Imperatriz 2018: Escola surpreende com Maria Helena e Claudinho na comissão de frente

Desfile Imperatriz 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

A Imperatriz ousou no Carnaval 2018. Penúltima agremiação a desfilar no segundo dia de Desfiles do Grupo Especial, a escola de Ramos apresentou o enredo “Uma Noite Real no Museu Nacional”, assinado pelo carnavalesco Cahê Rodrigues. Na Verde, Ouro e Branca da Zona Norte desde 2013, o profissional propôs uma homenagem a um dos museus mais antigos do Brasil. Sediado na antiga residência oficial da Corte Portuguesa, o Museu Nacional abriga grande acervo de fauna, flora e história.

De dinossauros a borboletas, Cahê Rodrigues apresentou um desfile muito fácil de ser lido, com destaque para a união ente ousadia e tradição. A Imperatriz coleciona 8 títulos no Grupo Especial, tendo conquistado o tricampeonato nos anos 1999, 2000 e 2001. Há 16 anos a Imperatriz não recebe o título de campeã do Carnaval.

Enredo

Desfile Imperatriz 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

Bem discorrido, o enredo mostrou detalhes da história e conseguiu passar bem a proposta apresentada por Cahê Rodrigues. Não houve uma grande ousadia ou momento memorável, mas a escola cumpriu a proposta com um belo desfile e que deve garantir um bom resultado à Escola.

Um dos locais mais visitados da Cidade, e que abriga, além do Museu Nacional, o zoológico do Rio de Janeiro, a Quinta da Boa Vista, localizada no bairro de São Cristóvão, Zona Norte do Rio, serviu como residência da Família Real na chegada ao Rio. Com seus grandes jardins, possuía estética que remetia aos casarões europeus.

Desfile Imperatriz 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

Parte da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Museu Nacional foi mais um dos homenageados no Carnaval 2018. No primeiro dia de desfiles do Grupo Especial, a São Clemente homenageou o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, passando pelo celeiro da produção das artes no estado, a Escola de Belas Artes da UFRJ.

Comissão de frente

Desfile Imperatriz 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

A comissão de frente de Claudia Mota contou com uma ação inesperada. Consagrados no meio do samba, o antigo casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Maria Helena veio à frente, representando D. João VI e Maria, A Louca. A ala abriu o desfile da Imperatriz Leopoldinense sem o uso de tripés, apostando em mais 13 bailarinos que representavam a primeira instituição destinada ao colecionamento, onde colecionavam-se aves empalhadas. Vestidos de aves, os bailarinos mostravam a chegada da corte real.

Desfile Imperatriz 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

Em entrevista ao SRzd antes do desfile, Maria Helena comentou sobre o desafio de vir à frente da comissão de frente:

Eu jamais imaginei desfilar no lugar que eu vou desfilar

“Isso, para mim, é mole! Qualquer uma [fantasia] que colocar, eu me sinto tão rainha que me sinto leve. Pode estar pesada, mas eu digo que está leve igual à palha. A emoção de hoje é que eu jamais imaginei desfilar no lugar que eu vou desfilar. Eu venho na frente da comissão de frente”.

Para o comentarista Márcio Moura, a comissão de frente remeteu aos carnavais dos anos 1980:

A surpresa foi a participação de Maria Helena e Chiquinho

“Claudia Mota apresentou uma coreografia simples com movimentos sincronizados figurinos que lembravam os antigos carnavais com grandes costeiros. A surpresa foi a participação de Maria Helena e Chiquinho. Famoso e premiado casal da GRES Imperatriz Leopoldinense”.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Desfile Imperatriz 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

Abençoada pelo antigo casal da Imperatriz no final da apresentação da comissão de frente da escola, Thiaguinho Mendonça e Rafaela Theodoro representaram o pavilhão com maestria. A execução do trabalho foi muito boa, como avalia o comentarista do SRzd Mestre Manoel Dionísio:

Cada ano melhor.

“Cada ano melhor, mas tem que ser também porque eles tem condições para fazer o trabalho que eles querem, porque eles necessitam. Umas tem demais, outras tem de menos.”

Desfile Imperatriz 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

No terceiro box de jurados, um fato: renomada na sociedade carioca, a socialite Narcisa Tamborindeguy deu uma bola fora durante o desfile da Imperatriz. Visivelmente alterada, a personalidade passou em frente ao casal enquanto performavam para o júri, o que levou a momentos de tensão já que a presença de qualquer pessoa no momento da apresentação para os jurados pode atrapalhar o desempenho do segmento e lhes render alguns pontos a menos. Não foi o que aconteceu, mas os ânimos ficaram acalorados.

Bateria

Desfile Imperatriz 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

Em um ano com grandes baterias e trabalhos memoráveis, a Swing da Leopoldina fez um ótimo desfile. Com Mestre Lobo no comando, abusou das paradinhas muito bem executadas e de bossas realizadas com maestria.

Para Cláudio Francioni, especialista do SRzd, ponto positivo para a Swing:

A bateria da Imperatriz fez mais um desfile irretocável

“A bateria da Imperatriz fez mais um desfile irretocável, confirmando o nome de Mestre Lolo como um dos maiores talentos da nova geração. Um show de execução em todos os naipes e bossas extremamente musicais. Destaque para a ousadia de trazer para Avenida uma bossa que completa 30 anos de idade (foi criada pela Ilha em 1988) usando o gancho do enredo sobre museu.”

Substituindo Cris Vianna (2013-2017) à frente da bateria, no lugar que também foi de Luiza Brunet (1995–2005 e 2008–2012), Flávia Lyra fez um bom desfile. Cris Vianna instituiu um alto padrão na escola, e torcedores desavisados questionaram sobre a presença da beldade.

Samba e carro de som

Desfile Imperatriz 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

O canto durante todo o desfile foi bom. Arthur Franco, à frente do carro de som desde 2017, defendeu bem o grito de guerra da Imperatriz Leopoldinense.

Wanderlei Monteiro, especialista no segmento, elucida o comprometimento e bom trabalho do intérprete:

Mais um samba que deixa a gente cantarolando quando acaba

“Mais um samba que deixa a gente cantarolando quando acaba. Melodia sinuosa que cobre muito bem a letra dos 200 anos do Museu Nacional.
‘Voa tiê, tucano e arara…’ perfeito! Um dos melhores refrões de meio deste ano. Na segunda parte o samba continua crescendo em beleza até a entrega bem clássica para o final. O interprete Arthur Franco convoca toda Escola para girar e encantar a Avenida.”

Fantasias, alegorias e adereços

Desfile Imperatriz 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

As fantasias e alegorias da Imperatriz Leopoldinense mostram a que veio. Não são as mais bonitas, nem as mais memoráveis do Carnaval 2018, mas expressaram muito bem o objetivo do enredo. Em boa parte das alas, foi possível ver linearidade no trabalho de Cahê Rodrigues.

O abre-alas da Imperatriz trouxe a clássica arquitetura do Museu Nacional, abusando de candelabros e adereços em ouro.O local, que já abrigou a corte real, é um local extremamente importante para a história brasileira.

No curso do desfile, a escola de Ramos percorreu as diferentes exposições – permanentes e itinerantes – abrigadas no Museu. Elementos da fauna e da flora, múmias, foceis de dinossauros, entre outros. O trabalho, extremamente interessante, é de muito bom gosto.

Harmonia e evolução

Desfile Imperatriz 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

A escola passou bem na Avenida, fazendo um desfile leve, tranquilo e piamente descontraído, porém um fato chamou a atenção: com quase uma hora de apresentação, o último carro alegórico ainda não havia cruzado a Marquês de Sapucaí, fazendo a escola andar com maior rapidez para que o tempo máximo de 75 minutos não fosse ultrapassado.

A Imperatriz continua mostrando ser aquela escola tradicional. Nos últimos anos, tem mostrado um bom trabalho que rende bons posicionamentos desde a entrada de Cahê Rodrigues na escola. Há bastantes chances de a agremiação retornar para o desfile das campeãs.

 

Veja também:

– Vídeo: Rafaela Theodoro conta como controla ansiedade antes do desfile

– Intérprete da Imperatriz diz que ‘cantar samba-enredo é mais difícil do que cantar ópera’

– Mestre Lolo: ‘O trabalho vem dando certo há dois anos’

 

Veja fotos do desfile

Ficha técnica da escola

Fundação: 06/03/1959
Cores: Verde, Branco e Ouro
Presidente: Luiz Pacheco Drumond
Enredo 2018: “Uma noite real no Museu Nacional”
Diretor de Carnaval: Wagner Araújo
Carnavalesco: Cahê Rodrigues
Mestre de Bateria: Lolo
Rainha de Bateria: Flávia Lyra
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Thiaguinho Mendonça e Rafaela Teodoro
Comissão de Frente: Claudia Mota

Samba-enredo

Onde a musa inspira a poesia
A cultura irradia o cantar da Imperatriz
É um palácio, emoldura a beleza
Abrigou a realeza, patrimônio é raíz
Que germinou e floresceu na colina
A obra-prima viu o meu Brasil nascer
No anoitecer dizem que tudo ganha vida
Paisagem colorida deslumbrante de vivier
Baailam meteoros e planetas
Dinossauros, borboletas
Brilham os cristais
O canto da cigarra em sintonia
Relembrou aqueles dias que não voltarão jamais

Voa tiê, tucano e arara
Quero-quero ver onça pintada
Os tambores ressoaram, era um ritual de fé
Para o rei de Daomé, para o rei de Daomé

A brisa me levou para o Egito
Onde um solfejo lindo da cantora de Amon
Ecoa sob a lua e o sereno
Perfumando a deusa vênus sem jamais sair do tom
Marajó, Carajá, Bororó
Em cada canto um herdeiro de Luzia
Flautas de chimus e incas
Sopram pelas grimpas linda melodia
A luz dourada do amanhecer
As princesas deixam o jardim
Os portões se abrem pro lazer
Pipas ganham ares
Enconstros populares
Decretam que a Quinta é pra você

Gira coroa da majestade
Samba de verdade, identidade cultural
Imperatriz é o relicário
No bicentenário do Museu Nacional

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