Fé e devoção a Nossa Senhora da Penha. Conheça o enredo da Real Marlim Azul

Fé e devoção à Nossa Senhora da Penha (UESM/ Divulgação)

Atual vice-campeã do Grupo B, a agremiação capixaba Real Marlim Azul se inspirou em um dos maiores símbolos de religiosidade do Estado do Espírito Santo para criar o seu enredo de 2017. O Convento, a fé e a devoção a Nossa Senhora da Penha farão parte do desfile da escola, que fará uma releitura do samba da Unidos de Jucutuquara de 2009.

Confira a logo e a sinopse do enredo de autoria do carnavalesco Fernando Santos.

Unidos pela fé, na fé eu vou

Autor: Fernando Soares

Uma fé sem precedentes
Debruçou-se sobre os foliões
Fé que revigora a religiosidade dos crentes
Fé que motiva orações

Devoto, que pelas ruas se embrenha
Leva, consigo, Deus e os santos
Viva a Virgem Santa!
Em suas escadarias eu vou em prantos

A GRESM Real Marlim Azul em romaria
Apresenta a morada da santa de manto azul e rosa
É uma de muitas Marias
Convento de Nossa Senhora da Penha, lar da Mãe generosa

Um grande contingente se junta na concentração da avenida. É a procissão do samba, formada por foliões entusiasmados que saúdam e reverenciam Nossa Senhora da Penha! Ao invés da tradicional sirene, sinos anunciam que é a GRESM Real Marlim Azul quem vem lá.

A comitiva está pronta pra “subir” a passarela e uma dúvida surge: com tantas Marias – todas Mães do Salvador – de onde vem essa Santa denominada Penha? Por volta de 1434, na Espanha, um monge chamado Simão sonhou com a imagem de Nossa Senhora enterrada no topo de escarpada montanha e saiu em peregrinação na busca pela fé. Procurou a imagem por cinco longos anos até que um dia uma jovem mulher com um bebê em seu colo disse sobre o local: era a serra ‘Penha de França’. O monge, emocionado, encontrou a imagem e logo veio a lembrança da mulher que o ajudou nesta empreitada: quem o ajudara, na verdade, foi a própria Nossa Senhora.

Simão Vela, que recebeu este “sobrenome” por advertência divina “Simão, vela e não durma!”, construiu, no alto da serra Penha de França, uma capela rudimentar em louvação a Nossa Senhora da Penha de França, e desde então é uma das características de templos em sua louvação espalhados pelo mundo. O monge, que concluiu a capelinha no alto do monte com a intenção de morar e viver, teve suas intenções frustradas pelo fato de o lugar se tornar rota de peregrinação de fiéis do mundo inteiro graças aos relatos de milagres provenientes de Nossa Senhora da Penha de França.

A marcha desembarca em terras capixabas, e mais uma vez, tem como peça principal um espanhol, frei Pedro Palácios, que trouxe consigo um quadro de Nossa Senhora. O leigo missionário chegou na capitania do Espírito Santo por volta de 1558 a fim de catequizar índios, participou intensamente do movimento de reforma da Ordem Franciscana, retomando o ideal de desprendimento de bens materiais originário de São Francisco de Assis. O religioso passou a morar em uma gruta natural aos pés de um penhasco e vivia de forma solitária: jejuava e orava em frente à imagem de Nossa Senhora. Foi quando resolveu erguer uma pequena ermida em homenagem à Santa, convidando fieis à prece e meditação em seu louvor. Certo dia, o frei sentiu falta do quadro de Nossa Senhora, encontrando-o, mais tarde, no alto do penhasco, na chapada, entre duas palmeiras. Pedro Palácios concluiu que seria necessário a construção de uma pequena capela dedicada a São Francisco, onde afixou o painel. O quadro voltou a desaparecer, de forma misteriosa, e a aparecer, novamente, entre as duas palmeiras. Foi aí que o leigo deu início a construção do templo religioso em adoração a Nossa Senhora: o Convento de Nossa Senhora da Penha, e desde então é o símbolo de grande admiração entre fiéis e romeiros de todos os cantos do país.

O cortejo segue entre dias atuais e passa por tenebrosas outras procissões. Os desvios da fé, o apego pelos bens materiais, a procura pela exclusividade são exemplos de que a humanidade caminha para trás. A selfie substituiu a prece. A vontade de ter aquela ‘brusinha’ da moda ou aquele tênis de marca para se sentir aceito em determinados grupos sociais, desfiguram os ensinamentos franciscanos. Vamos doar mais e gastar menos? Vamos odiar menos e amar mais? Vamos meu povo!!!

Enfim, a grande romaria da fé no divino reina entre a humanidade. É chegada a hora de louvar e carregar o relicário sagrado. Homens, mulheres e crianças se juntam em procissão à Penha para agradecer as graças alcançadas, os livramentos e interseções feitas por intermédio de Nossa Senhora da Penha. O monumento no alto da montanha está em festa. É abril, é o mês da padroeira do Estado do Espírito Santo. É um momento de meditação, de pensamentos positivos e de valorização da vida, do próximo e da comunhão. Viva Penha de França, Viva! Viva Nossa Senhora das Alegrias, Viva! Viva Nossa Senhora da Penha, Viva!

O Grêmio Recreativo Escola de Samba de Maquete Real Marlim Azul deseja que um mar de bênçãos seja derramado nas avenidas de todas as agremiações e que esta festa profana se torne consagrada na presença de Nossa Senhora e do Menino Jesus. Nós cremos!

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