Inocentes faz desfile divertido, mas samba compromete

Terceira escola a pisar na Marquês de Sapucaí na noite deste sábado, a Inocentes de Belford Roxo brincou Carnaval, no melhor sentido da expressão. Não que a agremiação da Baixada Fluminense tenha aberto mão da competitividade, mas o enredo “Os Vilões – O Verso do Reverso”, idealizado pelo carnavalesco Wagner Gonçalves, foi um dos mais divertidos nestes dois primeiros dias de folia. A proposta bem humorada foi desenvolvida de maneira leve, deixando boa impressão após os 54 minutos de desfile.

Comissão de Frente

Coreografada por Marcio Jahu, a Comissão de frente cumpriu bem seu papel, aumentando a  expectativa pelo que viria a seguir. Caracterizados como minions, criaturas desajeitadas do filme “Meu Malvado Favorito”, os bailarinos vieram à frente de uma alegoria que trazia Magneto, vilão do filme X-men, no topo. No final da coreografia, o personagem da Marvel era suspenso por uma estrutura, arrancando aplausos do público.

“Foi uma coreografia muito divertida, mas ficou um pouco prejudicada quando os integrantes se vestiam com a fantasia de minion. A estrutura não era prática e se abria durante a dança”, disse o comentarista do SRzd Márcio Moura.

Inocentes. Foto: Juliana Dias
Inocentes. Foto: Juliana Dias

Quesitos plásticos

A Inocentes levou quatro carros para a Avenida, com destaque para o abre-alas, “Como o Diabo Gosta”. Como o nome sugere, a imponente alegoria representava o inferno, com direito a um “coisa ruim” gigante. O segundo carro, “Por onde andam os heróis do Brasil”, também provocou reação dos espectadores. Numa alusão à obra “Macunaíma”, de Mário de Andrade, a alegoria trouxe muitos homens e mulheres seminuas. Já o terceiro carro teve característica mais moderna, com um telão de led exibindo imagens de grandes vilões do cinema e das novelas. No último carro, um fato inusitado: o carnavalesco da Portela, Paulo Barros, veio caracterizado como o “Máscara”, personagem vivido por Jim Carrey no cinema.

As fantasias eram de fácil leitura, bem acabadas. O figurino da bateria chamou atenção. Os ritmistas vieram vestidos de “Charada”, um dos inimigos mais tradicionais de Batman nos quadrinhos.

Inocentes. Foto: Juliana Dias

Samba-enredo e bateria

O samba não rendeu como no ensaio técnico, tendo uma queda acentuada no andamento no terço inicial do desfile. A resposta do público foi morna e nem mesmo o refrão empolgou as arquibancadas. Já a bateria teve desempenho regular, segundo Bruno Moraes, comentarista do SRzd.

“O ritmo estava instável por falta de ‘molho’ na ‘cozinha’ da bateria e do desenho das terceiras. Já as bossas foram bem executadas pelo experiente Mestre Washington”, afirmou.

Inocentes. Foto: Juliana Dias
Inocentes. Foto: Juliana Dias

Harmonia e evolução

O canto da escola foi apenas regular. Apesar do ambiente extrovertido criado pelo tema, os componentes não se entusiasmavam com o samba. A evolução também foi um pouco prejudicada pelo desempenho da obra, deixando algumas alas “presas”. Em determinado momento, chegou-se a esboçar uma correria, mas a escola finalizou o desfile dentro do tempo.

Comentários

 




    gl