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Aos sambistas, mais um novo pedido final

Obra de Heitor dos Prazeres. Foto: Acervo

A jornalista Aurora Seles traz mais um texto para os leitores do SRzd.

A coluna é publicada semanalmente, às terças-feiras, na página principal da editoria do Carnaval de São Paulo. Leia, comente e compartilhe!

Aos sambistas, mais um novo pedido final

A mitologia estuda os deuses e suas lendas de povos distantes, em seu tempo e espaço.

Na grega Apolo (deus da luz, poesia e música), Afrodite (deusa do amor e da beleza). Na africana, Xangô (deus do fogo, rio e trovão) e Iemanjá (divindade do mar). Trago essas referências mitológicas para comentar a respeito do corte de verba no Carnaval.

O homem, de modo singular, tem suas crenças, seus mitos, mas quando o assunto é voltado à massa, é necessário ter mais atenção.

O Carnaval é uma das maiores festas do Brasil que, além de gerar emprego, também contribui para o crescimento turístico. Nos últimos anos, em função da crise financeira, acompanhamos o desdobramento das escolas de samba por meio das economias criativas. A reciclagem foi um dos principais recursos.

Fato! A nação brasileira passa por um momento de dúvida – e histórico – em sua gestão política. Deve-se priorizar a educação e a saúde, pastas sempre esquecidas no comando dos parlamentares. Desta vez a cultura também entrou no rol. Sempre defendi o Carnaval como um evento que resgata parte da história em todos os continentes. E isso é uma maneira de informar, além de divertir. A ideia é acabar com tudo?

Acredito que estamos diante uma intolerância religiosa. E ao mesmo tempo, um desconhecimento de quem faz o Carnaval. Na própria Constituição Federal consta que estamos em um Estado laico, e essa democracia está presente nas escolas de samba. Evangélicos, católicos, candomblecistas, kardecistas, budistas e outras frentes religiosas. Todos estão lá, em um mesmo espaço.

E 1975, os compositores Edson Conceição (Salvador-BA) e Aloísio Silva (Rio de Janeiro-RJ), escreveram “Não deixe o samba morrer”. Essa obra foi gravada por Alcione e cantada por outros artistas, entre eles, Cássia Eller. Em 2002, pela gravadora Índie Records, Neguinho da Beija-Flor, Thobias da Vai-Vai e Eliana de Lima regravaram a composição no disco “Os melhores do ano III”. Vale recordar um pequeno trecho:

“Quando eu não puder pisar mais na avenida; Quando as minhas pernas não puderem aguentar; Levar meu corpo, junto com meu samba; O meu anel de bamba; Entrego a quem mereça usar… Antes de me despedir; Deixo ao sambista mais novo; O meu pedido final. Não deixe o samba morrer; Não deixe o samba acabar; O morro foi feito de samba; De Samba, pra gente sambar”.

Está na hora de os sambistas, todos, regravarem a canção e enviar como estudo (leia presente) para quem gosta de tirar a alegria do povo. Poderia ser um coral. Algo similar ao clip We Are The World (nós somos o mundo), canção idealizada e composta por Michael Jackson e Lionel Richie, em 1985, por 45 dos maiores nomes da música norte-americana, no projeto conhecido como USA for Africa. Aqui no Brasil chamaríamos de SOS Carnaval. Fica a ideia para os bambas.

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