Mocidade: samba-enredo é ponto alto do ensaio; evolução pode melhorar

23/01/2017 às 1h08 - Por Luiz Thiago Santos

Mocidade. Foto: Jeanine Gall.

Última escola a pisar na Avenida na noite deste domingo (22), a Mocidade mostrou que pode, como diz em seu poderoso refrão, sonhar. A verde e branca da Zona Oeste contou com um chão forte dos cerca de 2.500 componentes para deixar boa impressão no público, que compareceu em número razoável ao Sambódromo.

Um dos trunfos para o bom rendimento foi o samba, considerado pelos críticos um dos melhores da safra. Segundo um dos diretores de harmonia da escola, Robson Veloso, o hino deste ano funcionou como esperado: “É um samba de fácil execução e todos os componentes cantam com garra e vibração. A gente vem cobrando muito também e o resultado está sendo ótimo”, afirmou ao SRzd.

Wander Pires, cantor. Foto: Júlia Rodrigues

Quem também teve ótimo desempenho foi Wander Pires. Depois de quase uma década afastado da agremiação que o projetou no mundo do samba, o intérprete voltou para casa. E fez questão de deixar isso claro ainda no esquenta, quando declarou seu amor pela Mocidade, levando ao delírio a arquibancada do setor 1.

A torcida da Mocidade, por sinal, foi um espetáculo à parte. Concentrados sobretudo nos setores 1 e 3, os Independentes atraíram os holofotes em vários momentos. Com bandeiras, balões e faixas, fizeram a festa na Marquês de Sapucaí. E o clima da arquibancada invadiu – literalmente – a pista. Alguns integrantes carregavam bandeirões entre os setores. Após a ala dos compositores havia, inclusive, um sinalizador.

Ausência esperada

Conforme divulgado durante a semana, a rainha de bateria, Carmem Mouro, não compareceu ao ensaio, por conta de problemas médicos. A ausência da angolana fez com que as atenções ficassem ainda mais voltadas para os ritmistas da “Não Existe Mais Quente”. E os comandados de Mestre Dudu não decepcionaram. Leia mais: Rainha apresenta atestado médico e não comparece

“Está todo mundo com sangue nos olhos, em busca dos 40 pontos. Eu gosto muito da nossa rainha, que foi sempre muito legal com a gente desde que chegou. Queríamos que ela estivesse aqui, mas, no desfile oficial ela estará recuperada”, afirmou Dudu, que vai emendar o segundo ano seguido no cargo.

Mistério

Se não teve Rainha, teve musa. Na comissão de frente. Camila Silva, figura carimbada também nos desfiles do Anhembi, em São Paulo, foi a grande surpresa do início do ensaio. Ela participou da exibição idealizada pelos coreógrafos Jorge Teixeira e Saulo Finelon, mas deixou no ar se repetirá a dose no dia 27 de fevereiro. “Hoje eu vim na Comissão. No dia do desfile, ainda não sei. Estou recebendo várias sondagens”, brincou ao falar com o SRzd.

Também na cabeça da escola, uma alegoria com um castor gigante caracterizado como sultão chamou a atenção. Era uma clara referência ao antigo patrono da agremiação, Castor de Andrade.

Evolução

Um quesito que deixou a desejar, daqueles que podem ser avaliados num ensaio, foi a evolução. Talvez empolgada pelo belo hino, a escola acelerou o passo demais no início e teve que reduzir a marcha nos últimos metros de pista. Ainda assim, completou o ensaio com pouco mais de 65 minutos, quase 10 minutos aquém do limite. Em breve, você conferirá os vídeos com as análises dos colunistas do SRzd, sobre o ensaio técnico da Mocidade.

A verde e branca vai homenagear o Marrocos com enredo “As mil e uma noites de uma Mocidade pra lá de Marrakech”, desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Louzada e Edson Pereira. A escola será a terceira a desfilar na segunda-feira de Carnaval.