Professores de Belford Roxo denunciam situação financeira grave e acusam Prefeitura

Michel Temer e Waguinho. Foto: Reprodução/Facebook

Michel Temer e Waguinho. Foto: Reprodução/Facebook

A prefeitura de Belford Roxo, Baixada fluminense,  vive uma grave crise financeira. Os profissionais da área da educação da cidade procuraram o SRzd para denunciar atrasos de salários dos professores e demais servidores, o não fornecimento de contra cheques  e uma série de outras irregularidades.

Um concursado, que pediu para não ser identificado, conta que o problema já existia, mas foi agravado nos  últimos meses. “Saímos de um governo muito conturbado de Dênnis Dautman, paramos de receber no mês de novembro e ficamos até o início das aulas de 2017 sem salário algum. Sob a vigência do novo prefeito, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, demoramos para termos o nosso salário, pois ele alegou que havia um rombo na prefeitura e não teria todo o dinheiro para pagar a todos”.

O servidor, que disse que o drama é vivido por todos os seus colegas está comprometendo a sobrevivência das famílias: “Recebemos janeiro no dia 28/1, segundo ele, uma camaradagem pra adiantar o pagamento, dezembro e novembro, no mês de março, contudo, todos os vencimentos com grandes descontos que sequer sabemos do que se trata. Estamos até hoje sem os contra-cheques. O informativo do IR (Imposto de Renda) de  veio com erro, colocaram muito mais do que recebemos, mas como entregaram na última semana de abril, ficou impossível de reclamar, pois o prazo se esgotaria na sexta-feira daquela semana”, diz.

Outra pessoa entrevistada pelo site disse que “o novo prefeito retirou a passagem, o triênio e o enquadramento, reduzindo, assim, o nosso mísero salário”.

Outro emendou: “Não tem faxineiro na escola, quando tem comida para as crianças é uma alegria, mas quando não tem a fome reina. É justo isso?”

Apesar da reclamação dos servidores o prefeito postou na sua rede social, no dia 4 de maio, uma declaração de que os salários estão em dia.

 

Ao jornal Extra o prefeito Waguinho deu o tom de como pretende conduzir a greve dos servidores:

— Por que vou pagar salário para quem não está indo trabalhar? Os salários atrasados já foram pagos e o 13º começou a ser quitado em agosto. Os salários deste ano estão em dia. Não há motivo para greve — argumenta Waguinho, que vai continuar fazendo visitas- surpresa às escolas.

A prefeitura acredita que mil dos 3 mil professores da rede estão em greve. O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) em Belford Roxo informou que a adesão é de 50%. Maria José Carvalho, uma das diretoras do Sepe, informou que hoje haverá nova assembleia para decidir os próximos passos.

— A prefeitura não pagou nossas férias. Temos também pelo menos umas 300 pessoas com salário de novembro em atraso. Nós queremos a regularização dos atrasados e a revogação do pacote de medidas que acabou com benefícios. O prefeito não é juiz para dizer que nossa greve não é legal — critica Maria José.

O SRzd pediu informações oficiais ao Sepe sobre a real situação dos professores de Belford Roxo. O piso dos professores é dividido em duas alineas “PI R”(R$1673,47) e “PII R”,(R$1478,04). O auxílio transporte R$ 72,80 (sem reajuste há 16 anos). São aproximadamente 4000 servidores efetivos magistério e funcionários. Não há reajuste salarial há cerca de 2 anos.

“Ficamos sem pagamento nos meses de novembro, dezembro e 13°, servidores efetivos. Os terceirizados estão sem receber desde outubro. O repasse do FUNDEB entrou nesse período e era suficiente para quitar as folhas da educação, entramos com mandado de segurança em setembro de 2016 período em que se iniciou o atraso nos pagamentos. O sindicato procurou em Janeiro a nova gestão para dialogar, porém sem sucesso”, diz uma das integrantes da liderança de greve unificada do Sepe, Michele Gonçalves.

“Realizamos uma assembléia na qual tirou um ‘indicativo de greve’, retornamos as escolas na 1° semana de fevereiro conforme o calendário escolar ainda sem perspectiva de pagamento, no dia 13 de fevereiro iniciamos a greve, no dia 16/02 tivemos uma audiência conciliatória na 3° vara civil do Rj, onde ficou determinado que a prefeitura realizasse o pagamento integral de novembro e o pagamento de dezembro e 13° parcelado em 8 vezes, após este acordo a categoria retornou às atividades”, diz o Sepe.

“O mês de novembro foi pago, porém uma parte dos servidores, 200 deles,  ficaram sem receber, o mês de dezembro foi pago integralmente porém novamente parte dos servidores ficou sem receber, o mesmo ocorreu com o mês de março.
Os servidores municipais que deveriam receber suas férias em abril,  também não receberam, além disso os pagamentos que estamos recebendo estão vindo com descontos progressivos e a prefeitura não disponibiliza os contra cheques assim não podemos saber que descontos são esses, o último que temos acesso foi em outubro!”, denuncia a representante dos professores.

Outra reclamação que o SRzd apurou é que além das situações dos pagamentos, no dia 13/4 foi votado na Câmara de vereadores a lei complementar n°204 revogando alguns direitos dos servidores como triênio que passou a ser quinquênio, e o enquadramento que foi retirado, diante de todas as perdas iniciou se uma greve geral unificada pois outras categorias enfrentam lutas semelhantes.

O Sepe denuncia que parte de “nossas ações é acompanhar as atividades na Câmara de vereadores de Belford Roxo, onde as sessões não seguem o regimento interno, além da falta de transparência, inclusive nos últimos dias diante da presença das categorias na plenária os vereadores começaram a protocolar denúncias contra a falta de transparência”.

 

Comentários

 




    gl