Bruno Moraes. Foto: Acervo pessoal

Bruno Moraes

Comentarista de bateria do SRzd e diretor do Troféu Bateria. Facebook: Bruno Moraes

Bateria de escola de samba e a crise

Bateria. Foto: Reprodução

Bateria de uma escola de samba é a maior ala dentro de uma agremiação, com maior número de ensaios, maior número de quesitos envolvidos (bateria, harmonia, samba-enredo, dentre outros), a primeira a entrar no desfile, a última a sair e uma cobrança gigantesca sobre o trabalho de cada ano. Como são as pessoas que mais tempo passam dentro de uma quadra de escola de samba, automaticamente são formadoras de opinião e grande responsável pelo ambiente de uma instituição do samba.

Com a crise financeira no Carnaval do Rio de Janeiro, muitas baterias estão com dificuldades para ensaiar e montar seu trabalho para o Carnaval de 2018. Algumas escolas atrasaram seus ensaios de bateria por falta de verba para manutenção dos instrumentos, para montar um som e até para conseguir aquela água e refrigerante para seus ritmistas, diretores e mestres. O ritmista é um voluntário e precisa ser tratado com respeito! Sem bateria, não há desfile, mas se colocar somente a bateria lá para tocar, pode ter certeza que virá um grupo atrás desfilando.

Não é de hoje que a falta de respeito com ritmistas de escolas de samba acontecem. Descaso, shows “0800”, escola de samba convidando a outra sem que o ritmista receba nada em troca, enfim, por que a bateria de uma escola de samba é a primeira a sofrer com a crise?

Um coreógrafo de comissão de frente de ponta é contratado por cerca de R$ 300 mil. Existem escolas que sequer pagam salário para Mestres de bateria e diretores.

Anualmente, uma bateria gasta com material para manutenção entre 10 mil e 40 mil reais, para o ano todo. Ensaios 2 ou 3 vezes por semana, desfile, shows e muitos desses a escola é remunerada por isso.

Algumas baterias do Grupo Especial estão com a situação normalizada e sem impacto no trabalho, mas no Grupo de Acesso a grande maioria passa por dificuldade.

Como diz o samba da Mangueira, de qualquer maneira bateremos na “lata para o povo sambar”, mesmo que seja para aquele que bebe Whisky 18 anos e Champagne. “Não vamos derrubar o portão para resgatar nosso respeito”, queremos apenas o reconhecimento da importância de uma bateria dentro de uma agremiação de samba. Não podemos deixar que uma bateria seja uma das áreas mais impactadas com a crise. O capital humano é o que se tem de mais importante dentro do samba ou qualquer comunidade.

*Bruno Moraes é comentarista de bateria do SRzd e diretor do Troféu Bateria

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