Presidente da Portela fala sobre redução da subvenção da Prefeitura

Luis Carlos Magalhães - Lançamento da sinopse da Portela para o Carnaval 2018. Foto: Max Gomes

Luis Carlos Magalhães – Lançamento da sinopse da Portela para o Carnaval 2018. Foto: Max Gomes

O possível corte da Prefeitura do Rio de Janeiro de 50% da subvenção concedida às escolas de samba do Grupo Especial tem assombrado o dia a dia das agremiações. Na Portela, o assunto foi bastante recorrente durante a leitura da sinopse do enredo de 2018, realizado na última quarta-feira (14) na sede da Portelinha, em Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Em conversa exclusiva com o SRzd, o presidente da escola, Luis Carlos Magalhães, demonstrou bastante insatisfação com a decisão da Prefeitura e comentou sobre a importância do Carnaval para o turismo do Rio de Janeiro.

Ainda que esteja bastante otimista com o enredo que a Portela pretende levar para o Sambódromo da Marques de Sapucaí no próximo ano, o presidente de uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro receia que o corte sugerido pelo prefeito Marcelo Crivella afete o espetáculo como um todo. “Eu acho que é uma grande incoerência. Se você pegar a entrevista do prefeito no [jornal] O Globo, ele diz que vai gastar R$ 200 milhões com incentivos que atrai o turismo. O que atrai o turista no Rio, grande parte, é o Carnaval. Como ele vai investir e vai tirar? Com uma das mãos ele investe e com a outra ele tira? Não dá para entender, porque o Carnaval é um investimento. Você não pode ter um raciocínio financeiro de diminuir a verba. Você tem que apostar no Carnaval para que ele traga recursos para cidade”, argumenta Luis Carlos Magalhães.

Lançamento da sinopse da Portela para o Carnaval 2018. Foto: Max Gomes
Lançamento da sinopse da Portela para o Carnaval 2018. Foto: Max Gomes

Uma das grandes preocupações do presidente da Portela é o momento em que o corte foi proposto, visto que grande parte das escolas já começaram os investimentos nos preparativos dos desfiles. “Ele [o prefeito Marcelo Crivella] está fazendo isso com o jogo já começado. O Carnaval já começou. Já pensou eu chegar para Rosa [Magalhães] agora e dizer que eu estava brincando com ela? Prometia isso e só vou pagar metade. Isso não faz nenhum sentido. É uma covardia com o Carnaval”, explica.

Luis Carlos ainda afirma que espera uma conversa mais aberta com a Prefeitura para que as escolas possam expôr suas necessidades e decidir, junto com o prefeito e a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), o destino dos desfiles do Grupo Especial de 2018. “Se o prefeito dissesse assim ‘não tem dinheiro, é uma crise geral’. Tá bom, abre o jogo. [A nota divulgada pela prefeitura] é uma tentativa de jogar a escola contra as criancinhas, ou jogar as criancinhas contra a escola desnecessariamente. Não precisava isso. O mundo está em crise, o país está em crise, o estado está em crise, a cidade está em crise. Por que não vai atingir o Carnaval? Abre o jogo, vamos discutir. Chama a Liesa e chama as escolas para discutir. Foi uma coisa unilateral, autoritária e no meio do jogo”, conclui.

Ouça o áudio na íntegra:

“Queríamos ser autossustentáveis, mas é complicado”

O presidente do conselho deliberativo e membro da comissão de Carnaval da Portela, Fábio Pavão, compartilha as preocupações com o rumo dos desfiles de 2018. “Todas as escolas de samba precisam dessa verba da Prefeitura. Nos últimos anos, a Portela tem perdido patrocinadores em função da crise do país. E isso está afugentando os investidores, como o Governo do Estado e a Petrobras. O dinheiro da Prefeitura vem, de certa forma, suprindo a ausência desses patrocinadores que a escola vem perdendo. Com a redução, fica complicado”, comenta. “As escolas terão que repensar muita coisa. A Portela tem buscado diversificar sua arrecadação nos últimos anos com programas como o sócio-torcedor e eventos na quadra. Queríamos ser autossustentáveis para não correr risco com mudanças na administração pública, mas é complicado”, afirma.

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