Absolvido pela Justiça, sócio da ex-primeira-dama do Rio ajuda a polícia a desvendar crimes

O advogado Thiago Aragão, sócio da ex-primeira-dama do Rio de Janeiro, Adriana Ancelmo, em seu escritório de advocacia, que já havia sido solto pelo Superior Tribunal de Justiça, foi absolvido, nessa semana, pelo Juiz Federal Marcelo Bretas, da acusação de obstrução de Justiça. A acusação havia surgido da colaboração premiada de Italo Garritano Barros, dono do restaurante Manekineko, que esclareceu no acordo como os ativos eram lavados através do escritório Ancelmo Advogados.

Os investigadores que desempenham a tarefa de investigar os crimes praticados pela família Cabral dizem que Thiago Aragão ajudou a Polícia Federal com informações importantes para se entender o modus operandi da quadrilha comandada pelo ex-governador.

O Ministério Público Federal (MPF) alega que “após ter sido efetivada a prisão preventiva de Sérgio Cabral, bem como a condução coercitiva de Adriana Ancelmo, Thiago Aragão passou a ter cada dia mais certeza de que as investigações chegariam aos esquemas criminosos perpetrados através do escritório Ancelmo Advogados, no qual o mesmo trabalhava, sendo o homem de confiança de Adriana Ancelmo.

Thiago Aragão. Foto: Facebook
Thiago Aragão. Foto: Facebook

Assim é que Thiago Aragão passou a diligenciar no sentido de influenciar na disposição e conteúdo dos futuros depoimentos e declarações do colaborador (Ítalo Garritano) perante as autoridades competentes (Polícia Federal, Ministério Público ou Poder Judiciário), com a omissão de fatos e combinação de versões, atuando ainda na produção de documentos falsos que pudessem ser apresentados às autoridades para ocultar a verdade dos fatos e, assim, frustrar a investigação penal em curso envolvendo a organização criminosa comandada por Sérgio Cabral”.

Ainda segundo o MPF, Thiago Aragão teria feito duas outras propostas ao colaborador Garritano para que modificassem a veracidade dos fatos imputados. Na primeira versão, Aragão teria sugerido que Ítalo afirmasse que teria furtado a sua sócia pagando ao escritório Ancelmo Advogados com o produto do furto. Na segunda versão, Ítalo afirmaria que os depósitos em conta corrente dos funcionários do Manekineko, relativos à “folha B”, seriam feitos com dinheiro dele próprio Thiago Aragão, pessoa física e não do escritório Ancelmo Advogados. A defesa negou as acusações e utilizou como prova e-mails da outra sócia do escritório, Paula Menna Barreto Marques, para comprovar os serviços prestados.

O Juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, entendeu que não houve prova da acusação e que o escritório da ex-primeira dama de fato prestou serviços ao restaurante Manikineko, mas ressalvou que a questão dos pagamentos ao restaurante está sendo analisada em outra ação criminal. Cabe recurso de apelação e o crime e lavagem de ativos no Brasil e no exterior pelo ex-Governador Sérgio Cabral, de várias formas, dentre as quais a de envio de valores ilícitos para Thiago Aragão, será julgado em outra ação penal, nº 0015979-37.2017.4.02.5101, que envolve também o advogado e o escritório.

Consulta ao site da OAB Federal mostra que o escritório Ancelmo, Aragão, Carvalho e Menna Barreto Advogados continua ativo, tanto que mantém publicidade nas redes, sendo que em uma delas sugere-se verificar como é trabalhar na empresa. O registro profissional da sua principal sócia, Adriana Ancelmo, ainda presa em seu apartamento no Leblon, não foi suspenso.

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