Parceria de Cláudio Russo vence na Unidos de Padre Miguel

A Unidos de Padre Miguel, escola de samba da Séria A do Carnaval carioca, escolheu na madrugada deste sábado (2) a obra que contará o enredo “Eldorado submerso: Delírio tupi-parintintin”, na Marquês de Sapucaí.

A parceria campeã foi a de Cláudio Russo, Xandy de Pilares, W. Corrêa, Ribeirinho, Alan Santos, Toninho do Trayler, Carlinhos do Mercadinho, Cabeça do Ajax e Jefinho Rodrigues. Essa foi a terceira vitória da parceria, campeã em 2017 e em 2015.

Em entrevista ao SRzd Carnaval, o compositor Cláudio Russo definiu o samba de sua parceria como denso:

“Acho que o nosso samba é denso, extremamente ligado ao enredo. Tem a letra bem encaixada com o que foi proposto. Trazemos as características desse enredo para o samba, principalmente na melodia. A gente tem uma primeira parte toda em menor, até o refrão do meio, que é a parte que começa a sair da floresta para mergulhar nas águas do rio e encontrar a cidade do Eldorado. Logo depois, a gente tem um falso refrão, que ao invés de ser uma saída de segunda é um falso refrão colado no refrão do meio. O samba explode quando vem falar dos bois Caprichoso e Garantido, do meio da segunda até o refrão. Aí é festa, é alegria. É o festival de Parintins na Avenida”, explicou.

A obra, agora hino oficial da Unidos de Padre Miguel para o próximo Carnaval, possui algumas palavras de origem indígena. Para Cláudio, isso não será um dificultador no canto da comunidade, e ressaltou a importância da cultura nos enredos e nas composições do gênero samba-enredo:

“Nosso enredo é de teor cultural. Uma cultura Amazônica, uma cultura indígena que o Brasil não pode esquecer. O samba-enredo e as escolas de samba têm o dever de levar a cultura ao povo. Seria muito simplório a gente fazer um enredo sobre a Amazônia, o maior festival da Amazônia (Parintins), e não trazer palavras da cultura indígena. A gente traz algumas palavras ligadas a essa cultura. Isso enriquece o samba. Enriquece por trazer ao povo elementos que não são comuns nos sambas-enredos, mas nada que impeça uma boa harmonia no canto”, analisou.

O anúncio do samba campeão:

Nos últimos quatro Carnavais, a Unidos de Padre Miguel acumula dois vice-campeonatos (2015 e 2016), um terceiro lugar (2014) e um quarto lugar (2017). O carnavalesco recém chegado, João Victor Araújo, que fará sua estreia na vermelho e branco em 2018, revelou que esse tipo de pressão é um incentivo a mais para a realização de um belo Carnaval. O jovem aproveitou a oportunidade para esclarecer que o enredo da escola não trata apenas do festival de Parintins. Ele fez uma síntese do tema.

“É preciso ressaltar que o festival de Parintins não é o enredo, é apenas um setor. O enredo começa com o Eldorado Submerso, que é o mergulho. Depois as visões da criação, que é o percurso desse mergulho. Em seguida, os seres delirantes do Eldorado até emergir em Parintins. A gente conta uma série de lendas em baixo d’água e essas lendas terminam às margens da Ilha Tupinambarana, que é Parintins”, ponderou.

Mais uma prata nova na casa, o diretor geral de harmonia, Décio Bastos, também conversou com a equipe do SRzd Carnaval que esteve presente na festa. Para ele, palavras de origem indígena na letra do samba não serão um impecílio no canto da escola:

“Faz parte do desafio da direção da harmonia. É um enredo que naturalmente isso iria acontecer. Não são palavras difíceis, são apenas diferentes. Cabe a nós da harmonia explicar à comunidade a pronúncia correta para que tenhamos uma harmonia perfeita”, analisou. Décio revelou ter recebido propostas de outras agremiações e escolheu a UPM devido à força de sua comunidade: “Tive a honra de receber alguns convites, mas preferi aceitar a Unidos, pois é uma escola de realidade. É uma escola 100% comunidade. Isso me encantou”.

A hora da Unidos vai chegar

Cícero Costa, diretor de Carnaval. Foto: Nicolas Barbosa

Assim disse o diretor de Carnaval, Cícero Costa, que apesar de bater na trave nos últimos anos, diz que a escola não desistirá da sua tão sonhada vaga no Grupo Especial: “Às vezes ficamos chateados, pois parece que o trabalho não está correto e não é isso. É preciso ter paciência. Vamos trabalhar com a cabeça no lugar porque a hora da Unidos vai chegar”, mostrou confiança.
A festa foi marcada ainda pela apresentação da nova rainha de bateria, Alice Alves, que antes ocupara o cargo de musa: “Vim com alegria. Estou muito feliz e conto com o apoio da comunidade”, comemorou a morena. “Ela é super dedicada e merecia esse posto”, disse o presidente da escola, Lenílson Alves.

Rainha da UPM. Foto: Nicolas Barbosa

Cinco anos de parceria

Vinícius e Jéssica. Foto: Nicolas Barbosa

Vinícius Antunes e Jéssica Ferreira passaram por um momento muito delicado que marcou o Carnaval 2017. A contusão da porta-bandeira perante a cabine de jurados é uma das cenas mais tristes da história recente da folia.

“Estou em tratamento, fazendo fortalecimento. Diria que estou 90%. É difícil definir o que é mais difícil recuperar, o físico ou o emocional. Mas com trabalho e dedição a gente vai consegui recuperar os dois e fazer um belo trabalho em 2018”, desabafou Jéssica.

Em 2018, a dupla comemorará cinco anos de parceria. Todos na Unidos de Padre Miguel. E Vinícius fez questão de revelar o sentimento pela companheira de trabalho, “Irmã”:

“Hoje eu considero a Jéssica como irmã. Costumo dizer que no nosso primeiro ano de parceria, em 2014, éramos totalmente estranhos. Não tínhamos muito contato antes de formarmos essa parceria. A gente se respeita muito. Esse carinho, respeito, confiança são fundamentais para o nosso trabalho. Somos irmãos!”, declarou-se.

O coreógrafo da comissão de frentes David Lima, foi mais um entrevistado na noite. O profissional explicou a importância do samba-enredo para o desenvolvimento de seu trabalho:

“A escolha do samba influencia muito no trabalho da comissão de frente. A partir dele, a gente analisa como será a coreografia. Seu tamanho também influencia. Às vezes um samba abre um leque para que a gente viaje ainda mais na coreografia”, disse.

“Agradeço a minha equipe e a minha escola. Esse ano, perdi um décimo e fiquei surpreso. Ao abrir a minha planilha de notas e observar a anotação do jurado dizendo que a imagem da nossa comissão foi a mais marcante do Carnaval, me deixa muito orgulhoso e com ainda mais vontade de trabalhar”, contou.

David encerrou dizendo que já tem a proposta definida do trabalho a ser realizado: “O carnavalesco me lançou um projeto. Dei três opções e já definimos o caminho”, completou.

As outras duas parcerias que disputaram a final foram a de Samir Trindade, Márcio André, Tinga, Beto Rocha, Girão, Élson Ramirez, Lopita 77 e Júnior Trindade e a de Marfin, Gulle, Marlon P., Fabio Bueno, Márcio Silva, Marcio Ribeiro, Fernando Professor e Eli Penteado.

Em 2018, a Unidos de Padre Miguel será a última agremiação a desfilar no sábado de Carnaval e com isso encerrará os desfiles da Série A.

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