Bate-papo com Marcella Alves

A porta-bandeira da Mocidade Independente de Padre Miguel, Marcella Alves, inaugura uma série de entrevistas especiais com figuras importantes das escolas de samba. Ela concedeu uma entrevista exclusiva ao repórter Vicente Almeida do SRZD-Carnavalesco.

A vencedora do prêmio Estrela do Carnaval falou sobre Raphael, que é seu novo mestre-sala, da permanência na escola de Padre Miguel, do fim da parceria com Rogerinho e ainda comentou as notas que recebeu dos jurados no Carnaval 2008.

– Como você encarou a saída do Rogerinho da Mocidade?

Marcella Alves – Já sabia que ele não ficaria. Acho que ninguém é insubstituível. Desejo sorte a ele e acho que tomou a atitude certa, pois não adianta insistir numa situação onde não estamos felizes. Preservo muito o meu bem estar e a minha felicidade, por isso apoio a decisão dele.

– Você acha que os salários pagos aos profissionais do carnaval são justos?

Marcella Alves – Acho que algumas pessoas ganham até pouco. Durante troca do Wantuir (intérprete que era da Tijuca e foi para Grande Rio) li muitas críticas a ele, mas as pessoas se esquecem que para ter um trabalho bem feito, nós precisamos nos dedicar de corpo e alma, não vivemos em função do carnaval só em fevereiro, trabalhamos o ano inteiro para melhorar nosso desempenho e isso custa caro. O carnaval se profissionalizou sem precisar tirar os sambistas, nós corremos atrás dessa profissionalização, em todos os sentidos, inclusive no salário.

– O que te levou a renovar com a Mocidade. O Rogerinho dizia que os salários estavam atrasados?

Marcella Alves – Não entendo como pode o mestre-sala estar com salários atrasados e o da porta-bandeira não. Somo um casal. Ele estava com o mesmo tempo de atraso que o meu, ou seja, com 18 dias sem receber. Não acho esse um motivo forte para trocar de escola. Levo em consideração outras coisas também. Agora tudo tem um limite. O dia que a Mocidade passar esse limite com certeza tiro meu time de campo, mas 18 dias de atraso e faltando pouco para o carnaval não é motivo para trocar de escola.

– Você recebeu propostas de outras escolas?

Marcella Alves – Sim. Recebi três excelentes convites este ano. Porém, eu não tinha motivos para trocar.

– Qual foi o saldo do Carnaval 2008 para Marcella Alves?

Marcella Alves – Profissionalmente sempre é muito bom, quando nosso trabalho é reconhecido não só pelos jurados, como também pelo público. Fiquei muito feliz com as notas e com todos os prêmios que recebemos. Porém, eu acho que pela primeira vez, a pessoa Marcella estava mais feliz que a profissional Marcella Alves, pois foi um carnaval de provações para minha vida pessoal. Um ano que descobri pessoas maravilhosas do meu lado e pude perceber que a nossa fé e força movem montanhas e isso foi uma lição de vida. Quando achava que estava tudo acabado, que tudo tinha ido por água abaixo, meus amigos falavam no meu ouvido e lembravam da minha fé. Me agarrei nisso e consegui superar. Hoje, eu vejo uma pessoa muito mais forte.

– Quais os fatores positivos e negativos do Carnaval 2008?

Marcella Alves – Por mais tenha existido situações ruins tenho certeza que no fim tudo foi positivo, pois tudo o que aconteceu foi uma alavanca para o bom resultado da dupla.

– Qual seria o melhor casal de mestre-sala e porta-bandeira de todos os tempos?

Marcella Alves – Não gosto de responder esse tipo de pergunta. Sempre tem repercussão, mas vamos lá. De todos os tempos, eu acho Maria Helena e Chiquinho e dos últimos tempos, voto na Geovana e Marquinhos (Mangueira), além da Selminha e Claudinho (Beija-Flor).

– Qual é o seu espelho como porta-bandeira?

Marcella Alves – Não tenho dúvida. É a Selminha Sorriso, sem esquecer a pessoa que me ensinou esta arte, que é a porta-bandeira Bárbara Marcele.

– Como você recebeu as notas e a justificativa de que o bailado que vocês apresentaram estava confuso, resultando em uma coreografia quebrada?

Marcella Alves – Os jurados são eles. Não tem o que contestar. O jurado está ali para julgar e nós para recebermos o julgamento, que é subjetivo. Apesar de ter outra opinião, eu acho que não é essa minha função.

– Qual sua opinião sobre o Raphael, que é seu novo mestre-sala? Você participou da negociação?

Marcella Alves – Acho que temos tudo para dar certo, somos jovens, dedicados e felizes. O resto vem com o trabalho. Participei da negociação. O Paulo (Vianna, presidente da Mocidade) me deu essa liberdade e indiquei o Raphael.

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