Portela faz desfile primoroso. Sapucaí a consagra. Pode levar o título

“Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver este rio passar?”. Cantando este enredo, a Portela brilhou na Marquês de Sapucaí na madrugada desta terça-feira (28), sendo a penúltima escola a desfilar: se destacou em vários quesitos, mostrou emoção, chão forte e plástica de muita qualidade. Não foi nota 10 apenas em efeitos especiais. Fez, com folga, o melhor desfile destes dois dias do Grupo Especial do Rio de Janeiro.

– No final da reportagem, você confere as análises em vídeo do desfile da Portela

Foto: Juliana Dias

Alegorias bem acabadas e fantasias volumosas

Nas alegorias, acabamento impecável e soluções com a assinatura do carnavalesco Paulo Barros. Nas fantasias, muito volume e bom gosto; junto neste pacote, evolução tranquila e sem achatar seus componentes, que brincaram Carnaval e contribuíram para o sucesso desta apresentação.

Foto: Juliana Dias

Carro de som e bateria também se destacam

Sabe-se que um bom enredo dá bom samba. Na Portela, isso aconteceu e com louvor. O intérprete Gilsinho cumpriu seu papel com maestria, com ajuda de seu carro de som e ainda de mestre Nilo Sérgio. Sapucaí cantou, desfilantes retribuíram. Foi sensacional.

Foto: Juliana Dias

Houve catarse em vários outros momentos do desfile. A começar pela comissão de frente, assinada por Leo Senna e Kelly Siqueira: representou a piracema, fenômeno que se dá quando peixes nadam contra correnteza. Um enorme elemento alegórico complementou a performance dos 15 componentes-peixes.

Foto: Juliana Dias
Foto: Juliana Dias

Dando continuidade à sua narrativa sobre vários aspectos que envolvem rios, Paulo Barros trouxe também questões religiosas. Viu-se, por exemplo, no primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Alex Marcelino e Danielle Nascimento, as fantasias “Oxum e Oxóssi”.

Foto: Juliana Dias

No abre-alas, veio a “Fonte da Vida”, curiosamente em tons dourados e com belo efeito de luz. Teria nascido aí, segundo concepção da escola, o rio azul e branco portelense. Logo após, um setor representou mitos relacionados à água de rios.

Foto: Juliana Dias
Foto: Juliana Dias

O segundo carro, também muito impactante, mostrou o Egito e o Rio Nilo. Efeitos especiais faziam barquinhos irem de um lado a outro. Na saia, várias esfinges também imprimiram bom gosto e primoroso acabamento.

Foto: Juliana Dias
Foto: Juliana Dias

O setor seguinte mostrou os rios e os aspectos naturais, mais uma vez, de “encher as medidas”. Alas representavam animais como crocodilos, além de mananciais, e até mesmo lendas indígenas como o “Boto Cor-de-Rosa”. A terceira alegoria, de nome “Boiuna”, complementou a narrativa: a enorme cobra, fruto da lenda amazonense que impera entre os ribeirinhos, veio circundada com mais um efeito especial: jangadas nas laterais arrancaram aplausos do público.

Foto: Juliana Dias
Foto: Juliana Dias

Se até este momento o desfile da Portela era emocionante, outro setor potencializaria ainda mais este sentimento: a quarta alegoria, “Um rio que era doce”, fez alusão ao absurdo desastre sofrido por Mariana, cidade mineira, e outros locais afetados pela negligência dos responsáveis. Com cópia quase que fiel às imagens horríveis divulgadas pela mídia, teve um ponto alto: um rapaz, caracterizado de morador, veio “chorando” .

Foto: Juliana Dias

Deixando para traz a tristeza, a Portela abordou no quinto carro “A Canção do Rio dos Pássaros”, menção à poesia do cancioneiro paraguaio Aníbal Sampayo, com direito à performance com “pássaros voadores”. Com destaque ao tom azul do elemento e as multicores dos bichos.

Foto: Juliana Dias

A Portela encerrou a narrativa com um setor em sua exaltação:  “Meu coração se deixou levar” relembrou figuras que marcaram seus 94 anos. Na última alegoria, acoplada, veio o “Altar do Carnaval”, e junto a ele personalidades portelenses, além de uma homenagem a Oxum.

Análise de enredo, fantasias e alegorias:

Análise de comissão de frente:

Análise de bateria e carro de som:

Análise de casal de mestre-sala e porta-bandeira:

Análise do segundo dia de desfiles:

Foto: Juliana Dias
Foto: Juliana Dias

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