Crivella desapropria fábrica Sabão Português para construção de casas populares

União Fabril Exportador. Foto: Divulgação

União Fabril Exportador. Foto: Divulgação

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, desapropriou a antiga fábrica onde funcionou a União Fabril Exportadora – Fábrica Sabão Português, para dar lugar a um projeto de construção de imóveis populares. A decisão está publicada no Diário Oficial do Município nesta quinta-feira(4).

A ideia de revitalização do local, na Avenida Brasil, próximo à Rodoviária Novo Rio, Gás Fenosa, o cemitério do Caju e o comércio de São Cristóvão é atrativa para interessados em se instalar próximo ao centro da cidade. Seria a oportunidade de fugir de engarrafamentos e conciliar a estrutura comercial e residencial.

A publicação do Decreto é o primeiro passo para o processo de desapropriação dos imóveis.  A existência do lote foi verificada pela Gerência de Projetos Especiais, setor da Secretaria de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação.  A publicação dá legitimidade à Prefeitura para fazer um estudo da área.  Agora o próximo passo é realizar a topografia do terreno e das edificações.

Os dados coletados da topografia e das edificações serão encaminhados para o Departamento de Engenharia Técnica da Procuradoria Geral do Município para a criação de um laudo. Com este documento, uma comissão interna, formada por membros técnicos de distintas secretarias, fará a avaliação final.

Concluída essa etapa, o laudo será  encaminhado novamente à Procuradoria, que abrirá negociação com o expropriado.  No caso de acordo, entraremos na fase de compra/venda.  Se não houver acordo, o processo passa para a esfera judicial.

O editor-chefe do site Diário do Rio, Quintino Gomes Freire, escreveu e publicou, no site que dirige, uma pesquisa histórica que dá dimensão da importância do local onde a Fábrica de Sabão Português fez história. A reportagem levanta a hipótese de no local também se instalar um grande supermercado. Leia abaixo:

 

Fábrica de Sabão Português na Av. Brasil

Em 1938, começou a funcionar em Benfica a União Fabril Exportadora (UFE) – Fábrica Sabão Português, no local onde oito anos depois começaria a passar a Avenida Brasil. Mas a história do  “Sabão Portuguez” começou alguns anos antes, em 1926, quando o Sr. Carlos Pereira, que chegou ao país como milhares de conterrâneos seus, associou-se ao Sr. Diogo Silva, que já tinha uma fábrica de sabão com capacidade razoável de produção.

Sr. Carlos Pereira e o Sr. Diogo Silva selaram de vez a parceria e fundaram em 1926 a firma Silva Pereira & Almeida, com sede na Rua São Luiz Gonzaga n° 99, que logo ficou conhecida como União Fabril Exportadora, seu nome fantasia.

Em 1934, um outro comerciante português agregou mais forças. Em 1922, João Gomes Lobarinhas abriu um pequeno estabelecimento comercial que fornecia matérias-primas para a indústria saboeira, a “J. Gomes Lobarinhas & CIA”, dele com seu irmão Ilídio, que se tornou importante fornecedora da UFE. Em 1935, sérias divergências entre os sócios da empresa refletiram nos negócios e o Sr. João Lobarinhas, seu maior credor, assumiu a direção da própria.

Sabão Portuguez

Em 1938,  a fábrica se transferiu para onde veria o fim de seus dias, a Rua da Alegria, antes mesmo da abertura da Avenida Brasil, sua atual localização. Com o término de algumas empresas na década de 90, a UFE tornou-se a mais antiga fábrica de sabão do Brasil.

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Mas a UFE acabou sendo vendida para o grupo Gtex, um conglomerado de marcas de produtos de limpeza. Entretanto, o prédio na Av. Brasil continuou com a família dos antigos donos.

Um incêndio, em 2012, atingiu a fábrica que já estava desativada há mais de um ano, destruindo uma torre de resfriamento feita de fibra de vidro. Mas não provocou grandes danos ao imóvel, tendo sido controlado em apenas 20 minutos. Na época, a Prefeitura do Rio chegou a cogitar em 2012 ser uma nova Cidade do Samba, para os grupos de Acesso e Mirim.

Duas Cadeias de Supermercados estão interessadas no local

União Fabril Exportador

Com um terreno enorme, são 10.000 m², 27.000 m² de construção e 150 metros só de frente, em um dos melhores pontos da Av. Brasil, o portentoso imóvel chama a atenção de várias empresas que cogitam se instalar em Benfica. O imóvel agora foi entregue pela família proprietária, com exclusividade, à tradicional Sergio Castro Imóveis, maior consultoria de imóveis comerciais da cidade, a quem caberá captar propostas e buscar investidores interessados em comprar a velha fábrica.

E, pelos boatos que correm, o espaço está no momento sendo cobiçado por duas cadeias de supermercados populares, não só varejistas mas também atacadistas. Mas não estão descartadas as opções de no local passar a funcionar um shopping popular ou outros negócios.

Prédio do Sabão português

De acordo com Claudio André de Castro, diretor da Sergio Castro Imóveis, “A revitalização da Avenida Brasil é cada vez mais uma maior tendência. E aquele pedaço, de Benfica, é o mais procurado. Estamos trabalhando há pouco tempo, e já estamos atendendo diversos interessados. Talvez ainda este semestre tenhamos novidades boas para a população de Benfica e arredores”.

Perguntado pelo Diário do Rio, Castro não quis confirmar o interesses das redes de supermercado ou de outras empresas. Mas fica nossa torcida para que vá para o local hoje abandonado uma bela empresa que dê emprego aos moradores da região e que volte a dar vida à Avenida Brasil.

Quintino Gomes Freire – Diretor de mídias sociais na Agência B5, palestrante, publicitário, Defensor do Carioca Way of Life e Embaixador do Rio. Começou no Diário do Rio em 2007 e está à frente dele até hoje o levando a ser um dos principais portais sobre o Rio de Janeiro.

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