Aquele 1%

1%. Foto: Reprodução de Internet

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Aquele 1% que não vemos desde o início de 2009 logo após a desestabilização da economia mundial provocada pela crise do mercado imobiliário americano está, definitivamente, mais próximo. Vale lembrar que naquele momento a reação do Banco Central ao cenário adverso que se avizinhava após o abalo na economia dos Estados Unidos no final de 2008 foi com energia, mas responsável.

A Selic que estava em um patamar próximo ao recentemente observado foi rapidamente reduzida com quedas sucessivas até mesmo acima de 1 ponto percentual. Não havia mais nada o que fazer a não ser agir sobre uma taxa básica de juros elevada e não coerente com momento que estávamos vivendo.

E hoje? O que fazer mantendo a mesma responsabilidade e o mesmo respeito aos indicadores correntes e projeções disponíveis? No passado a crise internacional proporcionou o ambiente necessário para a redução do patamar dos juros. A conjuntura atual também fornece os subsídios para que o Comitê de Política Monetária (Copom) persevere nas reduções da Selic e amplie a magnitude das quedas. A debilidade da atividade econômica ainda existe e alguns riscos no campo político também. Apesar disso, sinais de recuperação tornam-se cada vez mais claros assim como a continuidade do trabalho sobre as reformas necessárias. Neste sentido, um outro fator pode ser apresentado como critério decisivo para que ritmo adotado pelo Copom, já na próxima reunião, aumente. A inflação.

As surpresas observadas no IPCA insistem em protagonizar cada uma das recentes divulgações do IBGE. O resultado abaixo do centro da meta (4,5%) esperado, com maior probabilidade, para o mês de junho, deve acontecer já no final do primeiro trimestre. A parcial do mês de março deixou clara esta possibilidade. Isto porque, com o fim da pressão das mensalidades escolares, a continuidade dos bons resultados pelo lado da alimentação e os artigos de residência, ainda sob o impacto da desaceleração econômica, não há como defender qualquer pressão para o fechamento deste mês.

Com mais esta surpresa boa em mãos, o Banco Central tem a tarefa de decidir sobre o novo patamar da taxa de juros da economia. Sabemos da responsabilidade da instituição e toda a sua busca pelo entendimento sobre o balanço dos riscos. A oportunidade, no entanto, é única e não seria interessante deixá-la passar em um momento de consolidação da melhora das expectativas de consumidores e empresários. A elevação da dose, no estágio atual, certamente não vai matar o paciente, mas sim ajudá-lo para um rápido restabelecimento.

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