Mocidade Independente faz desfile quase impecável e sonha com quebra de tabu

“Sonha, Mocidade!” Pela primeira vez após muitos Carnavais, a verde e branco de Padre Miguel tem motivos de sobra para levar em conta a sugestão do explosivo refrão e vislumbrar um “céu de Sherazade” na quarta-feira de cinzas. Terceira escola a pisar na Marquês de Sapucaí nesta segunda (27), a Mocidade fez um desfile praticamente impecável, se credenciando a um título que não aparece pelas bandas da Vila Vintém desde 1996. A agremiação levou as belezas naturais e culturais do Marrocos para a Avenida com o enredo “As Mil e uma Noites de uma Mocidade pra lá de Marrakech”, desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Louzada.

Comissão de frente

A primeira impressão foi impactante. Concebida por Jorge Teixeira e Saulo Finelon, a comissão de frente foi um dos pontos altos de um desfile praticamente sem falhas. A equipe do SRzd conversou com a dupla pouco antes do início do desfile. Após se desvencilhar de guardas armados com espadas, Aladin consegue uma fuga espetacular, com o auxílio fundamental de um tapete mágico. Um drone representou o objeto encantado e voou por alguns segundos, levando o público ao delírio.

Mocidade. Foto: Juliana Dias
Mocidade. Foto: Juliana Dias

Veja abaixo a análise de Márcio Moura, comentarista do SRzd, sobre a apresentação.

Mestre-sala e porta-bandeira

O primeiro casal da escola, formado por Diogo Jesus e Cristiane Caldas, representou o encontro de  Halaki, contador de histórias típico de Marrocos, com Sherazade, sua musa inspiradora. Com figurinos muito bem acabados, a dupla demonstrou bom entrosamento e foi muito aplaudida pelas frisas e arquibancadas. Assista às impressões de Mestre Manoel Dionísio, comentarista do SRzd e referência no assunto, sobre a performance.

Quesitos plásticos e enredo

O conjunto visual da Mocidade apresentou padrão de excelência. Os seis carros alegóricos estavam muito bem acabados e eram de fácil leitura. A quinta alegoria – “Oásis do Saber” – representou o primeiro modelo de universidade do mundo, a Madraça Al Quaraouyine, fundada no Marrocos. A velha guarda da escola estava nesta alegoria, em outro momento cativante da escola da Zona Oeste. As fantasias seguiram o padrão.

No entanto, um pequeno acidente no quarto carro – “Contos de Areia e Mar – Mil e Uma Aventuras na Lendária Costa Marroquina” pode tirar alguns décimos no quesito. O queijo em que se encontrava um destaque caiu, causando uma certa apreensão entre os diretores da escola. Mas, apesar do susto, ninguém ficou ferido.

O enredo também foi muito desenvolvido. A aproximação entre as culturas de Marrocos e Brasil foi feita de maneira clara e com boas sacadas. Assista abaixo à análise do comentarista Hélio Rainho.

Mocidade. Foto: Juliana Dias
Mocidade. Foto: Juliana Dias

Quesitos musicais, harmonia e evolução

A parte musical do desfile da Mocidade também foi merecedora de elogios. Em seu retorno à agremiação após mais de uma década, Wander Pires comandou o carro de som de forma sóbria, sem exagerar nos cacos. A bateria do mestre Dudu também teve exibição de gala. A bossa preparada para o refrão do meio foi considerada por Cláudio Francioni, comentarista do SRzd, uma das melhores do ano.

O samba rendeu muito bem, embora tenha tido recepção morna das arquibancadas. Os componentes, porém, cantaram forte, com orgulho. A evolução foi outro quesito sem sobressaltos.

Análise do segundo dia de desfiles:

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