Censura: EBC é acusada de vetar cobertura do caso Marielle Franco

Morte de Marielle gera 567 mil tuítes em 19 horas. Foto: Divulgação

Morte de Marielle gera 567 mil tuítes em 19 horas. Foto: Divulgação

O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal publicou no Facebook na tarde desta terça-feira (20), denúncia contra a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que criou restrição para a cobertura do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A entidade veiculou foto dos profissionais da EBC em ato contra a censura.

De acordo com o órgão, os chefes da Agência Brasil orientaram editores e repórteres da emissora pública a não cobrir os atos em decorrência do episódio. Após a medida, o time de profissionais da imprensa se reuniu para questionar o veto à cobertura, que é reduzida apenas às investigações.

Jornalistas da EBC denunciaram censura sobre o caso Marielle Franco. Foto: Reprodução
Jornalistas da EBC denunciaram censura sobre o caso Marielle Franco. Foto: Reprodução

A página da Comissão de Empregados da EBC também abordou o assunto e relatou a situação. Em uma publicação, foi externado que as chefias “orientaram a não cobrir mais os atos alegando que eles seriam uma ‘exploração política’, censurando manifestações legítimas e importantes“.

“Enquanto isso, o site faz cerca de 10 matérias por dia sobre o Fórum Mundial da Água por ter feito contrato com a Agência Nacional de Águas no valor de R$ 1,8 milhão”, diz trecho da postagem feita pelos jornalistas e radialistas da EBC.

Um e-mail que circula pelas redes sociais mostra o gerente-executivo da Agência Brasil, Alberto Mendonça Coura, orientando a equipe a não cobrir mais os protestos porque seriam “repetitivos e cansativos”.

Quinta vereadora mais votada na última eleição no Rio, Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram mortos a tiros dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio, por volta das 21h30 da última quarta-feira (14). A assessora de Marielle, atingida por estilhaços, sobreviveu. A Delegacia de Homicídios investiga o caso e trabalha com a linha de execução. O caso repercutiu na imprensa de todo o mundo.

A justificativa da EBC

Em nota enviada ao site Comunique-se, a Empresa Brasil de Comunicação disse que foi surpreendida com a informação de que houve orientação na Agência Brasil para reduzir a cobertura dos assassinatos de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.

A EBC afirmou que a orientação repassada pela gerência da Agência Brasil “contraria a determinação do comando editorial da empresa de sempre pautar seus veículos pela melhor prática do jornalismo. Seus profissionais devem cobrir todos os temas da agenda nacional, como o caso Marielle, noticiando os fatos do dia a dia”.

De acordo com a empresa, em razão do ocorrido, o responsável pelo veto foi formalmente advertido, e a direção enviou comunicado a todos os seus empregados reforçando a premissa editorial.

Denúncia não é a primeira

Esta não é a primeira vez que funcionários da EBC denunciam interferência do governo no conteúdo jornalístico da empresa criada para ser isenta. Em maio do ano passado, uma comissão de funcionários da empresa apontou que matérias eram diariamente modificadas e programas feitos sob encomenda para tornarem os conteúdos favoráveis ao governo federal.

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