Águia Real trará o barroco para o Carnaval Virtual 2018; veja a sinopse

Logo do enredo da Águia Real para o Carnaval 2018. Foto: Divulgação.

A Sociedade Águia Real, pertencente ao Grupo de Acesso do Carnaval Virtual, bateu o martelo e definiu seu enredo para 2018. “Baroque Brasilienses – Uma história esculpida em ouro” é o tema que a escola apresentará em busca da ascensão ao Grupo Especial. Veja a logo e sinopse da agremiação:

Logo do enredo da Águia Real para o Carnaval 2018. Foto: Divulgação.

APRESENTAÇÃO

A Sociedade Águia Real, sexta colocada no Grupo de Acesso da Carnaval Virtual, com enredo João, Valeu deu o pontapé para os trabalhos do Carnaval 2018 e apresenta seu enredo: BAROQUE BRASILIENSES – Uma História esculpida em Ouro.

O nosso enredo tem como proposta apresentar a importância desse gênero artístico e literário, no Brasil. O estilo barroco marca um período importante da história do Brasil e, apesar de ser originário da Europa, esse estilo teve peculiaridades aqui. A Águia busca apresentar as transformações que o barroco trouxe para a nossa terra.

A Europa vivia, no século XVII, um período de crise. A arte reflete esse momento, por isso o barroco é considerado essa arte da crise, uma arte que traz consigo essa era de instabilidade. O contraste social e político europeu se materializa nesse estilo único. O jogo de luz e sombras, as oposições, contradições, a mistura do ouro e ocre, dentre outras técnicas, marcam o barroco.

É essa arte que chega ao Brasil e é através das missões jesuítas, ordem religiosa que fora criada justamente como uma tentativa de reação da Igreja Católica a esse período de tensões e crise religiosa. O protestantismo vinha ganhando espaço na Europa e o catolicismo objetivava alcançar mais espaço, mais adeptos e, assim, propagar ainda mais a sua fé. E o nosso primeiro setor aborda exatamente essa chegada dos jesuítas na colônia portuguesa, recém “descoberta”. A catequização dos povos nativos do Novo Mundo foi através desse gênero artístico e literário.

O segundo setor apresenta a forma com que o barroco efetuou esse trabalho de catequese dos nativos (“indígenas”). O barroco se manifesta através da literatura (o texto “Prosopopeia”, de Bento Teixeira é considerado o marco fundador da presença barroco no Brasil), da música, das pinturas, das esculturas, da arquitetura, da dança, do teatro, dos sermões das missas, sempre nesse modelo de sacralidade.

A história do barroco brasileiro ganha um novo capítulo na chamada corrida do ouro. Através da exploração das minas de ouro, na região das Minas Gerais, houve um grande impulso das cidades auríferas e, pelas mãos negras e escravas, o ouro era extraído e levado para as confecções sacras barrocas. Nosso terceiro setor mostra essa exploração da Coroa portuguesa sobre o ouro brasileiro e o crescimento das cidades mineiras, que enriqueceram com o ciclo do ouro. Esse setor fará, ainda, uma homenagem ao maior expoente artístico do barroco brasileiro que esculpiu esculturas, fachadas, altares, dentre outras coisas, nessas cidades. Um verdadeiro gênio da história da arte brasileira: Aleijadinho.

No nosso encerramento, mostraremos o barroco em contato com o Carnaval através de duas grandes personalidades que enriqueceram culturalmente a nossa festa com esse estilo único. Arlindo Rodrigues que foi esse primeiro grande representante do barroco carnavalesco e Rosa Magalhães que consagrou esse estilo e o levou ao mais alto nível de perfeição.

Estamos preparando um grande trabalho, começamos um pouco mais cedo para não enfrentarmos novos percalços. Torcemos para que a proposta seja compreendida e bem aceita. Podemos garantir que todos nós da Águia Real faremos o possível para apresentar um trabalho de excelência.

SINOPSE

Águia Real honrosamente apresenta: “Baroque Brasiliensis” – Uma história esculpida em ouro.

Sou a luz e a sombra, o dourado e o ocre, o detalhe, o exagero, o sacro.
Cresci num intenso momento de crise. Crise econômica, de fé, de identidade…
Arte das contradições, das tensões e disputas, das oposições e incertezas.

Viajar é preciso…
Atravessei o mar, saí de meu continente natal para “dar alma” aos “sem alma”.
Um oceano de sonhos dourados, onde o futuro traria novas oportunidades.
Cheguei ao Brasil através de jesuítas e aqui encontrei território favorável.

Catequizei os nativos dessa terra, através de meu esplendor artístico.
Ensinei, inspirei, ilustrei a devoção, dei ritmo a literatura e som a fé.
Construí monumentos, decorei ruas, esculpi as divindades, encenei os dogmas.
Me misturei com a cultura nativa e no Novo Mundo me transformei.
Já não me sinto mais europeu, fui remodelado, recriado, reinventado.
Esse povo me viu de forma diferente, moldei a cultura cristã dessa terra.
Mas, sem perder minha intensidade e dramaticidade.

E segui os caminhos das Minas Gerais… Minha terra de sonhos dourados.
O ciclo do ouro me valorizou ainda mais, me tornei mais imponente.
Fui elevado com o sangue e suor de negros explorados nas minas de ouro.
Alimentei a economia de várias cidades mineiras.
Enfeitei-as através das artes de um grande gênio dessa terra.
Alguém que me dignificou como jamais nenhum outro.
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

E o carnaval? Ah,o carnaval…
Meu palco agora é o Rio de Janeiro, da Rio Branco à Marquês de Sapucaí.
Moldado no templo das “Belas Artes”, refinado e devolvido ao povão.
Fui esculpido e refinado por um grande mestre, um “Ar lindo” de criatividade.
E consagrado por uma monumental professora que espalha perfume de “Rosa”.

Quem sou eu?
Baroque Brasiliensis… mas, pode me chamar de Barroco!

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