Sérgio Cabral quer privacidade com seus advogados e acesso a laptop

O ex-governador Sérgio Cabral, através dos seus advogados, reclamou à Justiça Federal das condições em que têm sido feitas as reuniões com seus advogados. Ele quer privacidade.

Dois promotores do Ministério Público que conversaram com o SRzd consideraram “estapafúrdias” as reivindicações do ex-governador Sérgio Cabral, preso na Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, conhecida como Bangu 8, na Zona Oeste do Rio. “Ele precisa entender que é um preso como todos os demais. Não cabe a ele exigir nada!”, disse um dos promotores.

Apesar de estar sofrendo com a privação de liberdade, chorando muito, deprimido, ao mesmo tempo, Cabral tenta manter “o seu time unido”. O maior temor do ex-governador é que seus ex-auxiliares decidam partir para a “delação premiada”, o que seria altamente prejudicial para a linha de defesa que está sendo construída neste momento pelos oito advogados que assistem a Cabral.

Além do desafio de controlar o “moral” dos seus amigos, ele próprio luta para superar o drama de que um dia chegou a ser cotado até para disputar a presidência da República e hoje acumula acusações variadas. Ele é acusado pelo Ministério Público Federal de ter liderado durante sua gestão no Palácio Guanabara um esquema criminoso que subtraiu dos cofres do Rio R$ 224 milhões. Sérgio Cabral também é réu em duas ações penais muito bem documentadas e incluídas nas Operações Calicute e Lava-Jato.

Os juízes federais Marcelo Bretas e Sérgio Moro, responsáveis pelos processos no Rio e em Curitiba, aceitaram em dezembro as denúncias apresentadas pelo MPF em que o peemedebista é acusado dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e pertinência a organização criminosa.

Se não bastassem todas estas acusações, segundo os investigadores das operações, Cabral e aliados se beneficiaram de propina na reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014, no Arco Metropolitano no Rio e na urbanização de comunidades cariocas no PAC das Favelas, bancado por recursos do governo federal, além do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí.

Em ofício encaminhado ontem ao juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Operação Calicute, os advogados Ary Bergher, Raphael Mattos, Fabio Dias, Bianca Alves, Rodrigo Martins, Saniela Senna, Joana Micheli e Rachel Glatt, todos defensores de Cabral, se queixam particularmente da estrutura da sala de entrevistas.

De acordo com a revista ‘Veja”, “os advogados afirmam que “vêm se deparando nas entrevistas, acusado e patronos, com um parlatório de uso coletivo, de quatro baias separadas entre si por colunas de alvenaria, que se estendem do lado dos visitantes ao lado dos presos provisórios, divididos, por sua vez, por vidro espesso que parte do peitoril de alvenaria e alcança o teto”.

O time jurídico de Cabral também relata ao magistrado que “o único modo de comunicação disponível entre visitantes e presos provisórios é um interfone existente em cada baia, sendo que, em inúmeras visitas, apenas um, de quatro, tem funcionado”.

Segundo os defensores do ex-governador, a separação física e as más condições de comunicação tornam impossível manusear “qualquer documento” em conjunto e “opõe-se frontalmente aos direitos, tanto do acusado quanto dos patronos, de realizarem entre si entrevista pessoal e reservada e de ampla defesa, com o manuseio conjunto de documentos”.

Por fim, os advogados de Sérgio Cabral pedem ao magistrado que lhes sejam garantidas “entrevistas pessoais e reservadas” e que se determine à unidade prisional que disponibilize outro local para as reuniões, nas quais os defensores e o ex-governador possam manusear o processo eletrônico em um laptop.

 

 

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