“Quero ver segurar”! Rocinha honra Viriato Ferreira com belo desfile

O Acadêmicos da Rocinha foi a primeira agremiação a passar pela Marquês de Sapucaí na segunda e última noite de desfiles da Série A no Carnaval 2017. Com o enredo “No Saçarico do Marquês, tem mais um freguês. Viriato Ferreira”,  a tricolor da Rocinha homenageou a vida e a obra de um dos mais importantes carnavalescos da história do Carnaval do Brasil. Durante alguns anos, Viriato, colaborou com seu trabalho para o sucesso de Joãosinho Trinta na Beija-flor, mas foi na Portela e na Imperatriz Leopoldinense que pode assumir o posto de carnavalesco e desenvolver enredos inesquecíveis como “Hoje tem marmelada” (campeã de 1980) e “O que é que a banana tem” (Imperatriz 1991). A escola fez um excelente desfile, levantou a Sapucaí e mostrou força em diversos quesitos, destaque para a perfeita plástica do carnavalesco João Victor Araújo.

Rocinha. Foto: Juliana Dias

 

Comissão de Frente

Coreografada por Anderson Big, a comissão de frente da Rocinha fez suas exibições com muitos desenhos coreográficos. Em determinados momentos os bailarinos formavam setas, em outros círculos e até fileiras. Inspirado no teatro de revista, grande fonte de inspiração do homenageado, a figura de Viriato foi resgatada. Ele surgia em um palco:

“Os leques tradicionais de pluma, visto muito na dança burlesca, estiveram presentes na Rocinha. A utilização do tripé foi atrapalhada pela distância do grupo de bailarinos. O encaixe das plumas dificultou a fluidez do trabalho de Handerson Big”, opinou Márcio Moura, comentarista do SRzd Carnaval.

Rocinha. Foto: Juliana Dias

 

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Deivid Sabiá e Thainá Teixeira, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da “borboleta encantada”, realizou boas apresentações em todos os módulos de jurados. Foram um dos pontos altos do desfile. Eles formaram a parceria há poucos meses e conseguiram desempenhar um bom papel neste Carnaval. A dupla foi auxiliada pela coreógrafa Viviane Martins. A fantasia representou o luxo e o requinte característico de Viriato Ferreira. Outro destaque da apresentação foram as expressões faciais, principalmente por parte da porta-bandeira. Para Manoel Dionísio, comentarista do SRzd Carnaval, o casal concluiu o desfile de forma perfeita.

Rocinha. Foto: Juliana Dias

 

Harmonia e Evolução

Comandada por Daniel Katar, a equipe de harmonia da Rocinha não conseguiu extrair dos componentes um desempenho satisfatório no que diz respeito ao canto da comunidade, com exceção do último setor da escola que cumpriu bem o seu papel. O quesito evolução também ficou prejudicado já que o andamento inicial foi lento. No final uma correria em frente ao quarto módulo de jurados causou uma quebra na fluidez do desfile.

Rocinha. Foto: Juliana Dias

 

Samba-enredo

A obra de Fadico, Anderson Benson, Dudu, Renato Galante, Mauricio Amorin, Leandro RC, Otávio, Gui Cruz e Wagner Rodrigues fluiu bem e surpreendeu toda a crítica. Destaque para a linha melódica do refrão do meio e para a explosão do refrão principal. Para o comentarista Cadu Zugliani o andamento adotado foi o ideal:

“É um samba médio. O mérito é da comissão de Carnaval que achou um andamento perfeito. O samba veio perfeitamente bem para embalar o desfile da Rocinha”, analisou.

Rocinha. Foto: Juliana Dias

 

Bateria

Coordenada por Mestre Júnior, a bateria da Rocinha levantou o público na Marquês de Sapucaí com a paradinha no principal refrão do samba-enredo. Para o comentarista Cláudio Francioni, a passagem do “Ritmo Avassalador” foi perfeita:

“Show de afinação e andamento. Usou e abusou das bossas. Uma frente muito boa com uma paradinha subindo na cuíca. Mas bacana que as bossas, foram os arranjos, pausas inesperadas. Foi um simples, eficiente, bonito e bem arranjado. Foi excepcional. Time de caixas muito bom com tamborins bem encaixados”, avaliou.

Rocinha. Foto: Juliana Dias

Alegorias e adereços, fantasias e enredo

Dividido por 4 setores, o enredo do carnavalesco João Victor Araújo, demonstrou-se de forma clara e não deve ser um problema na quarta-feira de cinzas. A primeira esfera do desfile, denominada “Início de uma carreira incrível, fantástica, extraordinária”, contou com a comissão de frente, o primeiro casal, duas alas, um destaque e uma ala performática:  “Reis Momos”. Logo em seguida passou o abre-alas “Incrível, fantástico e extraordinário”.  O segundo âmbito da escola, cujo nome foi “Do circo encantado às maravilhas do mar”, exibiu-se com duas alas, passistas (domadores de animais), bateria (a banda) e mais 4 alas. A segunda alegoria (“as maravilhas do circo”) fechou o setor. Já no terceiro campo, “O Triunvirato”,  apresentou-se com 5 alas e a alegoria “Do papel à realidade, o sonho se materializa”. O último ramo do desfile “O que é que a banana, a Imperatriz e a Rocinha têm” fechou o desfile com 3 alas, o segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira (Vinicius Jesus e Viviane Oliveira), mais 2 alas e o último carro “Vem se perder num bananal em rosas”. A temática foi bem subdivida e explorada com inteligência pelo carnavalesco.

As alegorias apresentadas esbanjaram bom gosto e requinte no acabamento. O destaque positivo foi a última alegoria com direito a telão de led e homenagem à Imperatriz Leopoldinense.  As fantasias também foram outro ponto alto: coloridas, irreverentes e bonitas.

 

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