Colocar o Anhembi na ‘chon’? Rosas de Ouro surpreende com enredo para 2019

Logo do enredo 2019 da Sociedade Rosas de Ouro. Foto: SRzd – Fábio Capeleti

A noite desta sexta-feira (8) revelou o décimo enredo do Grupo Especial paulistano para o Carnaval de 2019.

Foi a vez da Sociedade Rosas de Ouro anunciar o tema que vai levar para a Avenida em mais uma disputa na cidade, durante evento realizado em sua sede social no bairro da Freguesia do Ó, na Zona Norte paulistana.

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“Viva Hayastan”. Traduzido, Hayastan quer dizer Armênia, em armênio. Esse é o título da história a ser desenvolvida pelo carnavalesco André Machado e apresentada para o público e comunidade em sete atos, representados no terreiro azul e rosa, já na madrugada deste sábado.

Certamente, o tema desperta a lembrança de milhões de brasileiros ao recordar a personagem histórica interpretada pela atriz Aracy Balabanian. Dona Armênia brilhou na novela “A Rainha da Sucata”, em 1990, na TV Globo. Seus bordões tomaram conta do país, inclusive, o usado ao prometer colocar o prédio da rival, representada por Regina Duarte, “na chon”, ou seja, no chão e derrubá-lo.

Veja algumas fotos do evento

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Neste momento, faltam apenas quatro escolas, dentre as quatorze que integram a divisão principal divulgarem seus respectivos enredos; Acadêmicos do Tucuruvi, Águia de Ouro, Vai-Vai e Unidos de Vila Maria.

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Veja a logomarca do enredo

Hayastan

A Armênia é um país sem costa marítima localizado numa região montanhosa da Ásia, entre os mares Negro e Cáspio.

Foi república da extinta União Soviética, hoje, território Russo. Tornou-se um estado democrático com vasta e antiga herança histórica e cultural, sendo a primeira nação a adotar o cristianismo como religião.

Entre 1915 e 1923 sofreu, o que os historiadores consideram, o primeiro genocídio do século XX, imposto pelo Império Otomano e negado até hoje pela República da Turquia. As mortes são estimadas em 1,5 milhão de cidadãos e a deportação de outros milhões, fazendo seu povo espalhar-se pelo mundo, com descendentes na França, Estados Unidos, Argentina, Brasil e Líbano, principalmente.

André Machado e seu terceiro capítulo na roseira

Assim que chegou na Rosas de Ouro, declarou: “Realizo um sonho”.

André Machado, além de estar numa das mais tradicionais e respeitadas escolas de samba de São Paulo, se sentia em casa e feliz com o novo momento de sua carreira.

– Clique aqui para assistir a entrevista de André Machado sobre o enredo de 2019

Porém, o sonho não tem se mostrado tão cor de rosa assim. Logo na estreia, ele próprio não escondeu as dificuldades enfrentadas na execução do desfile de 2017, também observadas pelo público e pela crítica. Foram justamente os quesitos plásticos; alegoria e fantasia, os mais penalizados pelos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba.

Por outro lado, o “chão” da agremiação, por vezes rotulada como “técnica demais”, deu o recado na pista e, junto com o bom desempenho de outros segmentos, garantiu uma vaga entre as campeãs daquele concurso, um ano depois do pior resultado da escola em toda a sua história.

Em 2018, após voltar ao lugar onde está acostumada a figurar, parecia fortalecida e revigorada para mais uma disputa. André dizia-se animado com a oportunidade de mostrar sua arte e talento numa temporada mais calma de pré-Carnaval.

Mas, novamente, o percurso se apresentou tortuoso. Na Avenida, as dificuldades ficaram evidentes e a agremiação voltou para a parte de baixo da tabela, apontando os mesmos erros.

Apenas em três, dos nove quesitos, a roseira faturou a nota máxima; samba-enredo, harmonia e mestre-sala e porta-bandeira. Mesmo num ano em que, por determinação do manual do julgador, a penalização só deveria ser aplicada em caso de diversas incidências de erro, a Rosas de Ouro perdeu ponto nos outros seis itens.

+ veja no gráfico os décimos perdidos pela Rosas de Ouro em 2018

(por quesito)

Duas baixas importantes no elenco azul e rosa

Desde o encerramento do Carnaval deste ano, o silêncio foi a tônica na Sociedade Rosas de Ouro.

Enquanto a dança das cadeiras mexendo nas peças dos profissionais do segmento fervia, tudo quieto pelos lados da escola presidida por Angelina Basílio.

As poucas novidades surgiram vindas de dois nomes importantes da agremiação. O primeiro deles, João Roberto Dias.

Querido por sambistas de toda a cidade, inclusive das coirmãs, e tendo como uma de suas marcas a tranquilidade, tantos nos gestos, quanto na fala, deixou o comando do departamento de harmonia. O segundo, o mestre-sala Marquinhos.

Professor de dança popular de salão, foi muitas vezes campeão brasileiro na categoria de dança esportiva, em parceria com sua esposa, Larissa Costa. Juntos, participaram também de competições por toda a Europa. Tem formação em balé clássico, jazz e estudos sobre progressões folclóricas. Seu primeiro desafio como mestre-sala número um foi aos 18 anos, na Unidos de São Lucas, passou pela Império de Casa Verde, e foi por quatro anos o guardião principal da roseira, ao lado da porta-bandeira Isabel Casagrande.

A reportagem do SRzd apurou junto a diretoria da escola que a confirmação de todo o elenco, dos mais diferentes departamentos, só será efetivada posteriormente.

Os sinais do tempo para uma gigante paulistana

Assim que chegou ao Grupo Especial, nos anos setenta, a Sociedade Rosas de Ouro entrou rapidamente para o hall das grandes. Como se diz ultimamente: “Aquele pavilhão que você respeita”.

Diante das protagonistas daquele tempo, Camisa Verde e Branco, Vai-Vai e Nenê de Vila Matilde, se estabeleceu. Foi logo de cara bicampeã, em 1984. Ainda na década de oitenta, se destacou apresentando enredos e sambas históricos, que caíram no gosto popular. Tomou para si outra marca, a de cantar a capital paulista, sua cultura e sua gente, como ninguém.

Travou um  duelo particular com o “Trevo” da Barra Funda, com quem dividiu dois campeonatos, em 1990 e 1991, e foi tri, em 92. Ficou gigante. Além do ótimo desempenho nos concursos, tornou-se referência por ter a mais ampla e confortável quadra social da cidade, vendo seus ensaios entre os mais concorridos.

O tempo passou, o Carnaval mudou, e o concurso também. Surgiram novas forças para rivalizar e os títulos ficaram mais escassos, para todas. Neste milênio a Rosas de Ouro faturou apenas uma taça, em 2010, mas não deixou de ser protagonista.

Hoje, assim como em todo o segmento onde existe uma disputa, se reposiciona. Conhecida e respeitada pelo luxo, organização e gestão profissional, começa a ter consciência de que é preciso mais.

É notável a necessidade de um novo olhar, tanto em relação a estrutura, quanto a competitividade. A tradicional sede já não é mais vedete, uma vez que, nesse aspecto, muitas coirmãs avançaram em suas instalações e receptivo.

Para o concurso, tem buscado força na comunidade; comprometida, jovem e forjada, em boa parte, nos tempos do ex-carnavalesco Jorge Freitas. Claramente, procura uma nova feição, um novo estilo. A mais bela flor do Carnaval de São Paulo quer, e precisa, sorrir outra vez.

Veja mais fotos do evento

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Em 2018 a Sociedade Rosas de Ouro ficou com um modesto oitavo lugar ao apresentar o enredo; “Pelas estradas da vida, sonhos e aventuras de um herói brasileiro”, cantando a vida dos caminhoneiros do Brasil.

+ Relembre o desfile da Rosas de Ouro em 2018

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