Mangueira desiste de incluir a palavra ‘universal’ na letra do seu samba-enredo de 2018

Tamborim da Mangueira. Foto: Thiago Mattos

O presidente da Estação Primeira de Mangueira, Chiquinho da Mangueira, informou nesta quarta-feira (11) que o samba da Verde e Rosa para o Carnaval 2018 não terá a palavra “universal” em seu refrão, permanecendo a frase original em seus versos. A proposta de mudança surgiu de uma reunião da coordenação musical da escola, autorizada pelo presidente, na última segunda-feira (9), que fez um estudo sobre o samba e chegou a uma votação por maioria pela alteração.

O presidente Chiquinho da Mangueira, que não participou da reunião por estar em viagem a Cuiabá, onde foi concluir negociações ainda pendentes da administração de Ivo Meirelles, achou melhor ouvir e consultar segmentos da escola, e concluiu que a Estação Primeira não terá alteração em seu texto original que incluía a palavra “universal” no lugar de “não me leve a mal”.

Em entrevista ao SRzd na terça-feira, antes da decisão, Chiquinho disse que ele pessoalmente já tinha uma opinião formada, mas que só iria decidir o que fazer depois de falar com outros integrantes da escola. “Tenho que avaliar se isso mexe diretamente com o prefeito da cidade e se isso mexe diretamente com os seguidores da Universal, que são pessoas do bem”. Ouça aqui.

Ouça a letra do samba para o Carnaval 2018:

Compositores: Lequinho, Júnior Fionda, Alemão do Cavaco, Gabriel Machado, Wagner Santos, Gabriel Martins e Igor Leal.
Intérpretes: Ciganerey e Péricles

Chegou a hora de mudar
Erguer a bandeira do Samba
Vem a luz à consciência
Que ilumina a resistência dessa gente bamba

Pergunte aos seus ancestrais
Dos antigos carnavais, nossa raça costumeira
Outrora marginalizado já usei cetim barato
Pra desfilar na Mangueira

A minha escola de vida é um botequim
Com garfo e prato eu faço meu tamborim

Firmo na palma da mão, cantando laiálaiá
Sou mestre-sala na arte de improvisar

Ôôô somos a voz do povo
Embarque nesse cordão
Pra ser feliz de novo
Vem como pode no meio da multidão

Não… Não liga não!
Que a minha festa é sem pudor e sem pena
Volta a emoção
Pouco me importam o brilho e a renda

Vem pode chegar…
Que a rua é nossa, mas é por direito
Vem vadiar por opção, derrubar esse portão, resgatar nosso respeito

O morro desnudo e sem vaidade
Sambando na cara da sociedade
Levanta o tapete e sacode a poeira
Pois ninguém vai calar a Estação Primeira

Se faltar fantasia alegria há de sobrar
Bate na lata pro povo sambar

Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal
Pecado é não brincar o carnaval!

Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal
Pecado é não brincar o carnaval!