Plano de Demissão Voluntária da EBC quer afastar em 2018 quem tem mais de 50 anos

Laerte Rimoli. Foto Lula Marques/Agência PT.

Laerte Rimoli. Foto Lula Marques/Agência PT.

A gestão do jornalista Laerte Rimoli na Empresa Brasil de Comunicação em 2017 foi marcada por muitos atropelos. A situação foi agravada após a acusação de racismo contra o presidente da EBC. Inconformado com a atitude de Rimoli, o ator Pedro Cardoso acabou abandonando, ao vivo, o estúdio do programa “Sem Censura”. Ele disse que não se sentia à vontade dar entrevista numa emissora em greve e que o seu presidente houvesse tratado mal sua colega Thais Araújo.

Para complicar, os jornalistas da empresa também denunciaram que Laerte e sua equipe praticaram durante todo o ano censura interna, o que, de acordo com os servidores, prejudicou o livre exercício do direito à informação. Foi um ano tenso.

Mesmo após o pedido de desculpas à atriz Thaís Araújo por postagens racistas no perfil de Rimoli,  a imagem do presidente da EBC ficou muito arranhada. Os funcionários também relembraram constantemente que Laerte foi auxiliar do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, atualmente preso, acusado de ter praticado vários crimes e, por isso, ganhou o cargo na EBC como agradecimento pessoal do presidente Michel Temer.

Segundo o colunista Ricardo Noblat, em janeiro haverá troca de comando na EBC, com a saída de Rimoli da presidência. Em postagens nas redes sociais, alguns servidores estão prometendo organizar uma festa assim que a retirada de Laerte Rimoli e seus auxiliares de fato acontecer.

Plano de Demissão Voluntária (PDV)

Em 18 de dezembro, a EBC abriu a adesão ao seu Plano de Demissão Voluntária (PDV). Segundo a empresa, o objetivo é adequar a estrutura da companhia, dimensionar a força de trabalho e reduzir custos. O período de adesão ao plano termina no dia 22 de janeiro.

O PDV foi aprovado pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério do Planejamento. Os gastos da União com o Plano poderão chegar a cerca de R$ 90 milhões, caso haja adesão total. Esse valor deverá ser recuperado nos nove meses seguintes aos desligamentos, ou seja, até dezembro de 2018, com a redução dos gastos com a folha de pagamento.

Plano de Demissão da EBC se destina a profissionais com idade igual ou superior a 53 anos e com dez anos ou mais de exercício na empresa.

O site Jornalistas e Cia informa que “nos três primeiros meses de 2019, a estimativa é que a EBC economize R$ 42 milhões com pessoal. Cerca de 550 empregados, em torno de 22% do pessoal, enquadram-se nos critérios estabelecidos no plano”.

O que chamou a atenção é o foco deste PDV. Poderão optar pelo Plano de Demissão os empregados do quadro efetivo da EBC com idade igual ou superior a 53 anos e com dez anos ou mais de exercício na empresa. E, também, os profissionais aposentados pelo INSS, independentemente do tempo de vínculo empregatício com a EBC.

Eles (EBC) querem mandar embora quem tem mais experiência, mais politizado, e que reivindica seus direitos e não se deixa enganar pelas “armações” deles.

O empregado que aderir terá incentivo financeiro de 24 salários mensais, limitado ao valor máximo mensal de R$ 10 mil (teto de R$ 240 mil). Essa indenização será somada a incentivos sociais relativos a planos de saúde e de previdência privada.

“Eles (EBC) querem mandar embora quem tem mais experiência, mais politizado, e que reivindica seus direitos e não se deixa enganar pelas ‘armações’ deles”, disse um concursado ao SRzd.

Para evitar prejuízos ao trabalho, a EBC realizará um Plano de Transferência de Atividades. Ele permitirá que os empregados, antes do seu desligamento, repassem o conhecimento e as atividades que desempenham a outros profissionais. Os optantes pela demissão voluntária também participarão de um Programa de Preparação para Aposentadoria, que prevê palestras e eventos sobre o tema. A previsão é que os participantes sejam desligados da EBC até o final de março.

Laerte Rimoli, diretor-presidente da EBC, disse ao Jornalistas e Cia: “É o reconhecimento da EBC aos profissionais que a construíram. É, também, importante instrumento de gestão neste caminho que adotamos para reorganizar a empresa e torná-la mais leve e adaptada ao novo”.

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