Em novo depoimento, delator complica Globo ao citar propinas nas copas

Futebol e logotipo da Rede Globo. Foto: Reprodução de Internet

Futebol e logotipo da Rede Globo. Foto: Reprodução de Internet

No segundo dia de depoimentos do empresário argentino Alejandro Burzaco, que, nesta terça-feira (14), já havia delatado a Rede Globo por propinas pagas na compra dos direitos de transmissão da Libertadores da América e Copa Sulamericana, nova revelações que podem complicar a situação da emissora foram feitas.

Dirigentes da Fifa são investigados pelo FBI e o depoimento ocorreu nesta quarta-feira (15) num tribunal no Brooklyn, em Nova York.

Burzaco declarou que a Globo participou de um esquema de propinas de US$ 15 milhões – o equivalente a R$ 50 milhões – para assegurar exclusividade nas Copas de 2026 e 2030.

A propina teria sido acertada, em maio de 2013, segundo o delator, numa conta no banco Julius Baer, na Suíça, ao dirigente Julio Grondona, já falecido, e que foi homem forte do futebol argentino. À época das negociações, Grondona era também dirigente da Fifa e cuidava dos direitos de transmissão na América Latina.

Para que isso ocorresse, a Torneos y Competencias, de Buzarco, teria sido orientada pela emissora brasileira a criar uma subsidiária na Holanda, que funciona como paraíso fiscal para multinacionais, para receber a propina, antes de repassá-la a Grondona.

Depois de seu depoimento, será possível agora rastrear todo o percurso do dinheiro – da Globo, na Holanda, para a Torneos y Competencias, também na Holanda, e depois para a conta de Grondona, na Suíça, através do banco suíço Julius Baer. As informações sobre o caso têm sido reveladas pelo jornalista Ken Bensinger para o “Buzzfeed”.

No depoimento desta quarta-feira, Burzaco não citou o nome de nenhum dirigente da Globo que teria participado da negociação.

Através de editorial em seus telejornais, a Globo negou o pagamento de propinas. Disse ter feito sua própria investigação interna, na qual teria chegado à conclusão de que ela própria, Globo, é inocente.

Leia nota da Globo:

“Sobre depoimento ocorrido em Nova York, no julgamento do caso Fifa pela Justiça dos Estados Unidos, o Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Esclarece que após mais de dois anos de investigação não é parte nos processos que correm na Justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos.

Por outro lado, o Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido. Para a Globo, isso é uma questão de honra. Não seria diferente, mas é fundamental garantir aos leitores, ouvintes e espectadores do Grupo Globo que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige”.

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