Novo chefe da PF diz que mala de dinheiro não basta para incriminar Temer

Mala de dinheiro repassada a emissários de Temer e Aécio. Foto: Revista Época

O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, criticou a investigação feita pela Procuradoria Geral da República sobre a prática de corrupção por parte do presidente Michel Temer no caso da JBS.

“A gente acredita que, se fosse sob a égide da Polícia Federal, essa investigação teria de durar mais tempo porque uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime, quem seriam os partícipes e se haveria ou não corrupção”, disse o chefe da PF em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feria (20), logo após a cerimônia de transferência de posse na sede do Ministério da Justiça em Brasília, com a presença de Temer, ministros, autoridades e do antecessor, Leandro Daiello.

A mala a que Segóvia se referiu foi um dos pilares da denúncia oferecida pela PGR contra o presidente por corrupção passiva. Ela foi flagrada por investigadores da PF com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, ao sair de uma pizzaria em São Paulo. Loures foi acusado de ter recebido R$ 500 mil de um executivo da JBS.

Na ocasião, Temer foi denunciado por ter se aproveitado da condição de chefe do Poder Executivo e ter recebido, por intermédio do ex-assessor Rodrigo Rocha Loures “vantagem indevida” de R$ 500 mil. O valor teria sido ofertado por um representante do empresário Joesley Batista, investigado na Operação Lava Jato. A acusação foi barrada pela Câmara em agosto.

“É um ponto de interrogação que fica hoje no imaginário popular brasileiro e que poderia ser respondido se a investigação tivesse mais tempo”, completou Segóvia avaliando que a procuradoria agiu de maneira apressada.

Temer foi denunciado por Rodrigo Janot, então procurador-geral, por corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa em decorrência da delação de Joesley Batista.

Durante a entrevistra, Fernando Segóvia disse ainda que recebeu carta branca do presidente da República, Michel Temer, para desempenhar sua nova missão e disse que atuará de forma “republicana”, sem posicionamento político-partidário.

O delegado também reforçou que, em conversas prévias com a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ficou acertado que a Polícia Federal e o MPF trabalharão de forma conjunta e mais alinhada para concluir investigações que estão no STF e que, para isso, será criada uma força-tarefa entre as duas instituições.

Segóvia defendeu a prerrogativa da corporação de fechar acordos de delações premiadas. O assunto é motivo de divergências entre o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal.

Para os procuradores, a lei que dá essa atribuição aos policiais é inconstitucional e deve ser uma função exclusiva do MPF. Uma ação direta de constitucionalidade tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto.

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