. Se tanta beleza for incomodo aos seus olhos, é pura inveja! E trate de “vestir a carapuça”. Com certeza tens “culpa no cartório”, e por isso eu “não ponho a mão no fogo” para quem sempre é “o pomo da discórdia”. E para pessoas assim. Sou de “estilo lacônico” e de presente vos entrego “uma caixa de pandora”. Pois inveja e avareza não combina com nossa humildade, afinal: “Quem tem olho grande não entra na China”

“TUDO COMO DANTES NO QUARTEL DE ABRANTES” – Ditados coroados. Dos Impérios, Reinos e Reinados. De lá para cá, de cá para lá e de além-mar”.

Somos sambistas, gente de bamba! E nossa escola não tem “Vira casaca” e nem somos “feitos nas coxas”. Venha se divertir e sorrir no Império e Reinado da folia…Você sempre será bem- vindo ao nosso Império e Reinado. Mas, se falar mal da gente “porta da rua serventia da casa”.

E reforçamos nosso convite… vem para a X-9 sambar! E não vale recusar… Até por que: “quem não pode com mandiga não carrega patuá”.

Isso aqui não é festa “de meia tigela” É coisa de Rei, de Rainha, de Imperador e Imperatriz. E nessa corte imaginária, o bonachão D. João virou Rei Momo, e até “Maria vai com as outras” veio desfilar. Aqui é a corte da alegria. Onde tudo continua como “dantes no Quartel de Abrantes”. É samba é folia é magia…

A Rainha de Nápoles tudo mandou liberar… E no fulgor dessa balburdia “na casa de mãe Joana” queremos mais é se esbaldar. Estamos felizes mesmo… E “o pior cego é aquele que não quer ver”. Se não gostou, e sente-se incomodado, só peço que não me ofendas, pois então: te deixarei a “ver navios” e vai “dar com os burros n’agua” e ainda carinhosamente te mandarei para o reinado do “Quinto dos Infernos”. “Ora pois, pois!

“QUEM CONTA UM CONTO AUMENTA UM PONTO – Brasilidades e ditados reinventados.

Como bons brasileiros, temos o traço da malicia, do deboche e do humor. E como Xisnovianos apaixonados por nosso pavilhão, vamos fazer um carnaval de arrebentar!

Pode esperar. E vai logo “tirando o cavalo da chuva”, pois a “cobra vai fumar”. Vamos “tirar o coelho da cartola” e deixar a plateia se impressionar. Até sabemos que os “amigos da onça” nosso desfile pode até desdenhar. Mas fiquem tranquilos, um “gol de placa” vamos marcar. Nosso desfile com certeza vai muito agradar, e em “pizza não vai acabar”. Dinheiro vamos precisar, afinal nada aqui é “a preço de banana”… E daremos um jeitinho de tudo se concretizar. “Quem não tem cão caça com gato”, ou ao certo “Quem não tem cão caça como gato!”

Carnaval é ilusão! “Nem tudo que reluz é ouro, nem tudo que brilha é prata!” Carnaval é união! “E uma andorinha só não faz verão!” Vamos andar e correr atrás de nossos anseios e objetivos. “Cobra que não anda não engole sapo”” e “Quem tem boca vai a Roma” ou ao pé da letra “Quem tem boca vaia Roma!” Quando se fala em alcançar metas em nossa escola todos comungam do mesmo pensamento, “Cuspido escarrado” um ao outro. Em verdade “Esculpido em carraro. Vou até parar de falar… Tô ficando da “cor de burro quando foge” Epa: ”Corra de burro quando foge”, Vou até parar de falar: Não vou “dá o pulo do gato”, pois “o peixe morre pela boca”.

“CARNAVAL ACABOU O ANO COMEÇOU” – Depois da tempestade vem a bonança!

Evoé Momo! Evoé Liberdade! Quanta alegria! Quanta felicidade!

“Não me leve a mal é carnaval! ” Vamos libertar o meu e o seu jeito de ser. Me dê espaço para nesse baile carnavalesco meu amor pela X-9 você entender. Ao som de minha bateria. Meu coração eleva a pulsação! Quanta emoção…

Nessa folia vou de mãos dadas com a felicidade… “Cada um no seu papel”… De minha parte farei tudo para essa plateia agradar. “Com o diabo no corpo” e como “pinto no lixo” nesta festança mostrarei quem eu sou. “Vamos sacudir a poeira”. Tudo para ver o seu sorriso de prazer. Falta de respeito e abusos não quero nem saber. E vou “rodar a baiana” se isso acontecer. Hoje eu quero e ser feliz. Quero paz e prazer! Nessa avenida vou te enlouquecer! Até “água que passarinho não bebe” vou beber.

Esperei esse dia por quase um ano. Desde que o outro “carnaval acabou e ano começou”.

Tanto amor e paixão, merece respeito. E nem ouse falar de minha escola, X-9 amor do meu coração. A poderosa tricolor da Parada Inglesa. Que ostenta em seu pavilhão o branco da paz, o verde da esperança e o vermelho, cor do sangue que pulsa em nossas veias.

Sou Xisnoviano apaixonado mesmo… Da “pá virada”, da “língua afiada” e acredito que “o sol nasceu para todos”. E “Bem ou mal falem de mim, sou X-9 até o fim! ” “Depois da tempestade vem a bonança”. “Para bom entendedor meia palavra basta”. E “o bom cabrito não berra. ”

“De cabo a Rabo” verdadeiramente “Da cidade do Cabo na África do Sul a Rabat no Marrocos” Essa é nossa história a ser contada no Anhembi! Esse é o nosso enredo de 2018!

Uma história irreverente. Disso sabemos. Um achado! “Um negócio da China”, “Guardei a 7 chaves por muito tempo”. É uma história que traz muito conhecimento para todos. De rico conteúdo, que fala do povo e de suas maneiras de expressar, uma seara do universo literário – traduzidas na forma de ditos populares, adágios e provérbios. Preservando a memória oral de várias civilizações ao longo da humanidade.

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