Estácio de Sá 2018: Escola bota a banca na Avenida em desfile que uniu tradição e modernidade

Desfile da Estácio de Sá 2018. Foto: SRzd/Juliana Dias

Desfile da Estácio de Sá 2018. Foto: SRzd/Juliana Dias

Sempre muito aguardada, a Estácio de Sá foi a última a pisar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí na primeira noite de desfiles da Série A. A agremiação, como de costume, mostrou a força da sua comunidade em um desfile que uniu tradição e modernidade. A escola apresentou o enredo “No pregão da folia, sou comerciante da alegria e com a Estácio boto banca na Avenida”, desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, e passou alegre e divertida pela Sapucaí.

Uma das curiosidades entre a escola e o carnavalesco é que Tarcísio Zanon comemorou seu aniversário nesta sexta (9), dia da apresentação da agremiação em que realizou seu primeiro trabalho solo na carreira. Além disso, a Estácio comemora 90 anos em 2018, já que a Deixa Falar, escola que de origem à agremiação, foi fundada em 1928.

A Estácio de Sá, campeã do Grupo Especial em 1992 e desde 2017 na Série A, de acordo com o comentarista do SRzd Hélio Rainho, manteve o mesmo nível de apresentação das demais agremiações do primeiro dia de desfiles e não conseguiu se destacar na noite. É preciso esperar os desfiles deste sábado (10) para se ter uma posição a respeito de briga pelo título.

Desfile da Estácio de Sá 2018. Foto: SRzd/Juliana Dias
Desfile da Estácio de Sá 2018. Foto: SRzd/Juliana Dias

Enredo

A escola apostou no comércio popular, através do enredo “No pregão da folia, sou comerciante da alegria e com a Estácio boto banca na Avenida”, para vencer e voltar ao Grupo Especial. Com um tema que pôde ser considerado ‘a cara’ da Estácio, a agremiação defendeu o enredo em quatro setores no desfile. Em janeiro, o carnavalesco explicou, resumidamente, o que se pretendeu mostrar na apresentação.

“A gente abriu com o escambo, com o toma lá dá cá. O próprio locutor do enredo é o próprio Estácio de Sá. Quando ele chegou aqui, ele conseguiu o apoio da tribo tamoio através do escambo. Então, a Estácio entende que o Rio de Janeiro foi fundado a partir dessa primeira forma de comércio. No segundo setor, a gente fez uma grande homenagem ao período colonial e aos comerciantes de rua, principalmente os escravos de ganho. No terceiro, a gente homenageou os imigrantes. Com a abolição da escravatura, o Rio de Janeiro, nessa época, precisava de mão-de-obra especializada e eles vieram pra cá. No fim, a gente abordou os grandes mercados contemporâneos: a Feira de São Cristóvão, o Mercadão de Madureira, o Cadeg”, disse Zanon.

Na opinião do comentarista do SRzd Hélio Rainho, a representação do tema em alegorias e fantasias se deu de forma clara. “Plasticamente, a leitura foi correta e de fácil entendimento. Deu pra identificar todos os elementos”. Apesar disso, Hélio criticou a falta de algo ‘novo’ no desfile: “O enredo trouxe elementos que já passaram muitas vezes pela Avenida. Não vi nada de novo que pudesse considerar relevante”.

Desfile da Estácio de Sá 2018. Foto: SRzd/Juliana Dias

Comissão de frente

Capitaneada pela estreante no posto, Ariadne Lax, a comissão de frente da Estácio de Sá apresentou uma coreografia alegre e divertida que arrancou aplausos do público e dos jurados presentes nos módulos 1 e 2 de julgamento. A apresentação se dividiu em duas partes. Na primeira, os integrantes representavam a chegada dos portugueses no Brasil e o relacionamento com os índios. Na segunda, os componentes transformavam caixas em bancas de venda e homenageavam os 90 anos da escola.

“Tem que chegar chegando mesmo, com sangue nos olhos. Ensaiamos muito para mostrar a que viemos aqui na Avenida. É uma trupe de palhaços que conta de uma forma resumida o enredo em dois atos”, disse a coreógrafa.

Na opinião do comentarista do SRzd Márcio Moura, a comissão foi uma das mais bem vestidas da noite e serviu para abrir de forma satisfatória o desfile da Estácio de Sá.

“Ariadne Lax estreia com o pé direito na Marquês. Em função dupla (responsável pela coreografia dos casais da escola e comissão de frente), sua comissão foi uma das mais bem vestidas da noite. Como um espetáculo teatral, contou a história em dois atos. Caixas que viraram barraquinhas de venda foram bastantes aplaudidas”.

Desfile da Estácio de Sá 2018. Foto: SRzd/Juliana Dias

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

O experiente casal José Roberto e Alcione se apresentou, por mais um ano, pela Estácio de Sá. A dupla vestiu uma fantasia vermelha, branca e prata e representou “O Escambo”. A porta-bandeira conversou com o SRzd sobre a sensação de levar o pavilhão da escola: “É uma emoção muito grande e é para fechar com chave de ouro! Trabalhamos muito para isso, para mostrar que a Estácio está pronta para voltar ao Grupo Especial”.

A dupla agradou os especialistas do SRzd no quesito, Mestre Manoel Dionísio e Eliane Santos de Souza. Segundo Dionísio, foi “uma apresentação muito boa. Foi muito bonito. O que mais me chamou atenção foi que eles realizavam giros rápidos e voltavam para um ritmo mais lento sem perder o sincronismo e a suavidade”. A comentarista concordou com seu parceiro de equipe: “Casal maravilhoso! No início, eu estranhei os giros mais rápidos, mas depois eu entendi. Eles alternavam e, na hora da cabine dos jurados, se apresentaram com muita leveza e com bailado tradicional”.

Desfile da Estácio de Sá 2018. Foto: SRzd/Juliana Dias

Bateria

O estreante Mestre Gaganja não se intimidou e comandou os ritmistas da Medalha de Ouro, como é conhecida a bateria da Estácio de Sá. Os componentes tiveram a aprovação do comentarista do SRzd Bruno Moraes. “Bateria com uma pegada e energia impressionante e com bossas muito fortes. Gaganja fez uma estreia com muita personalidade”.

Desfile da Estácio de Sá 2018. Foto: SRzd/Juliana Dias

Samba e carro de som

O samba-enredo que a Estácio levou para o Sambódromo teve a assinatura dos compositores Alexandre Naval, Filipe Medrado, Luiz Sapatinho, Pelé, Thiago Sousa, William do Salão e Diego Tavares. A responsabilidade de interpretar a obra foi do intérprete Serginho do Porto e sua equipe que compôs o carro de som da agremiação.

De acordo com Wanderley Monteiro, compositor e comentarista do SRzd, o samba da Estácio funcionou para animar a comunidade: “Estácio com um samba pra cima em virtude de ser a última botou o estaciano para cantar e realizar um bom desfile”, comentou. A respeito da performance do carro de som, Wanderley aprovou a atuação de Serginho do Porto.

Desfile da Estácio de Sá 2018. Foto: SRzd/Juliana Dias

Fantasias e alegorias e adereços

A Estácio de Sá veio alegre e colorida como o enredo pede. Segundo Hélio Rainho, comentarista do SRzd, a plástica da agremiação teve bom gosto, porém, com cores que poderiam ter sido melhor trabalhadas pelo carnavalesco Tarcísio Zanon. Hélio criticou o tom de vermelho usado no abre-alas, que deixou o carro ‘pesado’.

O abre-alas, alegoria preferida do carnavalesco Tarcísio Zanon, apresentou problemas na concentração. A parte superior do segundo acoplamento da alegoria despencou e passou quebrada pela Avenida. Felizmente, nenhum componente ficou ferido com o incidente.

O segundo carro também poderá fazer a agremiação perder décimos na apuração, pois passou apagado, devido à falha de iluminação. O tão esperado leão, símbolo da escola, veio apenas no último carro, adornados de LED’s que evocaram a modernidade que a escola se propôs a trazer.

Desfile da Estácio de Sá 2018. Foto: SRzd/Juliana Dias

Harmonia e evolução

Os componentes da vermelho e branca fizeram bonito na Marquês de Sapucaí. O canto da comunidade, marca da agremiação, se fez presente no desfile. A evolução ocorreu sem problemas. Alas permaneceram compactas e desfilantes passaram brincando e sambando pela Avenida.

Desfile da Estácio de Sá 2018. Foto: SRzd/Juliana Dias

Veja fotos do desfile

 

Ficha técnica

Local: Estácio, Rio de Janeiro
Fundação: 27 de fevereiro de 1955
Cores: Vermelho e branco
Símbolo: Leão
Campeonatos no Especial: 1992
Colocação em 2017: 3º lugar – Série A
Presidente: Leziário Nascimento
Carnavalesco: Tarcísio Zanon
Intérprete: Serginho do Porto
Diretores de Carnaval: Marcão Selva e Marcos Alexandre
Diretores de Harmonia: Julinho Fonseca e Walmir Cerilo
Mestre de Bateria: Gaganja
Rainha de Bateria: Elaine Azevedo
1º casal de mestre-sala e porta-bandeira: José Roberto e Alcione
Comissão de frente: Ariadne Lax
Enredo 2018: “No pregão da folia, sou comerciante da alegria e com a Estácio boto banca na Avenida”
Número de carros alegóricos: 04

Samba-enredo

Compositores: Alexandre Naval, Filipe Medrado, Luiz Sapatinho, Pelé, Thiago Sousa, William do Salão e Diego Tavares

RAIOU O ESPLENDOR DE UM NOVO DIA
A MELHOR MERCADORIA TENHO AQUI PRA OFERTAR
EU SEI, TUDO TEM O SEU PREÇO
GANHEI O TEU APREÇO, VIM DE ALÉM MAR
DO ESCAMBO NASCE A UNIÃO
E O NATIVO É PROTETOR DO NOSSO CHÃO
VI NESTA CIDADE
A NEGRA FORÇA QUE LUTOU POR LIBERDADE
NAS AQUARELAS DE DEBRET
SER VENDEDOR É UMA ARTE

QUEM VAI QUERER? QUEM QUER COMPRAR?
TEM ALEGRIA, AMOR, PODE CHEGAR
DE PORTA EM PORTA, LEVO O MEU TESOURO
SOU O POVO, SOU ESTÁCIO DE SÁ!

O IMIGRANTE COM ESPERANÇA APORTOU
TRABALHADOR, BRAÇO FORTE DA NAÇÃO
E NO “ME DÊ ME DÁ”, COMÉRCIO POPULAR
NA FEIRA LIVRE TEM DESCONTO PRA VOCÊ
E NO “ME DÁ ME DÊ”, NO “TOMA LÁ, DÁ CÁ”
BOM E BARATO TEM DE TUDO PRA VENDER
EU SOU MERCADOR DESSA FOLIA
SAMBISTA “DE BERÇO”, DE CORPO E ALMA
NA ERA DA MODERNIDADE
SOU TRADIÇÃO, UMA ESCOLA DE VERDADE

BOTA BANCA NA AVENIDA… MEU LEÃO
BATE NO PEITO, DESCE O SÃO CARLOS
É MEU ORGULHO MAIOR… “DEIXA FALAR”
PRA SEMPRE VOU TE AMAR

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