Wilson Moisés é o novo diretor de Carnaval da Rocinha: ‘Não me contento em botar fone no ouvido’

Wilson Moisés foi presidente da Vila Isabel entre 2006 e 2011. Foto: Reprodução/SRzd

Ele voltou. E o que se pode apurar na entrevista dada com exclusividade ao SRzd, com mais vontade de trabalhar do que nunca. Wilson Moisés é o novo diretor geral de Carnaval do Acadêmicos da Rocinha. Segundo ele, chega para fazer o que mais gosta, que é trabalhar em todo o processo de espetáculo de uma agremiação. “Eu não sou uma pessoa que se contenta em botar fone no ouvido. Eu gosto de fazer tudo, participar de todo o processo do Carnaval e trabalhar a escola de samba num todo”, revelou.

Wilson Vieira Alves, conhecido como ‘Moisés’, estava afastado da folia carioca desde 2014, quando deixou a superintendência de Carnaval da Vila Isabel para se dedicar à família. Depois de quatro anos, não conseguiu resistir ao convite do presidente Ronaldo Oliveira: “Após eu ter deixado a Vila, eu decidi dar mais atenção a minha filha. Mas como eu estou sempre com a Shayene (esposa) para todo lado, e ela é musa na Rocinha há cinco anos, o presidente resolveu me chamar”.

Moisés foi presidente da Vila Isabel de 2006 a 2011. De 2012 a 2014, trabalhou na escola durante a gestão de seu filho Wilsinho. O diretor afirmou que a relação com a agremiação é muito boa e disse torcer pelo campeonato da Vila no Grupo Especial. “Carnavalesco, comissão de Carnaval e presidência estão de parabéns”, comentou.

Diretor de Carnaval pra mim é o Laíla e o Wilsinho

A experiência adquirida, para Moisés, é fator fundamental para exercer um trabalho de qualidade na Rocinha. Agora responsável pela direção de Carnaval, Moisés se inspira tanto em profissional experiente, quanto na juventude: “Diretor de Carnaval pra mim é o Laíla e o Wilsinho, que sabem o que estão fazendo”. O novo funcionário da Rocinha garantiu que cuidará da parte do desfile e não se envolverá na área administrativa e financeira. No entanto, não deixará de ajudar caso consiga apoio. “Eu tenho umas empresas amigas, uns parceiros no mercado, e que eu quero trazer para a Rocinha. O meu trabalho não é administrativo e financeiro, é de Carnaval, mas não me impede de ajudar no que puder”.

Uma agremiação tem que ter mulher, gay, artista e comunidade

Segundo Moisés, a receita de sucesso de uma escola de samba é saber agregar todo mundo: “Pra mim, uma agremiação tem que ter mulher, gay, artista e comunidade. Não necessariamente nessa ordem. Você já viu uma escola de samba não ter gay? Ou mulher bonita? Ou um artista que chama público? E a escola existe sem a comunidade? Pode ser da Baixada ou da Zona Sul, tem que tudo”. O diretor, que confirmou a continuidade de Shayene Cesário no posto de musa da agremiação, revelou buscar mais nomes de peso para desfilar: “Tem pessoas que eu quero convidar e vou falar com o presidente depois”.

Animado com o que já viu no início do trabalho, Moisés afirmou que o intuito é fazer a Rocinha subir ao Grupo Especial. “Eu já vi algumas coisas que o carnavalesco me mostrou e fiquei muito satisfeito. É aquela história: o protótipo tem que reproduzir o que está desenhado e as fantasias tem que seguir o padrão de qualidade do protótipo. Já dei algumas opiniões para o Júnior (carnavalesco) e para o presidente e eles aceitaram”, disse.

Shayene Cesário desfilou no Acadêmicos da Rocinha em 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

Moisés sobre a final da Rocinha deste sábado: ‘Tem um samba espetacular’

A final da disputa de samba da Rocinha acontece neste sábado (25), com cobertura do SRzd. Cinco sambas disputam o direito de ser o hino do enredo “Bananas para o preconceito”. De acordo com o novo diretor de Carnaval, o tema ajudou os compositores a fazer belas obras. Uma, no entanto, se destaca: “Temos obras muito boas, mas uma é espetacular”, disse.

– Ouça as composições finalistas da Rocinha

Antes de tocar o funk, tem que ter o samba

Moisés aproveitou para exaltar o modelo de eliminatórias escolhido pela agremiação e se posicionou contrário às encomendas. “Onde eu estiver participando, o compositor terá direito de criar seu samba para o enredo. A Rocinha, por exemplo, tem um enredo muito bonito. Não acho justo só um grupo determinado compor”. Sobre a polêmica dos outros ritmos invadirem o Carnaval e deixarem o samba como segunda opção, o diretor foi catedrático: “Eu respeito todos os gêneros musicais, mas antes de tocar o funk, tem que ter o samba”.

Rocinha ficou na 11ª colocação no Carnaval de 2018 da Série A. Foto: Leandro Milton/SRzd

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