O que está por trás da doação de equipamentos usados nos Jogos Olímpicos

Parque Olímpico. foto: Divulgação

Parque Olímpico. foto: Divulgação

Na semana passada o prefeito de São Paulo,  João Doria, exibiu um vídeo no Instagram dizendo que conseguiu com a empresa americana Cisco a doação para as escolas públicas de São Paulo de mais de R$ 300 milhões em equipamentos tecnológicos. São materiais que foram utilizados durante a Rio-2016. A Cisco foi uma das apoiadoras dos Jogos Olímpicos. Veja  a mensagem do prefeito. Repare que são equipamentos de informática e não computadores para uso individual das crianças como pode parecer ao desavisado:

O que está em jogo é um processo que envolve milhões de reais, a iniciativa da multinacional mundialmente conhecida, a Lei olímpica que, a princípio, estabelece que todas as empresas que importaram produtos sem o pagamento de impostos para uso durante os Jogos levem os materiais de volta para seus países de origem – salvo se houver algum tipo de doação, que, presumivelmente, poderia sair bem mais barato para as companhias. Por isso, a doação é um oportunidade minimizar os custos. Além de fidelizar o beneficiário do fruto da doação.

O SRzd procurou os envolvidos para saber direito como se deu este processo – que agora João Doria torna público – e por que o Rio de Janeiro não herdou o chamado legado olímpico “integral”, já que foi a cidade sede?

A atual gestão da prefeitura do Rio nos enviou uma nota oficial em que garante que  não foi procurada para tratar do assunto. Leia:

A atual administração não foi consultada sobre a opção de receber da Cisco equipamentos usados durante as Olimpíadas Rio de 2016. Parte do legado tecnológico dos Jogos Olímpicos, o material estimado em R$ 300 milhões, foi rejeitado pela antiga administração após estudo do IplanRio apontar que para a utilização seria necessário um gasto de R$ 235 milhões para instalação das redes nas áreas de Educação e Saúde. Além da manutenção anual, estimada em R$ 45 milhões. O estudo do IplanRio informava ainda que o emprego dos equipamentos tornariam obrigatória a obtenção de material de consumo exclusivamente com a empresa doadora, impedindo licitações e a livre concorrência”.

O SRzd colheu outras informações na IplanRio , empresa municipal responsável pela administração dos recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação da cidade do Rio de Janeiro. Ouça o que disse o atual presidente da instituição, Fábio Pimentel que era a autoridade máxima do IplanRio também na gestão Eduardo Paes:

 

É preciso registrar que prefeitura do Rio ficou com outra parte da parceria com a Cisco do chamado legado tecnológico, atualmente instalado nas 8 Naves do Conhecimento e na Zona Portuária que estão sendo utilizados pela população.

A Cisco foi uma das apoiadoras do Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.  Assista o vídeo promocional em que a empresa diz o que realizou nas Olimpíadas:

Ao SRzd, a Cisco deu as suas explicações sobre seu relacionamento com o Brasil:

“Atendendo ao seu questionamento sobre o anúncio de intenção de doação, para a cidade de São Paulo, de parte dos equipamentos utilizados na realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, essa iniciativa é parte da visão e plano de legado dos Jogos Rio 2016.

Desde o início do programa de apoiador oficial, a Cisco se propôs a apoiar o Comitê Rio 2016 a atingir a meta de entregar um evento de nível mundial e ao mesmo tempo, gerar oportunidade de transformação social e urbana sustentável no Rio de Janeiro e no Brasil.

Na cidade do Rio de Janeiro, a Cisco já apoiou, em parceria com o Comitê Rio 2016, os projetos das Naves do Conhecimento e do Porto Maravilha, parte do programa de sustentabilidade social dos Jogos Rio 2016, e o projeto do Núcleo de Integração Olímpica da Comitê Olímpico do Brasil.

Além disso, a Cisco também trouxe para a cidade do Rio o seu único Centro de Inovação na América Latina, tudo isso pensando no legado e no compromisso de apoiar os Jogos e o Rio de Janeiro.

A Cisco continua em discussão com outras entidades do governo do Rio de Janeiro, sobre possíveis projetos na área de Educação, que possam se beneficiar de parte dos equipamentos utilizados nos Jogos, e que estejam alinhados com a estratégia da empresa de estímulo à inovação e transformação digital.

Reforçamos o compromisso da Cisco com a educação em tecnologia e empregabilidade, que, além do programa de apoio aos Jogos Rio 2016, também atua com seu programa Cisco Networking Academy, que conta com aproximadamente 200 mil alunos matriculados em todo o Brasil e mais de 300 academias.

Acreditamos que assim, podemos contribuir para o desenvolvimento de um Brasil melhor e ajudar no desenvolvimento das capacidades necessárias para a nova era digital”.

Através da sua assessoria, o prefeito Eduardo Paes informou que, na época, ele ” fez uma opção por não aceitar a doação da Cisco porque exigiria desembolsos futuros que onerariam o erário municipal”.

 

 

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