Capa do CD do Grupo Especial 2018 não agrada e designers comentam

Capa do CD de 2018. Foto: Divulgação.

A tão polêmica capa do CD de sambas-enredo do Grupo Especial 2018 não agradou aos torcedores e fãs do Carnaval. A Liesa divulgou a foto nesta quarta-feira (25) na sua página oficial no Facebook e desde então, a publicação vem recebendo inúmeras críticas e reações negativas. Dentre os principais questionamentos, destacam-se o corte das asas da águia – símbolo da Portela – e a escolha do abre-alas da Mocidade no lugar do Aladim da comissão de frente e da estrela do último carro. Veja a capa.

Também na página no Facebook do SRzd Carnaval, a imagem foi muito criticada. Veja:

DESIGNERS DO CARNAVAL COMENTAM A CAPA DO DISCO

Thiago Santos há anos desenvolve projeto gráfico para escolas da Série A e do Grupo Especial. Para 2018, ele foi o responsável pela logo de escolas como Vila Isabel, Paraíso do Tuiuti, Viradouro, Renascer de Jacarepaguá e Estácio de Sá. Em conversa com o SRzd, Thiago questionou os conceitos utilizados na criação da imagem:

– Os conceitos em relação à arte visual estão em constantes mudanças. Uma solução que foi boa há trinta anos, dificilmente se manterá “interessante” nos tempos atuais. A mudança é necessária mesmo que se contrariem tradições. É preciso sair do lugar comum e apostar no novo. Não se pode pensar uma capa de CD como se pensava em uma capa de LP nos anos 80. É necessário que se pesquise o que designers, artistas gráficos e fotógrafos do mundo todo estão fazendo para mexer com o inconsciente do público e tornar o produto CD mais interessante.

O discurso de que as escolas todo ano fazem a mesma coisa, segundo Thiago, também tem relação com o design da capa. Ele afirma que a direção estética precisa estar alinhada com a renovação do samba-enredo e acredita que, por mais um ano, o produto não será notado nas prateleiras.

– Estamos nos últimos anos assistindo, ou melhor, ouvindo, uma renovação do gênero samba de enredo, com mudanças nas construções de letras e melodias, porém, todo esse cuidado com o projeto musical não vem acompanhado de uma boa direção estética. Mais um ano, o produto vai passar despercebido nas prateleiras das lojas, visto como algo ultrapassado e desinteressante paras as novas gerações. Afinal, como costumamos ouvir por aí, as escolas de samba todo ano fazem a mesma coisa – afirmou o designer.

Manoel Neto é designer e diretor de arte. Ele foi o responsável pela logo do enredo da Unidos da Tijuca para 2018 e também já realizou trabalhos para outras agremiações do Especial e da Série A. Em entrevista ao SRzd, Manoel comentou como é importante ser estratégico e refletiu sobre as escolhas das imagens que compõem a capa.

– Mais do que pensar na estética, temos que pensar como tornar a estética estratégica e criativa. Se pararmos pra analisar o momento que vivemos no Carnaval do Rio, a gente começa a perceber o afastamento dos desfiles das escolas de samba do público. Então, é preciso pensar formas de tentar a reaproximação desse público. Será que realmente é o abre-alas que representa a imagem do Carnaval 2017? Será que é essa a imagem que o grande público tem guardada na mente? A águia é o símbolo da Portela e por ser uma coisa tão honrosa, você colocar ela com as asas cortadas não soa desrespeitoso com a própria nação portelense? E se botou a águia da Portela, não caberia o símbolo da Mocidade como imagem? Ou o Aladim que foi o momento maior do desfile da escola? – indagou o designer.

Manoel também relembrou capas anteriores que trouxeram imagem de abre-alas no lugar das imagens marcantes da folia carioca.

– A águia redentora da Portela foi a imagem do Carnaval 2015, a escola não ganhou, mas seria uma capa do CD digna. A Squel (porta-bandeira da Mangueira) em 2016 representando a iaô foi a imagem do Carnaval e não foi para a capa do CD. Será que não seria o momento de repensar que não precisa ser necessariamente o abre-alas?

A TRADIÇÃO DO ABRE-ALAS

A utilização da imagem do abre-alas da escola campeã na capa é uma tradição que vem desde os tempos do LP. Nos últimos anos, somente nos CD’s de 2012, 2013 e 2014 a primeira alegoria não esteve presente na capa. A partir de 2015, a direção artística do disco retornou com a tradição que permanece até hoje.

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