Prêmio SRzd Carnaval 2018: Patrick Carvalho desabafa e comissão de frente emociona

Patrick Carvalho, coreógrafo da comissão de frente da Paraíso do Tuiuti no Prêmio SRzd Carnaval 2018. Foto: SRzd/Eliane Pinheiro

Patrick Carvalho, coreógrafo da comissão de frente da Paraíso do Tuiuti no Prêmio SRzd Carnaval 2018. Foto: SRzd/Eliane Pinheiro

Um dos momentos mais marcantes do 11º Prêmio SRzd Carnaval, realizado na última quarta-feira (21), foi a apresentação da comissão de frente da Paraíso do Tuiuti, que foi assistida de pé por uma plateia emocionada. Ao receber o troféu, o coreógrafo Patrick Carvalho fez um discurso em tom de desabafo que o público aplaudiu fortemente.

“Queria dizer que tem uma filha minha vindo aí, eu precisava falar para o mundo que eu quero um mundo diferente. Eu quero uma coisa diferente. Então, foi o ano que eu entrei na Avenida para tocar no público, para pedir para o público gritar com a gente, que está difícil viver na nossa cidade, no nosso país. Está difícil descer e subir o morro. Eu tenho medo de descer e subir aquela comunidade. Me colocaram ali, não perguntaram se eu queria estar ali. E esse é o trabalho que começa a minha vida no Carnaval. Sempre vejo que a gente passou dos 100 anos de samba e a gente fala de Noel, Pixinguinha, Cartola. E acho que daqui a 100 anos tudo isso que vocês estão fazendo pelo Carnaval estará escrito no livro dos 200 anos do samba. Obrigado a todos vocês”.

Patrick falou também de como veio a ideia da comissão de frente. “Sou um menino do alto do morro da favela do Cantagalo e, antes de falar qualquer coisa da minha história, da minha verdade, eu quero agradecer a esses guerreiros [bailarinos], esses moleques que compraram essa ideia comigo. Ao Marcelo Augusto que fez toda a cenografia e me ajudou muito. Jack, obrigado. Uma parceria com o carnavalesco não tem como não dar um fruto desse. Ouvir o carnavalesco, dividir com ele é muito importante. Quando pensei nessa comissão de frente, eu estava sentado lá no morro do Cantagalo, que é onde eu vivo, que é onde está a minha raiz. E eu nunca tirei essa coisa da cabeça que livre dos açodes da senzala, mas preso na miséria da favela, eu tinha um grito dentro de mim para dar. Eu sou muito novo. Hoje, eu entro na Avenida, não para competir, mas para dividir com as maiores referências que eu tenho na minha vida, que são meus grandes mestres, Marcelo Misailidis, Jorge, Carlinhos. Esse é meu oitavo ano com comissão de frente entre o grupo B, grupo A e o Especial, mas eu sinto e sei que eu só estou só começando”.

Em 2018, a Paraíso do Tuiuti ficou em segundo lugar ao levar para a Marquês de Sapucaí o enredo “Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?”, desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, também ganhador desta edição da premiação.

Prêmio SRzd Carnaval 2018 contou com apoio do Ecad e do Guaracamp.

 

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