Durante mandato, viagens de Eduardo Paes custaram quase R$ 4 milhões

Eduardo Paes. Foto: Reprodução

Eduardo Paes. Foto: Reprodução

O então prefeito Eduardo Paes comandou a cidade do Rio de Janeiro de 1º de janeiro de 2009 até o dia 31 de dezembro de 2016. Neste período, por ser sede de eventos de projeção internacional como a Copa do Mundo de futebol e as Olimpíadas, os olhos dos brasileiros e dos estrangeiros voltaram-se para a Cidade Maravilhosa. Esta conjunção de acontecimentos excepcionais poderia explicar as exigências do cargo no deslocamento dentro do país e fora dele. Mas há quem questione a quantidade de viagens e quanto se gastou de dinheiro público para que elas fossem realizadas.

De 2009 até 2016, Paes fez 51 viagens nacionais e 42 internacionais. Foram 69 aluguéis de jato (principais destinos São Paulo e Brasília).  Somente um dos fretamentos custou R$ 96,2 mil.  O custo total dos voos foi de R$ 3.903.739,19, sem a inclusão de hospedagem, alimentação e traslado interno nos locais de destino.

Não é irresponsável dizer que Nova York foi o destino preferido de Paes, que também viajou para outros centros urbanos de primeira grandeza como Londres, Paris, Roma, Buenos Aires, Joanesburgo, Atenas, Marrakesh, Helsinque, Genebra, Tóquio, Arizona, Orlando, Los Angeles, Madri e Barcelona. E também para países como Canadá, China, Holanda, Alemanha e México.

O custo total dos voos foi de R$ 3.903.739,19 , sem a inclusão de hospedagem, alimentação e traslado interno nos locais de destino.

O SRzd teve acesso a informações que constam em planilhas com detalhadas anotações oficiais que demonstram a relação da intensidade das viagens e a dimensão dos gastos públicos alocados em cada um dos trechos percorridos pelo prefeito e sua equipe.

Apenas para dar uma ideia da grandeza, nos detivemos somente aos processos exclusivos em que o nome do prefeito Eduardo Paes é identificado pessoalmente. Não trataremos aqui dos bilhetes de viagens que devem ter sido expedidos quando o staff da Prefeitura precisava sair da capital fluminense.

Para viagens nacionais, Paes chegou a adquirir bilhetes em voos comerciais, como qualquer cidadão. Mas, em geral, preferia jatos, mais rápidos e confortáveis. Só que bem mais caros.

A diferença entre os valores é expressiva.  Desproporcional. Só de jatinhos, a cifra total alcançou R$ 3,2 milhões. Em contrapartida, viagens em avião de carreira pelo Brasil custaram R$ 101.197,62. Já o valor total dos voos internacionais somaram R$ 560.212,88.

Os números parcialmente conhecidos pela imprensa jogaram uma luz somente para custo de uso em táxis aéreos. Os tais R$ 3,2 milhões. Quando estes números foram ventilados, em março deste ano, a explicação de Paes ao colunista Lauro Jardim foi que tudo “foi fretado com licitação” e que muitas das viagens resultaram em “bilhões para o Rio”.

Enviamos ao prefeito Eduardo Paes, para seu comentário, a lista de algumas viagens. Por exemplo, em 2014, ocorreram três viagens para Nova York em datas próximas: nos dias 19/09/14 (R$ 18.996,16), 20/09/14 (R$ 3.170,58) e 24/09/14 (R$ 3.374,50). No dia 17/09/15, duas viagens registradas para a cidade no mesmo dia (R$ 13.110,42 e R$ 1.614,72). Veja nesta reportagem a explicação do ex-prefeito.

O que apuramos é que, algumas vezes, Eduardo Paes teria perdido o voo. Mesmo assim, as passagens previamente marcadas tiveram o pagamento honrado.

Há grande chance de os dados detalhados que constam da planilha que o SRzd teve acesso, até então desconhecidos, sejam publicados no portal de transparência da Prefeitura ainda este mês, basta que Marcelo Crivella, sucessor de Eduardo Paes,  assim determine. Aliás, como prevê a lei.

Leia abaixo as explicações de Eduardo Paes, através da sua assessoria:

A imprensa noticiou em março de 2017 que Eduardo Paes gastou R$ 3,2 milhões com aluguel de jatinhos. Na ocasião, o ex-prefeito informou que as viagens resultaram em “bilhões para o Rio”. Esta grandeza de R$ 3,2 mi está correta?

Não recebemos a informação. Também vimos na imprensa

O SRzd teve acesso a informações de que no dia 02/04/2009, ocorreu uma viagem a jato RJ/SP/RJ. E, no mesmo dia, viagem a Londres. Isto aconteceu?

O Prefeito Eduardo Paes embarcou no dia 02/04/2009 para acompanhar o ex-presidente Lula em uma visita ao Parque Olímpico daquela cidade que receberia os jogos de 2012. Naquela época o Rio estava em pleno processo de candidatura para receber os jogos de 2016. A presença do ex-presidente Lula naquela cidade devia-se a realização de uma reunião do G20. O Prefeito Eduardo Paes voltou para o Brasil no mesmo dia que chegou em Londres. Não tendo sequer passado uma noite na cidade.

No dia 16/04/2013, duas viagens foram registradas para Nova York com preços distintos (R$ 12.505,83 e R$ 3.595,50). Qual a explicação?

O prefeito Eduardo Paes não esteve em Nova York no dia 16/04 e nem nos dias anteriores ou subsequentes. Provavelmente a informação disponibilizada está errada.

No mês seguinte o mesmo processo se repetiu: No dia 03/05/2013, duas viagens registradas para Nova York (R$ 12.026,40 e R$ 2.475,08). Por quê?

O prefeito Eduardo Paes foi a Nova York para o anúncio da vinda do “Clinton Global Initiative” para o Rio de Janeiro e pela primeira vez na América Latina.

No dia 14/09/13, viagem para Arizona. No mesmo dia, viagem ao Canadá. No dia 16/09/13, viagem também ao Canadá. No dia 21/09/13, viagem a Nova York. Qual a explicação?

O Prefeito Eduardo Paes viajou para Phoenix, no Arizona, aonde participou do encontro anual da Google conhecido como “Google Zeitgazt” na condição de palestrante. Chegou lá no dia 15 e saiu no dia 16/09 tendo só permanecido no evento uma noite. Veja abaixo o discurso:

Em 2014, ocorreram três viagens para Nova York em datas próximas: No dia 19/09/14, viagem a Nova York (R$ 18.996,16). No dia 20/09/14, outra viagem registrada para Nova York (R$ 3.170,58). No dia 24/09/14, outra viagem a Nova York (R$ 3.374,50). O que aconteceu?

Nessa semana o prefeito Eduardo Paes obviamente só foi a Nova York uma vez, no dia 20/09; tendo voltado no dia 22/09. O prefeito foi participar de reuniões como presidente do C40.

No dia 17/09/15, duas viagens registradas para Nova York (R$ 13.110,42 e R$ 1.614,72) no mesmo dia. É isto mesmo?

O prefeito viajou somente uma vez, no dia 17/09 (seria impossível viajar duas) para participar do Lincoln Center Global Exchange como palestrante e para participar da comemoração dos 10 anos do C40 acompanhado do ex-presidente Bill Clinton e do ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg. O prefeito Eduardo Paes permaneceu durante 2 dias naquela cidade.

No dia 2/12/2015, duas viagens a Paris na mesma data. O que aconteceu?

Obviamente não foi duas vezes na mesma data para lugar nenhum. O mais provável é que a informação esteja incorreta. O motivo da viagem foi como prefeito do Rio e presidente do C40 para participar da Conferência do Clima da ONU realizada naquela cidade. O prefeito permaneceu por dois dias na capital francesa tendo tido diversos encontros na prefeitura de Paris, inclusive com o presidente Holande e o ex-secretário geral da ONU Ban-Ki-Moon.

N.R. O prefeito enviou uma postagem datada de 5/12/2015 com o objetivo de comprovar seu compromisso:

Postagem Eduardo Paes. Foto: Reprodução
Postagem Eduardo Paes. Foto: Reprodução

No dia 28/11/16, viagem a Tóquio. No dia 30/11/16, viagens ao México, Alemanha e Los Angeles. O percurso percorrido foi exatamente o que demonstram as passagens?

O prefeito Eduardo Paes foi para Tókio a convite do Comitê Olímpico Internacional participar do Debriefing das Olímpiadas Rio2016. Lá permaneceu 2 dias. De lá foi (com escala em Los Angeles) para a Cidade do México participar do Encontro Anual do C40 e passar a presidência da Instituição para a Prefeita de Paris,  Anne Hidalgo. O Prefeito não passou nem perto da Alemanha nesses dias. O voo inicial para Tokio que estava previsto era pela Lufthansa que faria escala em Frankfurt. Em razão de greve da Lufthansa o prefeito fez escala em Abu Dabih. Talvez aí a confusão da informação. O Prefeito Eduardo Paes reitera que todas as suas visitas oficiais foram feitas de forma pública, divulgada e relatada à Câmara Municipal e que em geral não duraram mais do que 48 horas fora do Rio de Janeiro.

 

 

 

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