Unidos da Tijuca 2018: Comunidade canta forte e escola volta a fazer grande desfile

Miguel Falabella no desfile Unidos da Tijuca 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

Nada apagará o trágico desfile da Unidos da Tijuca de 2017, mas a passagem deste ano melhora a imagem da escola e, como é a última impressão que fica, a agremiação será lembrada positivamente. Com o enredo em homenagem a Miguel Falabella, intitulado “Miguel, o arcanjo das artes, saúda o povo e pede passagem” e desenvolvido por uma comissão de Carnaval, a representante do Borel teve como destaque algo que já deixou de ser surpresa: a força da comunidade. Os componentes rasgaram o chão da Sapucaí e cantaram forte o samba-enredo.

Na opinião da comentarista do SRzd Rachel Valença, apesar o samba fraco e de falhas no visual, os componentes impulsionaram o desfile tijucano. “O desfile da Unidos da Tijuca não confirmou a expectativa negativa causada pelos vistos de que, abrindo o desfile de segunda, a escola não se dispunha a gastar sem ter a possibilidade de título. Nada disso. A escola veio com tudo.  Apesar do samba fraco, de rimas óbvias, apesar da falta de estilo do visual, o componente foi à luta em busca de recuperar sua posição arranhada pelos tristes eventos do Carnaval passado. Suou a fantasia nem sempre bonita e animou a escola. Muito ajudou, nesse sentido, a bateria de mestre Casagrande, brilhando, como sempre, mas dessa vez fazendo mais: botando no lugar o samba-enredo, para alegria do componente”.

O homenageado Miguel Falabella passou efusivo pela Marquês de Sapucaí. Antes da entrada, conversou com o SRzd e falou sobre uma de suas características que, segundo o carnavalesco Marcus Paulo, seduziu a escola a escolher o ator para ser o tema da Tijuca em 2018.

“Já ganhei prêmios, já ganhei muitas coisas. Mas o importante é a obra, é o trabalho que a gente deixa. E acho que o que eu deixei de exemplo foi trabalho. Saindo daqui, vou para o Uruguai, vou ver locação, volto, se Deus quiser, para o desfile de sábado. Dia 19 já estreio um espetáculo musical em São Paulo e é isso. A gente não pode ficar parado, a gente tem que ir, tem que produzir”, disse Miguel.

A agremiação foi a responsável por abrir os desfiles da segunda-feira (12) de Grupo Especial e, assim como no dia anterior, o início teve atraso, mas nada que tenha atrapalhado a escola. A Tijuca trouxe artistas e amigos de Miguel Falabella que levantaram o público do Sambódromo, dentre eles Cláudia Raia, Marisa Orth, Aracy Balabanian, Mart’nália, Alessandra Maestrini e, claro, Juliana Alves, rainha da bateria da Pura Cadência. Juliana, inclusive, passou por um momento inusitado. Antes do início do desfile, o intérprete Tinga a chamou de Sabrina Sato. Logo depois, Tinga se desculpou com a beldade.

Desfile Unidos da Tijuca 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

Enredo

A Tijuca escolheu Miguel Falabella para homenagear e dar a volta por cima depois do desfile do ano anterior. Deu certo. O artista, que veio na última alegoria, levantou o público e foi saudado pelos presentes. O tema foi intitulado “Miguel, o arcanjo da artes, saúda o povo e pede passagem” e foi desenvolvido pelo grupo de carnavalescos Hélcio Paim, Annik Salmon e Marcus Paulo.

O primeiro setor da escola, “O reino dos mares, a inspiração”, contou a infância de Miguel Falabella na Ilha do Governador. A segunda parte, “O tablado de Maria Clara Machado”, mostrou o início da relação do homenageado com o teatro. O setor “Um coração urbano no mundo das palavras” relatou a formação letrada do Miguel. “Fenômenos de audiência” trouxe os trabalhos de Falabella na televisão. O quinto setor, “Musicais de tantas sensações”, falou sobre os espetáculos da Broadway que Miguel reproduziu no Brasil. Um setor em homenagem ao Carnaval, paixão do homenageado, fechou a apresentação tijucana.

Desfile Unidos da Tijuca 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

Comissão de frente

Os bailarinos comandados por Renato Vieira representaram “O teatro é a minha religião”. Cabe ressaltar que o coreógrafo teve somente algumas semanas para montar a apresentação do grupo, visto que sua contratação foi realizada próximo ao Carnaval. A comissão trouxe seres do teatro que se transformavam em personagens diferentes. O bailarino principal representou o Deus grego Dionísio. Ao fim, o Deus entrava num elemento alegórico e se transformava no arcanjo Miguel. O ponto negativo se deu pelas asas do anjo não estarem padronizadas.

Desfile Unidos da Tijuca. Foto: Leandro Milton/SRzd

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Alex Marcelino e Jack Pessanha estrearam com o pavilhão azul e amarelo e fizeram uma bonita apresentação. Trajados numa fantasia azul e branca, que representou “Mergulho nas águas claras”, a dupla veio logo atrás da comissão de frente. A porta-bandeira conversou com o SRzd e falou sobre um assunto polêmico: peso da fantasia.

“Eu acredito que deve ter entre 25 e 30 quilos. Com essa fantasia, eu só ensaiei na prova. Mas ensaiei com a outra, que era a minha de ensaio e show, que tinha um peso aproximado, era até mais pesada”, confessou Jack.

De acordo com o especialistas do SRzd no quesito, Mestre Manoel Dionísio, o casal foi perfeito na pista da Sapucaí. “Eu tô de alma lavada, feliz… pude ver de frente tudo aquilo que gosto de ver. Uma dança tradicionalíssima. Não sei se os jurados vão gostar ou não, porque nós do SRzd não somos jurados, apenas avaliamos para o público. Mas o casal me agradou muito, parabéns!”.

Desfile Unidos da Tijuca. Foto: Leandro Milton/SRzd

Bateria

Vestidos de “Caco Antibes”, os ritmistas da Unidos da Tijuca tiveram uma passagem segura pela Avenida, comandados pelo experiente mestre Casagrande. Juliana Alves, mãe há pouco tempo, reinou à frente da ‘Pura Cadência’ e representou “A avareza”.

Desfile Unidos da Tijuca. Foto: Leandro Milton/SRzd

Samba e carro de som

O samba-enredo da Tijuca, considerado um dos mais fracos no período pré-carnavalesco, não comprometeu o desfile da escola. A obra dos compositores Totonho, Mart’nália, Dudu, Marcelinho Moreira, Fadico foi interpretada por Tinga. O cantor, mais um vez, impulsionou a apresentação tijucana.

Desfile Unidos da Tijuca. Foto: Leandro Milton/SRzd

Fantasias e alegorias e adereços

A Tijuca apresentou uma plástica colorida e trouxe seis grandes alegorias. O abre-alas acoplado, “O pequeno príncipe em seu reino das águas claras”, teve seres do fundo do mar e muita iluminação. A segunda alegoria, “Espelho de Clara sabedoria”, apresentou máscaras teatrais e efeitos de luz e espelho. O destaque ficou por conta de “O fascínio da escrita”. A alegoria, toda revestida de jornal, chamou a atenção. O carro ainda trouxe ampulhetas articulas. “A máquina de fazer doido” trouxe os artistas que trabalharam com Miguel na televisão. O carro “La Mancha nas teias da Mulher Aranha”, em sua grande parte preto e branco, teve Cláudia Raia como destaque principal. “Embarque na fantasia” fechou o desfile e trouxe o grande homenageado. As fantasias deram o tom colorido à escola. Com destaque para a ala da literatura francesa, a predileta da carnavalesca Annik Salmon, e para o figurino revestido de jornal.

Na opinião da comentarista do SRzd Rachel Valença, faltou estilo visual ao trabalho plástico.

Desfile Unidos da Tijuca. Foto: Leandro Milton/SRzd

Harmonia e evolução

A comunidade tijucana foi o ponto alto do desfile da escola. Como de costume, os componentes cantaram forte e evoluíram sem problemas ao longo da Avenida. Impressionou a alegria e descontração da escola. Destaque para as alas 2 e 3, logo após o abre-alas: berraram o samba.

Desfile Unidos da Tijuca. Foto: Leandro Milton/SRzd

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Galeria de fotos

Ficha técnica

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Local: Tijuca, Rio de Janeiro
Fundação: 31 de dezembro de 1931
Cores: Azul e amarelo
Símbolo: Pavão
Campeonatos no Especial: 1936, 2010, 2012, 2014
Colocação em 2017: 11º Lugar – Grupo Especial
Presidente: Fernando Horta
Carnavalesco: Hélcio Paim, Annik Salmon e Marcus Paulo
Intérprete: Tinga
Diretor de Carnaval: Fernando Costa
Diretor de Harmonia: Cosme Márcio
Mestre de Bateria: Casagrande
Rainha de Bateria: Juliana Alves
1º casal de mestre-sala e porta-bandeira: Alex Marcelino e Jack Pessanha
Comissão de frente: Renato Vieira
Enredo 2018: “Miguel, o arcanjo das artes, saúda o povo e pede passagem”
Número de carros alegóricos: 06

Samba-enredo

Compositores: Totonho, Mart’nália, Dudu, Marcelinho Moreira, Fadico

O grande espetáculo vai começar
Prepare o seu coração
Na ilha encantada a lembrança
Do reino dos mares, a inspiração
Um príncipe, um sonhador
Gênio das artes, seu grande amor
Espelho de “Clara” sabedoria
A escrita o fascinou
Fez do Tablado a sua vida
Arcanjo do riso, poeta do humor

Quando a luz acender, o céu clarear
O morro descer pra vê-lo brilhar
Quantas emoções a proporcionar
Oh mestre da arte de contracenar

É lindo ver seu brilhantismo em grandes criações
Roteiros, personagens, musicais de tantas sensações
No carnaval, um “toma lá dá cá” de gente bamba
Que tira o “pé da cova” quando samba
Partilha essa alegria na Sapucaí
“Sai de baixo” chegou a hora é a vez do povo do Borel
Em forma de samba a nossa homenagem a você, Miguel
Tijuca, escola de vida, és minha paixão
As lágrimas de outrora já não rolam mais
Se rolarem, é emoção

O povo do samba chamou
E fez de você um poema de amor
Na minha bandeira azul e amarela
Mais uma estrela Miguel Falabella

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