Cadência da bateria e festa da comunidade marcam gravação da Grande Rio
Comunidade da Grande Rio lotou a Cidade do Samba. Foto: SRzd
A Grande Rio sorriu na última terça-feira (16), e não foi “da desgraça alheia”. Ao contrário, a escola teve ótimos motivos para sair feliz da Cidade do Samba após a gravação de coro e bateria para o CD do Grupo Especial 2019. Os destaques ficaram por conta do novo estilo da Invocada, agora comandada por mestre Fafá, e do minidesfile que a escola realizou antes de entrar no local de gravação.
Por volta das 19h, os ritmistas da tricolor de Caxias subiram ao palco para o início da captação da base. Com um andamento de 142 bpm, mestre Fafá optou por uma primeira passagem com menos presença da bateria, valorizando tantã, atabaque e pandeiro. Na segunda, os ritmistas entram com uma convenção na cabeça e ainda realizam outra na segunda parte da obra. O grupo levou pouco mais de 25 minutos para concluir a gravação. Sempre atento, Laíla, produtor do CD, orientou Fafá em relação à retomada das caixas na segunda bossa realizada.
Para Evandro Malandro, que estreia no microfone principal da Grande Rio em 2019, o trabalho do novo mestre de bateria procura resgatar a cadência da Invocada de outros carnavais. “Se você pegar o andamento dos sambas da Grande Rio de 2000 e 1990, você vê que o andamento era mais cadenciado. O pessoal da bateria, junto com o Fafá, quis fazer essa mudança, e precisava. Foi um casamento perfeito”, disse.
Concluída a gravação, os ritmistas se dirigiram ao lado de fora do espaço montado e realizaram um minidesfile junto da comunidade que havia chegado para o coro. Casais, baianas, velha guarda, passistas e demais alas fizeram festa na Cidade do Samba. O intérprete exaltou o clima da escola: “Eu estou muito feliz e animado, cheio de vontade de cantar na Avenida e esperando ansiosamente os ensaios técnicos. Quem esteve aqui hoje, viu a união da comunidade de Caxias. Estamos numa linha diferente do que vínhamos, mas com a mesma pegada”.
Já no local de gravação, a comunidade ensaiou as pequenas mudanças de tom que a escola, junto de Laíla, realizou no samba. Além disso, a palavra ‘se’ foi retirada da parte “Se o espinho fere a flor”, ficando “O espinho fere a flor”. Após algumas tentativas, a agremiação concluiu a captação do som. O diretor de Carnaval Thiago Monteiro comandou a comunidade do palco e elogiou o samba que representa o enredo “Quem nunca…? Que atira a primeira pedra”.
O samba tem momentos de explosão e diferenças de modulação
“É um samba que tem momentos de explosão e diferenças de modulação em algumas partes. Estou muito satisfeito, porque vejo que estamos em um caminho muito bom. O samba vai nos atender e já nos atende ao que a gente precisa. É uma obra muito boa e funcional. Quando vemos o rosto de cada componente e temos esse ‘feedback’, conseguimos ver que o caminho está sendo bem trilhado”, comentou.
Evandro Malandro, em conversa com o SRzd, brincou com o fato de, novamente, cantar um samba de Claudio Russo. O intérprete era da Renascer de Jacarepaguá, que nos últimos anos encomendou as obras ao compositor. “Eu dou muita sorte. Meus amigos brincam que na minha vida inteira eu só posso cantar música do André Diniz e do Claudio Russo. Graças a deus, eu só desfilei com samba desses meninos”, riu.
Faixa sem alusivo
Diferente de algumas escolas que escolhem uma introdução mais elaborada na faixa do CD, a Grande Rio optou por não ter alusivo. O áudio iniciará com arranjos e grito de guerra do intérprete Evandro Malandro. “Em conversa com a diretoria, com o Fafá e o Evandro, decidimos que seria melhor que o samba fosse divulgado logo. Não adiantar fazer muito floreio”, justificou o diretor de Carnaval Thiago Monteiro.
Outra novidade é que a obra começará pelo verso “Tá errado/Não importa quem errou” e não pelo refrão principal, como a maioria das escolas. “Vamos iniciar na cabeça do samba, diferente do nosso áudio de divulgação. Preferimos assim para a composição poder contar toda a história e explodir no ‘Renasce a Grande Rio’ e no refrão principal”, contou o diretor.
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