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‘Agoniza mais não morre’; entrevista com Mauro Diniz

Mauro Diniz. Foto: Divulgação

Odirley Isidoro publica mais um texto em sua coluna no portal SRzd.

Natural de São Paulo, nasceu no bairro do Parque Peruche, na Zona Norte da cidade. Poeta, escritor, pesquisador e sambista. Ao longo de sua trajetória, foi ritmista das escolas de samba Unidos do Peruche e Morro da Casa Verde, além de ser um dos fundadores da Acadêmicos de São Paulo.

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‘Agoniza mais não morre’; entrevista com Mauro Diniz

Em uma pequena sala no segundo andar da sede do time de futebol Muleke Travesso, Vila Guarani, Zona Sul de São Paulo.

Ouço um diálogo solto e risadas leves, ao terminar de subir a escada venho de encontro com um senhor bem trajado, camisa social, voz calma e serena e a disposição de um garoto. Ao seu lado uma mulher com um vasto sorriso, belas tranças, blusa amarrada na cintura mostrando toda sua jovialidade.

Na sala, copos de água e um televisor que tinha seu som ofuscado pelo samba que era tocado do lado de fora. Dois sofás e materiais que acompanhavam os convidados especiais davam o toque final ao ambiente.

Naquele momento não tinha a maior dimensão de como reagir, em fração de segundos eles estariam juntos no palco soltando a voz, com o Projeto Remandiola. Anteriormente o espaço ficara por conta dos amigos da Guarani.

De forma rápida registramos este contato e batemos um papo, peço licença a Srta. Juliana Diniz após eternizar o momento com meu ídolo e trago para vocês: Mauro Diniz.

Como você enxerga este novo cenário do nosso Carnaval onde até o final dos anos 90 os artistas consagrados e grupos de pagode eram mais participativos nas escolas de samba e até nas eliminatórias e hoje não se demonstra tanto interesse?

“Olha na realidade o samba-enredo mudou muito, até o sentido da disputa hoje em dia. Ele é voltado mais ao dinheiro e isso modificou o interesse das pessoas, então existem hoje muitos que compõem em mais de 10 agremiações. No meu modo de ver isto perde um pouco da autenticidade. Eu por exemplo, na minha época eu escrevia somente para a Portela, a minha escola do coração, se eu fosse compor em outra escola eu não gostaria de ver um samba meu a não ser se fosse na Portela. Por isso me afastei eu não componho mais para as escolas eu prefiro ficar na plateia”.

Neste novo cenário musical no qual o samba perdeu o seu espaço, podemos confiar no retorno à mídia desta “paixão nacional”?

“O Nelson Sargento tem uma música que todo mundo conhece: “O samba agoniza mais não morre”. O samba foi sempre assim, tem seus altos e baixo, em uma época surgiu a lambada e o samba estava ali, o sertanejo e o samba estava ali. O samba na realidade está sempre vivo, é sempre atual e tem momentos que aflora mais na alma das pessoas, porém, atualmente a sociedade tem olhos para outros ritmos mas o samba permanece ali vivo e temos grandes nomes como meu pai Monarco, Zeca Pagodinho, Leci Brandão, Jorge Aragão, Moacyr Luz, Diogo Nogueira e tantos outros”.

Conte-nos como foi para este coração portelense a emoção de uma nova conquista?

“Na realidade eu posso dizer que nasci na quadra da Portela, vivi na portelinha, época do terreiro de chão batido e depois eu fui crescendo dentro da escola. Minhas raízes foram fincadas neste chão (risos). Eu desfilei durante muitos anos tocando cavaquinho e sempre senti uma emoção muito grande ao ver a águia passar em frente ao recuo da bateria e entrar a pista, meus olhos debruçavam em lágrimas, só que depois de um tempo essa emoção eu já não sentia mais, aí decidi abrir caminho para os novos talentos. Mas posso lhe dizer que a emoção ainda é muito grande, eu estava assistindo a apuração em casa fazendo um churrasco e a festa foi imensa após saber que nossa escola foi campeã. A alegria foi maior ainda, papai (Monarco) estava em casa ele que é um dos mais ferrenhos torcedores da escola sem sombra de dúvida, na minha opinião. Família reunida acompanhando a apuração nota a nota. Tudo bem que hoje eu não sou mais tão atuante na escola de samba, pois tomei caminhos diferentes por ser cristão mas eu continuo fazendo shows e trabalhos na quadra porem não frequento mais a escola assiduamente. Agora eu moro muito longe e impossibilita estar tão presente na escola tenho ficado mais com a família, com minhas netas, pois papai do céu nos delega algumas missões pra gente cumprir”.

E os trabalhos?

Atualmente eu produzi o DVD “Velha Guarda da Portela”, o trabalho do Casquinha (in Memorian) e o novo trabalho do papai (Monarco) intitulado “Monarco de todos os tempos” que será lançado em breve. E muitas outras novidades estão por vir!

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