‘As pessoas têm medo’; o coveiro recordista do litoral de SP

Nelson Kolben. Foto: Rogério Bomfim – Prefeitura de Santos

Trabalhando há 30 anos como coveiro do Cemitério da Filosofia, em Santos, no litoral de São Paulo, Nelson Kolben, de 67, já realizou mais de 20 mil sepultamentos e está repleto de histórias para contar.

No dia a dia, apesar de garantir seu sustento de forma honesta, lida com o preconceito de quem “tem medo” de sua profissão. O recorde foi confirmado pela Prefeitura de Santos.

Convivendo com a morte diariamente há tantos anos, há quem pense que o coveiro já se acostumou com as lágrimas de familiares que perdem seus entes queridos, mas ele ainda se emociona com casos que nunca esquece.

“Uma vez, uma senhora chegou falando que havia saído para comprar pão e, quando voltou, o filho, que tinha 13 anos, estava morto no sofá. Nunca esqueci o sofrimento dela. Foi um enterro difícil. Eu sou pai, sou avô, ainda fico emocionado ao ver um pai, uma mãe chorando o falecimento de um filho. Toda semana, um casal de idosos visita o túmulo da filha. Trazem flores, rezam, conversam com ela. É um amor que não morre”, conta.

O mistério que ronda os muros de um cemitério já assustou Kolben que, nos primeiros dias de trabalho, tinha receio do serviço. Hoje ele conta que é algo natural, mas muitas pessoas demonstram medo quando fala sobre a profissão que exerce.

“Muita gente fala que não conseguiria trabalhar como coveiro. Tenho um conhecido que me cumprimenta só de longe, pois tem receio de me dar a mão. Ele tem medo por eu ser coveiro. Uma vez, uma mulher me disse que não deixaria a filha dela namorar um coveiro. Levo isso como uma coisa normal, quem fala isso é uma pessoa orgulhosa. É um trabalho honesto”.

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