Análises dos comentaristas: Unidos da Tijuca, Portela, Ilha, Salgueiro, Imperatriz e Beija-Flor

Desfile Unidos da Tijuca 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

Mais seis escolas passaram pela Marquês de Sapucaí nesta segunda-feira de Carnaval e encantaram o público. O time de comentaristas do SRzd esteve presente, mais uma vez, acompanhando todos os detalhes e analisou o desempenho das escolas em diferentes quesitos. Assista a seguir:

Unidos da Tijuca

Cláudio Francioni (bateria):

Manoel Dionísio (casal de mestre-sala e porta-bandeira):

Eliane Souza (casal de mestre-sala e porta-bandeira):

Luis Fernando Reis (harmonia e evolução):

Rachel Valença (desfile e conjunto):

“O desfile da Unidos da Tijuca não confirmou a expectativa negativa causada pelos vistos de que, abrindo o desfile de segunda, a escola não se dispunha a gastar sem ter a possibilidade de título. Nada disso. A escola veio com tudo. Apesar do samba fraco, de rimas óbvias, apesar da falta de estilo do visual, o componente foi à luta em busca de recuperar sua posição arranhada pelos tristes eventos do Carnaval passado. Suou a fantasia nem sempre bonita e animou a escola. Muito ajudou, nesse sentido, a bateria de mestre Casagrande, brilhando, como sempre, mas dessa vez fazendo mais: botando no lugar o samba-enredo, para alegria do componente”.

Wanderley Monteiro (samba e carro de som):

“O samba-enredo da Unidos da Tijuca, com letra de versos bem feitos, vem contando a história de Miguel Falabella desde o tempo de sua infância na Ilha do Governador até seus últimos trabalhos. A escola sabia que precisava apagar a imagem do desfile de 2017, e Mart’Nália, Marcelinho Moreira e seus parceiros fizeran uma melodia bonita, leve e empolgante, tarefa que o carro de som capitaneado pelo Tinga soube fazer muito bem convocando a comunidade do Borel para homenagear o Arcanjo Miguel”.

Portela

Bruno Moraes (bateria):

Manoel Dionísio (casal de mestre-sala e porta-bandeira):

Hélio Rainho (enredo, fantasias e alegorias):

Rachel Valença (desfile e conjunto):

“O casamento de Rosa Magalhães com a Portela pode até ter vida curta, como é típico de nossos tempos. Mas se terminar será uma pena. Porque o capricho característico da carnavalesca tem tudo a ver com a exigente alma portelense. Foi um lindo desfile, ainda que o samba não tenha tido o desempenho que se anunciava. Não por culpa do intérprete. Gilsinho foi muito bem. Menos ainda por culpa da bateria, que brilhou com samba puro. Desfiles como esse são o caminho pra livrar a Sapucaí do rave que nos assola desrespeitosamente. Território sagrado do samba, é ele que deve brilhar soberano aqui, como o fez hoje a Portela”.

Wanderley Monteiro (samba e carro de som):

“A Portela trouxe para Sapucaí o seu hino com letra, sotaque e balanço nordestino, permitido pela história que conta o enredo. Uma melodia mais tradicional, sem variações que Gilsinho com seu talento soube explorar e colocou a comunidade de Oswaldo Cruz e Madureira para conduzir a Águia em seu desfile”.

União da Ilha

Cláudio Francioni (bateria):

Manoel Dionísio (casal de mestre-sala e porta-bandeira):

Eliane Santos de Souza (casal de mestre-sala e porta-bandeira):

Rachel Valença (desfile e conjunto):

A União da Ilha perdeu, neste desfile, boas oportunidades. Uma delas, a de apresentar uma comissão de frente no chão, o mínimo de resto de tradição que se exige. E hoje esse mínimo é mínimo mesmo. A segunda oportunidade perdida foi de ter uma baiana autêntica, daquelas saudosas que vendiam comida na rua. Por que as penas? A oportunidade de aproveitamento das possibilidades de uma escola tricolor também passou longe e a excessiva mistura de cores não deu muito certo. Por fim, a oportunidade de ter um samba coerente com a brincadeira que era o enredo. Enquanto este trabalhava com o lúdico dos ingredientes, o samba abordava o tema com seriedade. Faltou graça. ‘Saudade de você, Didi'”.

Wanderley Monteiro (samba e carro de som):

“Chegou a hora da Merenda. O samba já na primeira parte mostra um falso refrão, duas estrofes de três versos com pequena mudança de letra de uma para outra e a mesma melodia deixando a impressão de ser um refrão ou um bis completo. Um farnel muito bem resolvido principalmente na segunda parte do samba que entra em menor para bailar mais leve. Ito Melodia, com sua potência de voz, volta em maior para explodir no refrão final, principalmente com a participação fundamental da comunidade. A Ilha desfilou com um bom samba”.

Salgueiro

Bruno Moraes (bateria):

Manoel Dionísio (casal de mestre-sala e porta-bandeira):

Eliane Souza (casal de mestre-sala e porta-bandeira):

Hélio Rainho (enredo, fantasias e alegorias):

Wanderley Monteiro (samba e carro de som):

“Salgueiro trouxe um samba bem Salgueiro. Um samba que identifica a escola, e até por isso levantou setores da arquibancada. Melodia em lamento quando a letra pede, sem perder o pique e a alegria de cantar da vermelho e branco da Tijuca”.

Rachel Valença (desfile e conjunto):

“Quando a gente se perguntava como o Salgueiro sobreviveria sem Renato Lage, vem Alex de Souza e nos dá essa beleza inebriante. O Salgueiro é uma escola de sorte. Nós também. Vivemos para ver um desfile inesquecível. A sucessão de cores, as esculturas perfeitas, a sensibilidade da abordagem ao feminino, tudo maravilhoso”.

Imperatriz

Manoel Dionísio (casal de mestre-sala e porta-bandeira):

Eliane Santos de Souza (casal de mestre-sala e porta-bandeira):

Cláudio Francioni (bateria):

“A bateria da Imperatriz fez mais um desfile irretocável, confirmando o nome de Mestre Lolo como um dos maiores talentos da nova geração. Um show de execução em todos os naipes e bossas extremamente musicais. Destaque para a ousadia de trazer para Avenida uma bossa que completa 30 anos de idade (foi criada pela Ilha em 1988) usando o gancho do enredo sobre museu”.

Marcio Moura (comissão de frente):

“Claudia Motta apresentou uma coreografia simples com movimentos sincronizados. Figurinos que lembravam os antigos Carnavais com grandes costeiros. A surpresa foi a participação de Maria Helena e Chiquinho. Famoso e premiado casal da Imperatriz Leopoldinense”.

Wanderley Monteiro (samba e carro de som):

Mais um samba que deixa a gente cantarolando quando acaba. Melodia sinuosa que cobre muito bem a letra dos 200 anos do Museu Nacional. “Voa tiê, tucano e arara…” perfeito, um dos melhores refrões de meio deste ano. Na segunda parte, o samba continua crescendo em beleza até a entrega bem clássica para o final. O interprete Arthur Franco convoca toda escola para girar e encantar a Avenida”.

Rachel Valença (desfile e conjunto):

“A Imperatriz teve a sorte de desfilar com um samba de excepcional qualidade. Mas o Carnaval tem seus caprichos e a gente é levado a recordar Fernando Pamplona, que não ouvia samba-enredo em disco antes do Carnaval. Só o desempenho na Avenida interessava. O samba da Imperatriz não garantiu o entusiasmo do componente, pouco à vontade em fantasias pesadas. Não houve excesso de luxo e riqueza, apenas falta de empolgação. Merece destaque a elegância da Velha Guarda em seu traje de época. Um grupo pequeno, mas movido pelo amor à sua escola, um dos valores autênticos que saltam aos olhos”.

Beija-Flor

Manoel Dionísio (casal de mestre-sala e porta-bandeira):

Eliane Souza (casal de mestre-sala e porta-bandeira):

Rachel Valença (desfile e conjunto):

“A Beija-Flor que se viu na Avenida em 2018 nada tem a ver com sua imagem anterior. Onde está a escola animada e disciplinada, rica e luxuosa, que ao longo dos anos conquistou tantos torcedores?
O que mais fez falta ao desfile foi enredo. Não havia começo, meio e fim. De geleira a punk nordestino, um desfile de carros sem beleza e sem acabamento. Peço perdão aos torcedores, mas nem os componentes pareciam convencidos do novo discurso da escola. De fato, não é com um teatrinho de escola primária que se muda a sociedade. Sinto muito”.

Bruno Moraes (bateria):

“O belo desfile da bateria da Beija-Flor teve como seu grande destaque o andamento. Aquela batucada autêntica e swingada, que já é característica da bateria do mestre Rodney. Fez boas apresentações nas cabines 1, 2 e 3, porém no módulo 4, o a bateria não foi tão firme quanto nos demais. No geral, foi um ótimo desfile do povo de Nilópolis”.

Wanderley Monteiro (samba e carro de som):

“Os desfiles deste ano terminaram no mais alto nível, só pra falar de samba-enredo. “…teu livro eu não sei ler, Brasil / Mas o samba faz essa dor no peito ir embora / Feito um arrastão de alegria e emoção /
o pranto rola…”. Que samba é esse? Como não bastasse a mensagem, uma melodia arrebatadora. Nem precisava ser Beija-Flor para ver o show que a comunidade deu. Nas arquibancadas, bandeiras tremulavam. Neguinho, já na terça, fechou a segunda com chave de ouro”.

*em instantes, mais análises

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