Jornalistas da ‘Folha’ não podem expressar opiniões políticas na internet

Redação da "Folha". Foto: Reprodução de Internet

Redação da “Folha”. Foto: Reprodução de Internet

Os jornalistas e colunistas da “Folha de S. Paulo” não podem expressar opiniões políticas nas redes sociais. A justificativa é que isso coloca em xeque a credibilidade do jornal.

A orientação partiu do editor-executivo do jornal, Sérgio D’Ávila, em comunicado enviado aos profissionais do grupo e divulgado pelo portal “Fórum”.

O novo código de normas surge logo após o jornal ter demitido o jornalista Diego Bargas por conta de uma entrevista sobre o novo filme de Danilo Gentili em que ele faz perguntas consideradas “inconvenientes” ao apresentador do “SBT”.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgaram nota conjunta repudiando a demissão do repórter.

Dentro da redação da Folha, as normas estão sendo tratadas como um AI-5 profissional e devem causar polêmica, em especial com colunistas que, conforme a direção da casa esperar, devem se comportar da mesma maneira, já que têm como ofício justamente a divulgação de suas opiniões.

Confira o manual enviado pelo jornal aos seus profissionais

Sobre: atuação em redes sociais e assistência jurídica

Este texto consolida comunicados anteriores sobre o mesmo tema, divulgados nos últimos cinco anos. Uma versão ampliada dele constará do novo Manual da Redação, a ser publicado no começo de 2018.

1. A Folha encoraja seus profissionais a manter contas em redes sociais. Podem ser ferramentas úteis para fazer novos contatos e cultivar antigos, pesquisar pautas, tendências e personagens, agilizar apurações e promover conteúdo próprio e de colegas de jornal, expandindo o alcance do material publicado;

2. Nas redes sociais, a imagem pessoal tende a se misturar com a profissional. Parcela do público pode pôr em dúvida a isenção daquele que, na internet, manifesta opiniões sobre assuntos direta ou indiretamente associados a sua área de cobertura, especialmente as opiniões de cunho político-partidário e em áreas de cobertura de tópicos controversos;

3. Mesmo que o faça fora do horário de trabalho e ressalve que aquela é uma posição pessoal, o jornalista fica sujeito a suspeição, assim como o veículo. Revelar preferências partidárias e futebolísticas ou adotar um lado em controvérsias tende a reduzir a credibilidade do jornalista e a da Folha, que tem o apartidarismo como princípio editorial;

4. A melhor maneira de evitar armadilhas é assumir que conteúdo postado na internet é público, nunca desaparece e pode ser facilmente descontextualizado. O alerta também vale para ferramentas de comunicação privada nas redes sociais ou aplicativos de mensagens;

5. A responsabilidade pelos comentários em página pessoal nas redes sociais é exclusiva do jornalista, mas uma manifestação imprudente, mesmo que não diga respeito a sua área de cobertura, pode dificultar o trabalho de colegas de Redação e, eventualmente, sua própria atuação futura. Assim como repórteres acompanham as redes sociais de pessoas públicas, as fontes, os possíveis entrevistados e grupos de pressão também consultam o perfil digital de jornalistas;

6. Tenha cuidado ao compartilhar conteúdos externos. O ato pode ser interpretado como endosso à opinião ou à veracidade da notícia. Ao postar conteúdo opinativo ou polêmico de terceiros, adicione uma introdução neutra. Exemplo: Dilma atacando o ex-vice. @dilmabr: A onda regressiva do governo golpista vai se agravando;

7. Além de seguir as orientações acima, o profissional não pode:

— antecipar reportagens e colunas que serão publicadas (incluindo teasers), mesmo as de sua autoria, salvo com autorização de seus superiores ou, se colunista, da Secretaria de Redação;
— divulgar bastidores da Redação ou dados e documentos internos da empresa, a menos que seja decisão do jornal;
— divulgar informação que o jornal decidiu não publicar por colocar em risco pessoas ou empresas (como sequestro em andamento ou boatos de falência, por exemplo);
— emitir juízos que comprometam a independência ou prejudiquem a reputação, a isenção ou a linha editorial da Folha ou de seus jornalistas;
— utilizar contas da Folha nas redes sociais em desacordo com os procedimentos e as condutas prescritas no Manual;
— destratar quem quer que seja. Em caso de insultos ou ofensas pessoais, responda educadamente ou ignore, mas jamais troque desaforos com quem quer que seja. Se pertinente, os superiores hierárquicos devem ser informados da altercação. Esse comportamento também é esperado de colunistas;
— postar conteúdo integral de reportagens e colunas. Em vez disso, deve-se publicar um link para a Folha, de preferência com uma amostra do material jornalístico. Na publicação de conteúdo jornalístico, incluindo imagens, o profissional da Redação deve dar prioridade às plataformas da Folha. O mesmo vale para análises e opiniões, dado que o jornal cultiva uma política de exclusividade;

8. A Empresa Folha da Manhã S.A. oferece serviço de assistência jurídica aos profissionais que dela necessitem em decorrência de sua atuação na Folha. Além disso, consultores jurídicos ajudam a esclarecer questões legais relacionadas a conteúdos jornalísticos que a Redação queira publicar.

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