Sidney Rezende: Reinaldo Azevedo foi vítima de uma vilania

Reinaldo Azevedo. Foto: Reprodução

Reinaldo Azevedo. Foto: Reprodução

A reprodução na TV, em horário nobre, no principal telejornal do país, da conversa particular entre a então presidente Dilma Rousseff com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; a dona Marisa e os seus parentes; e agora, a do jornalista mais lido de “Veja”, Reinaldo Azevedo, com a irmã de Aécio, Andrea Neves, servem para preencher as páginas da história lotadas de práticas abjetas. Por serem sujas são vergonhosas.

Reinaldo Azevedo pediu demissão de Veja, uma das empresas em que trabalhava.

Está virando rotina no Brasil não se saber os autores de vazamentos de conversas telefônicas, e nem os mandantes. O então presidente da CBF José Maria Marín está preso em Nova York e há uma investigação nos Estados Unidos que pretende escanear a conduta dos cartolas da Fifa. Você já ouviu dizer a quantas anda, o que se descobriu, quem foi – ou não foi – grampeado?

Nos Estados Unidos, onde se encontra o que há de melhor e o pior em termos de práticas de governança, se aprendeu que “segredo de Justiça”  não tem aspas, é segredo de Justiça e acabou.

Por qual razão? Porque, por afoiteza, pode-se condenar inocentes. Os três casos citados no início deste texto são ricos de exemplo de forças da sombra que pretendiam imputar a Dilma, Lula, Dona Marisa e Reinaldo Azevedo culpabilidade de algo antes que a investigação fosse concluída e a Justiça se convencesse de algo errado. Isto chama-se estado policial.

Estado policial não pode ser aceito – e nem tolerado – na ditadura e muito menos na democracia.

Quando estive na Rádio “Jovem Pan” de São Paulo, após minha saída do meu antigo emprego na TV, fui muito bem recebido pela direção da emissora. Quando já me dirigia para a saída, abre-se a porta do elevador e sai dele o jornalista Reinaldo Azevedo, um dos mais populares na cruzada contra o PT e os seus governos. Quem o conhece de perto diz que ele se orgulha de ter sido o autor da expressão “petralhas”.

Ele foi educado, gentil, cumprimentou-me, chamou-me pelo nome e seguiu o seu rumo, já que iria apresentar um dos seus programas de rádio. E eu segui o meu.

Meses mais tarde, uma pessoa conhecida me fez chegar a “fofoca” que ele teria perguntado aos superiores se haveria alguma negociação para minha possível ida para a rádio. Se houvesse, ele “seria contra”, ele teria dito. Não havia. Fiz uma visita de cortesia. E, repito, fui muito bem atendido por todos. Inclusive por Reinaldo.

Vale o registro que, na ocasião, fui abordado com cavalheirismo por José Armando Vannucci, colega que na época ainda trabalhava lá. Mais tarde, teve uma breve passagem como colunista de TV pelo SRzd. E aqui deixou ótima impressão.

O estilo agressivo afeito a destruir reputações, a autoria de análises que beiravam à irresponsabilidade e a sua possível manobra para um colega não trabalhar no veículo que reinava (se ela realmente aconteceu!) já seriam motivos para querer distância dele.

Mas penso diferente. O grampo que objetivava saber algo criminoso de Andrea Neves não poderia ser motivo para expor Reinado Azevedo em conversa com sua fonte. Esta perseguição, com certeza, é motivada por outros interesses. Pode ser que sua pena não interesse mais, que aqueles que andam agindo fora da lei não queiram ser percebidos ou ainda um “fogo amigo” maquinado por ex-amigos que agora ambicionam atingir outros objetivos.

Reinaldo Azevedo foi vítima de uma vilania.

 

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