Viradouro 2018: Agremiação esbanja luxo e riqueza e entra na briga pelo título

Desfile da Unidos do Viradouro 2018. Foto: SRzd/Juliana Dias

A grande questão que permeou o pré-carnaval foi se a Unidos do Viradouro confirmaria o favoritismo e venceria o campeonato da Série A. A resposta somente será sabida na quarta-feira de cinzas, mas o desfile apresentado neste sábado (10), quando foi a terceira escola da noite, a credencia na briga que dá direito a retornar ao Grupo Especial. Com um trabalho plástico que derramou luxo e riqueza de detalhes pela Avenida, a Viradouro defendeu o enredo “Vira a cabeça, pira o coração. Loucos gênios da criação”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira, que retorna a agremiação onde assinou o desfile de 2010.

Apesar disso, nas palavras do presidente Marcelo Calil Filho, em seu primeiro Carnaval à frente da agremiação, não há favoritismo: “Não, não somos favoritos. A escola está com o pé no chão e trabalhou muito. Temos ciência que estamos com uma parte plástica muito bonita e reforçamos os quesitos, mas Carnaval é na pista. A escola se preparou para ganhar, mas favoritismo não”.

A Unidos do Viradouro foi a escola, até então, melhor recepcionada pelo público. Bandeirinhas distribuídas foram agitadas pelas arquibancadas durante todo o desfile, principalmente na parte inicial. Os setores 1 e 3 chegaram a gritar “É campeã!” pouco antes da largada da escola.

Apesar do alto nível técnico nos quesitos em geral, a Viradouro poderá perder alguns décimos preciosos na apuração devido ao segundo chassi do abre-alas ter passado apagado pela Sapucaí e alguns elementos do último carro que deveriam rodar, não se movimentaram.

Desfile Viradouro. Foto: Divulgação Riotur

Enredo

O enredo apresentado pela Viradouro, “Vira a cabeça, pira o coração. Loucos gênios da criação”, foi ajudado pelo trabalho plástico de alto requinte. Dividido em quatro setores, o tema tratou da loucura em diversos meios. De acordo com o presidente, a leitura foi clara e o enredo funcionou no Sambódromo. “Todo mundo tem um viés um pouco louco. É um enredo que busca a interação com o público, e é uma questão que a gente não vê muito. A cada ala, a cada passo de desfile, a cada setor, as pessoas têm uma real noção do que está sendo passado no desfile”, comentou.

No primeiro setor, “Loucos gênios da criação”, a escola buscou uma síntese de tudo que seria apresentado a seguir. Na próxima etapa, “Descobrindo o teto do firmamento”, diversos cientistas e personalidades consideradas ‘loucas’ na época marcaram presença nas fantasias e alegorias. No terceiro setor, “Grandes alquimistas da ficção”, o tema entrou buscou a loucura na ficção e teve o monstro do Dr. Frankenstein na terceira alegoria. Por fim, a Viradouro homenageou os loucos gênios do Carnaval, como Joãosinho 30, na parte titulada: “Quem sabe se, metáfora do real, no fim, loucos também não criaram o Carnaval?”.

Na opinião do comentarista do SRzd Hélio Rainho, “embora a subjetividade, o enredo conseguiu ser apresentado de forma clara na Avenida. Destaque para a parte emocional do último setor”.

Comissão de frente

Coreografada por Márcio Moura, a comissão de frente, entitulada “De gênio e louco… todo mundo quer ser um pouco”, usou a teatralização e contou com um elemento cenógrafico, sem rodas, para simular um processo e rejuvenescimento. Integrantes velhos entravam na “Máquina da Juventude” e saíam crianças. A apresentação arrancou aplausos do público e dos jurados presentes nos dois primeiros módulos.

Comissão de frente Viradouro. Foto: Divulgação Riotur

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Fantasiados de “Tocou a alma, pirou o coração”, o consagrado casal Julinho e Rute fez sua estreia na representante de Niterói. A fantasia luxuosa e nas cores da escola foi um dos destaques. A dupla foi ovacionada pelo público das frisas e das arquibancadas do Setor 06 da Sapucaí.

Casal Rute e Julinho. Foto: Divulgação Riotur

No segundo módulo, a porta-bandeira mostrou resistência física ao enfrentar forte vento que atingia a Marquês de Sapucaí. De acordo com os especialistas do SRzd no quesito, Mestre Manoel Dionísio, a apresentação de Rute e Julinho foi impecável do início ao fim do desfile. O comentarista exaltou a dança, o sincronismo e o olho no olho apresentado pela dupla.

Bateria

A bateria comandada por Mestre Maurão, pelo segundo ano consecutivo, levantou as arquibancadas do Setor 03, 05, 06 e 07. Os ritmistas estavam vestidos de “Santos Dumont” e a rainha de bateria Raíssa Machado incorporou a “Capitã do Ar”, numa fantasia azul e branca.

Segundo o comentarista de bateria do SRzd Claudio Francioni, a bateria teve um apresentação impecável, com bossas de alto nível técnico executadas com perfeição. Cabe ressaltar que, em determinada paradinha, os ritmistas paravam de tocar para os componentes e público entoarem “Sou Viradouro, sou paixão”. Além disso, a bateria imitava as batidas do coração na parte do samba: “Tocou a alma, pirou meu coração, não tem explicação”.

Bateria Viradouro. Foto: Divulgação Riotur

Samba e carro de som

A obra dos compositores Zé Glória, Lucas Macedo, William Lima, Gugu Psi, Lico Monteiro, Lucas Neves e Matheus Gaúcho contou com a apresentação marcante do intérprete Zé Paulo Sierra, vestido de Michael Jackson, com o figurino do lendário clipe “Thriller”. Sempre muito animado, Zé Paulo pedia para o público cantar junto da escola e a resposta foi positiva.

De acordo com Wanderley Monteiro, compositor e comentarista do SRzd, o samba-enredo impulsionou o desfile da escola de samba.

“Salve o poder da criação, como escreveram João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro. A magia da criação, a viagem do artista, às vezes chegando à loucura da sua imaginação. O samba cresceu na Avenida e envolveu setores da arquibancada no canto do Zé Paulo e os cantores de apoio que conduziram muito bem a Escola na Sapucaí.”

Intéprete Zé Paulo Sierra. Foto: Divulgação Riotur

Fantasias e alegorias e adereços

Luxo e riqueza de detalhes foi a marca da plástica da Viradouro, um dos pontos altos do desfile. O abre-alas,”É ter na mente a fábrica da loucura da criação”, trouxe tons de dourado e elementos com movimentos. Apesar disso, o segundo chassi da alegoria passou apagado. O segundo, “Santos Dumont em Paris, um Ícaro brasileiro”, surpreendeu pela realidade com que os figurinos de composição foram representados. A terceira alegoria, “No castelo encantado da ficção, a gente vira a cabeça e pira o coração”, trouxe o monstro do Dr. Frankenstein e outros elementos que remeteram à loucura na ficção. Por fim, a última alegoria, “A viagem do curso viramor na mais louca criação de todas”, soltou papel picado e teve o símbolo da escola, a coroa, girando pela Avenida. Apesar disso, outros elementos que deveriam ter movimentos, não tiveram sucesso.

Segundo o carnavalesco Edson Pereira, a Viradouro passou imponente e pronta para o título: “A Viradouro é uma escola que passou por uma momento de crise e hoje ela vive um resgate da sua própria história. Hoje, é uma Viradouro que todos gostariam de ver. É uma Viradouro grande, imponente e que vem pra disputar o título. Eu tô muito orgulhoso, porque essa escola desceu em 2010 comigo e hoje eu estou fazendo parte da história que, se Deus quiser, vai dar tudo certo!”.

O destaque das fantasias ficou por conta da ala de baianas, muito bem vestidas, passaram pela Sapucaí representando “Loucos desde a criação”.

Segundo comentarista do SRzd Hélio Rainho, foi o mais espetacular conjunto de fantasias e alegorias, até então, da Série A. Hélio ainda afirma: “Foi o auge de um trabalho autoral do carnavalesco Edson Pereira”.

Alegoria Viradouro. Foto: Divulgação Riotur

Harmonia e evolução

Com um grande número de componentes, a Viradouro passou compacta e não apresentou buracos ao longo do desfile. Os desfilantes mostraram estar com o samba na ponta da língua e cantaram ao longo de todos os módulos de julgamento. Vale ressaltar a boa comunicação da escola com o público. A passista anã Vivi de Assis foi uma das responsáveis pela integração agremiação-arquibancada. A destaque, que representou “O Sonho de Voar”, levantou os espectadores.

Componente Viradouro. Foto: Divulgação Riotur

Ficha técnica

Local: Barreto, Niterói
Fundação: 24 de junho de 1946
Cores: Vermelho e branco
Símbolo: Coroa e aperto de mãos
Campeonatos no Especial: 1997
Colocação em 2017: 2º lugar – Série A
Presidente: Marcelo Calil Filho
Carnavalesco: Edson Pereira
Intérprete: Zé Paulo Sierra
Diretores de Carnaval: Alex Fab e Dudu Falcão
Diretor de Harmonia: Mauro Amorim
Mestre de Bateria: Maurão
Rainha de Bateria: Raissa Machado
1º casal de mestre-sala e porta-bandeira: Rute e Julinho
Comissão de frente: Márcio Moura
Enredo 2018: “Vira a cabeça, pira o coração. Loucos gênios da criação”
Número de carros alegóricos: 04

Samba-enredo

Compositores: Zé Glória, Lucas Macedo, William Lima, Gugu Psi, Lico Monteiro, Lucas Neves e Matheus Gaúcho

GENIAL
“É TER NA MENTE” O DOM DA CRIAÇÃO
ONDE SER LOUCO É INSPIRAÇÃO
“UNE VERSO” A MELODIA
BRINCAR DE DEUS… E COM AS CORES DELIRAR
NOS SONHOS MEUS, “VINCI” FAZER ACREDITAR
DESPERTA A VOZ QUE DÁ LUZ À INVENÇÃO
QUEM DERA O INFINITO CONHECER
E NESSE AZUL, EU ENCONTREI VOCÊ

ALÉM DAS ESTRELAS NA IMENSIDÃO
VOANDO NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO
MEU MUNDO ESPECIAL, MEU CÉU
MEU IDEAL

QUEM FOI QUE PENSOU ALGUM DIA
QUE O HOMEM IRIA SE AVENTURAR
NAS TELAS, NOS LIVROS
TANTOS MOINHOS DERRUBAR
SEI QUE A LOUCURA É O “X” DA QUESTÃO
“SER OU NÃO SER” MAIS UM ENTREGUE À RAZÃO?
FAZER DO LIXO UMA BELA FANTASIA
EU SOU UM SONHADOR, UM PIERRÔ ALUCINADO
ARTISTA DE UMA ESCOLA DE VERDADE
ORGULHO DE SER COMUNIDADE
É DE ARREPIAR A NOSSA EMOÇÃO
SOU VIRADOURO SOU PAIXÃO!

É DE ENLOUQUECER, VIRADOURO
A CABEÇA DESSE POVO
TOCOU A ALMA, PIROU MEU CORAÇÃO
NÃO TEM EXPLICAÇÃO

JÁ ENLOUQUECEU, VIRADOURO
A CABEÇA DESSE POVO
TOCOU A ALMA PIROU MEU CORAÇÃO
NÃO TEM EXPLICAÇÃO

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