Rosa Vermelha lança sinopse para o Carnaval Virtual 2017

Após o belo desfile em homenagem à carnavalesca Rosa Magalhães em 2016, a Rosa Vermelha vem para o Carnaval Virtual 2017 com grande mudança no rumo de seu enredo. Desenvolvido pelo carnavalesco Victor Farias, “Deusas da Pele de Fogo” abordará a cultura indígena. Mateus da Rosa, presidente da escola, está feliz com esse novo rumo. Segundo Mateus, “era desejo antigo da escola valorizar a cultura e a origem da agremiação, que surgiu a partir de um tema amazônico”.

 

Conheça agora o logo e a sinopse do enredo da Rosa Vermelha 2017 para o Grupo Especial do Carnaval Virtual

(texto de responsabilidade da agremiação)

 

 

Logo do enredo 2017 - Rosa Vermelha
Logo do enredo 2017 – Rosa Vermelha

 

DEUSAS DA PELE DE FOGO

Né ñe enhõ marikã teropëre

A’tiro de pokãti-mehatipã

Né ñe enhõ marikã teropëre

A’tiro de pokãti-mehatipã

(Trecho de cântico sagrado típico da cultura Tukano-Dessana)
Vozes roucas e bramidos marcavam uma derradeira cantiga milenar enquanto alaridos se ouviam na grande roda sob a cumeeira da Taba Tukano-Dessana, a morada geral dos filhos da criação. A flauta sagrada ressoava e os velhos xamãs pendiam em transe profundo anunciando o início de uma viagem metafísica ao tempo da criação. Os olhos se fecham e a escuridão do nada primordial assombra a com a lôbrega visão da velha avó do mundo e seu cachimbo de ervas criando-se a partir do nada e para o nada; de sua boca nascem fios de fumaça que vão dar origem ao ser animista de si mesma, Yebá bëló. Em sua lisérgica forma mastiga Ipadu e gera o mundo escuro e frio, também gera os trovões primordiais que regem a imaterialidade junto a Ëmëko Sulãn Palãmim para a criação das camadas do universo e o sistema solar. Então Yebá bëló semeia a terra com sementes de seus seios e cria os seres com vida que descem serpenteando pelos galhos da grande árvore ancestral para dominar o fogo, as armas, as folhas sagradas e os adornos divinos povoando a terra e louvando o elemento primordial de tudo; a força da mulher e a essência feminina.

Essência que se entrelaça nos mitos de mulheres que mimetizam-se na alma viva da natureza e trazem consigo a força vital da mata. O poder do sobrenatural lhes pertence, dominar o tempo, os elementos, os animais, folhas, bichos e a vida é a arte da força matriarcal que deixa o plano etéreo e encarna no corpo pintado de vermelho forte como fogo. Força que se enraíza no coração e na alma de cada mulher, de cada filha da terra que luta e que se mantêm altiva nas intempéries da selva. Mulheres que sempre foram o ventre que germina a semente de novas gerações e o seio que alimenta o futuro da tribo, a jovem, a guerreira ou anciã que carrega o fardo das almas do mundo; todas mulheres eternizadas na memória dos velhos que contam ao redor da fogueira o poder das verdadeiras deusas em pele cor de urucum.

As marcas da história também se registram nas margens dos rios quando o kariwa empunhando cruzes e espadas, exalando podridão e rum vociferavam rezas cristãs trazendo a febre terçã, trazendo a maledicência impregnada em suas vestes manchadas de pelo breu da alma europeia. As lembranças dessa história deixaram feridas no corpo e da alma da mulher indígena e negra que na concepção eurocêntrica eram sem alma, sem dores, sem história e muitos tornaram-se sem vida pela ponta da espada ou pela ponta do chicote na exploração forçada. Negros e indígenas idênticos na insubordinação e na luta pela liberdade; a revolta inflama o sangue das guerreiras que vão a luta, que se armam e vencem a mão que lhes segrega o corpo, mas nunca da alma! A alma indígena e africana são por essência irmanadas pela liberdade.

A resistência que gera o biótipo caboclo se deve fundamentalmente as mãos da mulher que trama seus fios de palha e linha entre sonhos e esperanças; se deve a força braçal que lida nas barrancas, nas matas e nas águas; a resistência cabocla corre no sangue da mulher da amazônia que mantêm dentro de si a fé. A fé que, independente da religião, se remete ao sentido de esperança e da emoção materna na figura das grandes mães de um povo. Mulheres que são mães pelas mãos que rezam, que banzem e que alimentam o coração e a alma sofrida do caboclo. Mãos que também fazem brotar as sutilezas da poesia, das flores que bordam estandartes, fitas e saias que balançam no ar levantando a poeira do chão de terra batida pelos pés de dança; mãos que fazem brotar o folclore alimentado pelo amor de mulheres fortes que marejam seus olhares ao se reconhecerem na mais pura imagem da transfiguração antropológica da caboclitude nas belas expressões artísticas amazônicas.

 

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