Brizola Neto diz que só ‘eleições diretas’ solucionam o impasse político brasileiro

Brizola Neto. Foto: Divulgação

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O deputado federal Brizola Neto, um dos políticos que estiveram ao lado do ex-ministro Ciro Gomes ao Rio de Janeiro no início deste mês, pediu “ampla mobilização popular” como a melhor resposta política para a crise gerada pelo “governo ilegítimo” comandado pelo presidente Temer. Em artigo recente ele disse que “a nova agenda da direita conservadora é a preservação da atual equipe econômica subserviente ao mercado financeiro e, por outro lado, assegurar a eleição indireta para presidente, garantindo a escolha de um representante deles para prosseguir a implementação do projeto golpista das elites”.

Para Brizola Neto, “o nosso povo não poderá aceitar essa saída costurada por cima, que afasta o povo das decisões…”. Na opinião do parlamento “precisamos fortalecer a defesa da PEC das Diretas Já. Trata-se da saída constitucional que viabiliza a devolução das decisões ao povo brasileiro. Tal hipótese, porém, somente se tornará real através de intensa mobilização popular, recomenda o pedetista.

Leia a entrevista que Brizola Neto concedeu ao SRzd:

Qual devem ser as prioridades políticas que o Brasil deve tentar resolver de imediato?

A questão fundamental é diminuir a dependência em relação às economias desenvolvidas e industrializadas.

Torna-se imprescindível a construção de um plano nacional capaz de enfrentar os dois grandes obstáculos do desenvolvimento industrial brasileiro:

Por uma lado a brutal transferência das riquezas de quem produz e trabalha para os grandes bancos e rentistas precisa cessar – é fundamental a mudança da política econômica e a redução drástica da taxa Selic para padrões civilizados, que estimulem a capacidade de empreender do povo brasileiro.

Por outro lado, outro grande obstáculo ao desenvolvimento já era apontado por Brizola desde os anos 80 – o brutal déficit educacional e tecnológico que impede às empresas brasileiras de competir no mercado globalizado.

Brizola Neto. Foto: Divulgação
Brizola Neto. Foto: Divulgação

E, no caso do Rio de Janeiro, como sair da crise em que o estado está metido?

A crise do Estado do Rio de Janeiro não está dissociada das grandes questões nacionais.

Ao contrário do que nos querem fazer acreditar, é decorrente da brutal queda da arrecadação e não do simples descontrole dos gastos públicos.

Por outro lado, o Governo do Estado do Rio não soube aproveitar o momento econômico favorável, impulsionado pela alta das commodities (em especial do petróleo) e pelos generosos investimentos do governo federal no Rio de Janeiro, inclusive relacionados à Copa do Mundo e às Olimpíadas.

Seria a oportunidade de fomentar a base produtiva no Estado.

Além da queda do valor do barril do petróleo, o exponencial aumento das taxas de juros que remunera a dívida do Estado e a profunda depressão econômica em que foi lançado o país, inviabilizaram as contas públicas de um Estado que se acomodou com as altas receitas provenientes da exploração do petróleo.

E ainda, o fim da política de conteúdo nacional da Petrobras (que desenvolveu a indústria naval do Rio de Janeiro) consolidou definitivamente as dificuldades.

A recuperação e retomada econômica do Estado do Rio não poderá prescindir da estruturação de um projeto de desenvolvimento econômico baseado nos vetores do desenvolvimento industrial.

Nem da retomada da indústria do petróleo e gás, com protagonismo da Petrobras, e consequente desenvolvimento de toda a sua cadeia produtiva.

É ainda essencial reivindicar junto ao governo federal compensação financeira para os efeitos da Lei Kandir (o absurdo de desonerar a exportação dos produtos primários) e da questão do ICMS do petróleo – único produto com imposto cobrado no local de consumo e não de origem da produção.

Qual é a sua avaliação do Governo Marcelo Crivella?

Precisa se afastar da direita e ir ao encontro da sua origem, dos seus eleitores, que estão no campo popular, romper os acordos eleitorais que já não correspondem aos anseios da população.

O desafio é desmontar a máquina de Cesar Maia, que permanece até hoje encastelada na Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

O senhor esteve ao lado do candidato Ciro Gomes na visita que ele fez ao Rio de Janeiro. O que de mais relevante na fala dele chamou a sua atenção?

Ciro Gomes é hoje quem melhor representa um projeto nacional para o país.
Identifico na sua liderança profunda coerência com os fundamentos do trabalhismo brasileiro.
Trata-se de afirmar a soberania nacional para possibilitar o desenvolvimento econômico e com isso promover a justiça social.

E, finalmente, quem, pessoalmente, e que forças políticas, na sua opinião, melhor representam o legado político e ideológico deixado pelo ex-governador Leonel Brizola? Quem são os herdeiros do trabalhismo no país?

Os herdeiros do trabalhismo no país são toda a classe trabalhadora.
Enquanto houver trabalhador explorado, espoliado, direitos e garantias ameaçados como hoje ocorre com as reformas trabalhista e previdenciária, o trabalhismo e os seus líderes – Getúlio, Jango e Brizola – serão a bandeira de luta que irá inspirá-los!

O deputado federal Brizola Neto, do PDT, pediu a saída imediata do presidente Michel Temer e a convocação de eleições diretas para presidente:

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