Nova polêmica: Doria inclui farinha de alimentos descartados na merenda escolar

Biscoito feito com Farinata. Foto: Rosanna Perroti/Divulgação

Biscoito feito com Farinata. Foto: Rosanna Perroti/Divulgação

A Prefeitura de São Paulo vai distribuir a farinha feita de alimentos próximos ao vencimento, descartados pela indústria, junto da merenda escolar da rede municipal de ensino. O anúncio foi feito pelo prefeito João Doria nesta quarta-feira (18).

O plano da Prefeitura é que alimentos produzidos com a farinha substitua bolachas e outros processados servidos nas escolas públicas.

“A farinatta [como é chamado o composto] já começa a ser distribuída em algumas escolas da rede municipal de ensino a partir deste mês de outubro. E gradualmente [será estendida] para o restante da rede”, disse o prefeito que não explicou, porém, detalhes da operação, que ficaria a cargo da organização Plataforma Sinergia.

O anúncio foi feito durante coletiva de imprensa na Cúria Metropolitana, da Igreja Católica, com a presença do cardeal D. Odilo Scherer, que tem apoiado a iniciativa.

O arcebispo metropolitano de São Paulo defendeu o uso da farinata em virtude do grande número de pessoas que passam fome na cidade de São Paulo. De acordo com o cardeal, três questões que interessam à Igreja serão sanadas com a distribuição da farinata: o escândalo da fome, o desperdício de alimentos, o ônus ambiental causado por esse desperdício.

Proposta gerou repercussão negativa

A iniciativa ganhou notoriedade a partir de uma postagem de Doria no dia 8 de outubro em sua página no Facebook. Nela, o prefeito mostra um pote com biscoitos arredondados feitos com a farinata e os define como um “alimento completo”, com diversas características nutritivas. Doria afirmou que o item é “abençoado” e o comparou a um “biscoitinho de polvilho”. Em viagem à Itália, na semana passada, comparou o produto a “comida de astronauta.”

A proposta de oferecer o alimento processado à população vulnerável gerou forte repercussão negativa nas redes sociais. O Conselho Regional de Nutrição emitiu uma nota técnica em que afirma que a iniciativa é um retrocesso nas políticas de combate à fome. Ela foi aprovada por meio da lei 16.704, com a mesma data do anúncio de Doria no Facebook, e tem entre suas finalidades garantir que alimentos aptos para consumo humano não sejam desperdiçados, e cumpram com sua “função social”.

Quatro dias após a postagem no Facebook, a Secretaria Executiva de Comunicação da Prefeitura voltou atrás no anúncio do prefeito, e informou que não está definido como o produto será distribuído. Tampouco há data para que a distribuição se inicie.

Declaração polêmica em reality show circula nas redes sociais

Durante a coletiva, Doria foi questionado sobre vídeo que circula em redes sociais, quando apresentava o reality show “O Aprendiz”, no qual repreende um participante que havia feito levantamento sobre hábitos alimentares de pessoas de baixa renda.

Doria reforçou afirmação feita pouco por D. Odilo: “Essa resposta foi dada pelo cardeal arcebispo de São Paulo: pobre tem fome, não tem hábito alimentar.”

Petição conta com mais de cinco mil assinaturas

A vereadora Sâmia Bomfin do PSOL propõe que seja instalada um CPI na Câmara Municipal para investigar o caso.

Uma petição divulgada na internet como “Eu sou contra a ração humana de João Doria” já conta com mais de cinco mil assinaturas.

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