Chiquinho da Mangueira vota pela soltura de deputados e revolta sambistas

Chiquinho da Mangueira. Foto: Reprodução/Facebook

Chiquinho da Mangueira. Foto: Reprodução/Facebook

O samba e a política estão ligados desde sempre. Além da relação das escolas com a prefeitura e a dependência dos desfiles, muitos dirigentes de agremiações já exerceram ou exercem cargos públicos. Um deles é Chiquinho da Mangueira, atual presidente da verde-rosa e deputado estadual pelo ‘PODE’, que revoltou sambistas ao votar a favor da soltura de três deputados – Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi – nesta sexta-feira (17) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Chiquinho também faz parte da Comissão de Constituição e Justiça da Alerj e já havia votado pelo parecer favorável à soltura no início da tarde. Na votação em plenário, o presidente da Mangueira manteve o voto e colaborou para que os deputados, presos na quinta-feira (16) por decisão de desembargadores federais do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), fossem soltos ainda nesta sexta.

Logo após a votação, sambistas e torcedores da Mangueira não perdoaram o presidente pela decisão. Zé Paulo Sierra, ex-intérprete da verde e rosa, criticou Chiquinho através de um post, em seu perfil pessoal no Facebook, que foi apagado logo depois: “Pra evitar brigas, debates ofensivos e principalmente por justiça a EPM. Post cancelado. Mas a opinião sobre o deputado não muda !! #lamentavel”, declarou o intérprete.

Outro a criticar a decisão da Alerj e o voto de Chiquinho foi Cid Carvalho, carnavalesco da escola em 2012, 2013 e 2015. Cid, inclusive, saiu da Mangueira após o Carnaval 2015, depois de diversos desentendimentos com o presidente.

Cid Carvalho critica decisão da Alerj. Foto: Printscreen Facebook.
Cid Carvalho critica deputados que votaram pelo parecer favorável à soltura dos deputados, entre eles, Chiquinho da Mangueira. Foto: Printscreen Facebook.

Torcedores da agremiação também não pouparam críticas a Chiquinho e expressaram descontentamento na página oficial da escola:

Torcedores da Mangueira criticam posição do presidente Chiquinho. Foto: Printscreen Facebook.

CHIQUINHO DA MANGUEIRA SE EXPLICA

Procurado pelo SRzd, Chiquinho da Mangueira comentou o caso e explicou seu voto a favor da soltura dos deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi:

“A gente não tirou a responsabilidade de ninguém. Eles vão continuar sendo investigados. Se for provado tudo o que os delatores alegam, eles serão condenados, presos e perderão os mandatos. O que a gente não pode é rasgar a constituição do país. Primeiro, que um deputado tem foro privilegiado; segundo, que ainda não há nenhuma prova contra as pessoas que estão sendo investigadas; terceiro, ninguém anulou nada, eles vão continuar sendo investigados”.

Chiquinho alegou que a decisão dos desembargadores federais do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) foi antecipada e afirmou ter respeitado a lei:

“Os três poderes são independentes e devem caminhar de forma harmoniosa. O Judiciário está tomando uma atitude antecipada. Se você fizer uma coisa de errado, você não tem o direito de se defender? Então, pelo foro privilegiado, os deputados só são presos se forem pegos em flagrante. O que não é o caso deles ainda, pode ser que seja lá na frente. A gente respeitou aquilo que a gente mais tem que pregar, que é a lei”.

O presidente também deixou claro que não há nenhuma relação do enredo da Mangueira para o Carnaval 2018 – “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco” – com o seu posicionamento na Alerj nesta sexta (17).

“Tem nada a ver o enredo da Mangueira com o voto, tanto que o resultado foi 39 a 18 (a favor da soltura dos deputados). As pessoas estão interpretando de uma forma muito mais emotiva do que racional. Mas a minha posição foi de um voto com a consciência tranquila por cumprir minha posição como legislador, respeitando a Constituição de 1988”, concluiu Chiquinho.

 

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